O compromisso da Igreja alemã frente à pedofilia. “Assumiremos toda a responsabilidade”

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30 Janeiro 2020

“Assumiremos toda a responsabilidade”. Os bispos alemães, reunidos em Friburgo, emitiram uma declaração na qual fazem um balanço da última década da luta contra os abusos sexuais contra menores na Igreja do país, fatos que “nos abalaram” e que, ainda hoje, “são uma ferida profunda que nos envergonha e nos desafia”.

A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 28-01-2020. A tradução é do Cepat.

“Continuaremos trabalhando com determinação para prevenir esses crimes através da conscientização e da prevenção”, afirma o Episcopado alemão, comprometido em buscar “justiça e paz para os afetados, nova credibilidade e nova confiança na Igreja”.

Descobrir a verdade, e indenizar as vítimas

“Comprometemo-nos em investigar todas as questões de responsabilidade, ouvir as pessoas afetadas, descobrir a verdade, reforçar as diretrizes existentes e expandir a área de prevenção”, proclamam os bispos, que lembram que houve progresso neste momento, e que “nossas diretrizes são agora uma ordem legalmente vinculante para toda a Igreja na Alemanha”.

Entre as propostas para o futuro, a Igreja do país fala de uma investigação vinculante, tanto na avaliação dos fatos, como na intervenção e prevenção: “o processo independente, que também esclarece quem, além dos autores, tinha a responsabilidade institucional pelo abuso na igreja”, o “reconhecimento material” às vítimas, padronização no manuseio de arquivos de clérigos, “e a criação de tribunais criminais eclesiásticos e uma jurisdição administrativa eclesiástica”.

Ao mesmo tempo, sustentam que “o caminho sinodal da Igreja na Alemanha, que já começou”, também servirá para “responder às informações do estudo sobre os desafios sistêmicos que surgem quando se trata de abusos”.

Dez anos depois, conclui a nota, “continuamos a lutar contra esse crime. No futuro, continuaremos focados principalmente na perspectiva e nas necessidades das pessoas afetadas”.

Declaração do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Alemã

Há dez anos, as revelações de abuso sexual contra crianças por ministros e trabalhadores da igreja nos abalaram. Ainda o vemos como uma ferida profunda que nos envergonha e nos desafia. Continuaremos trabalhando com determinação para prevenir esses crimes através da conscientização e prevenção.

Depois que o escândalo dos abusos foi conhecido, abordamos a questão na Assembleia Geral de Primavera, em fevereiro de 2010, em Friburgo, e continuamos a fazê-lo intensamente até hoje. Desde então, seguimos um processo de reavaliação, intervenção e prevenção. Não é um caminho fácil, mas esperamos que nos leve ao objetivo: justiça e paz para as pessoas afetadas, nova credibilidade e nova confiança na Igreja.

Em Friburgo, com a ajuda de um bispo recém-nomeado, comprometemo-nos a investigar todas as questões de responsabilidade, a ouvir as pessoas afetadas, a descobrir a verdade, a reforçar as diretrizes existentes e expandir a área de prevenção. Muitos observadores testemunham que fizemos um progresso considerável nesse sentido, embora ainda haja muito a ser feito.

Nossas diretrizes são agora uma ordem legalmente vinculante para toda a Igreja na Alemanha. A estrutura de prevenção foi revisada várias vezes e é a base dos esforços diocesanos. A cooperação constante com as autoridades encarregadas de fazer cumprir a lei e com o representante independente do governo federal tem sido outro elemento do trabalho dos últimos anos. Isso também inclui o intenso intercâmbio com o Vaticano, o desenvolvimento de cursos universitários em Roma e o debate social sobre o assunto em que nós, como igreja, naturalmente participamos.

A publicação do estudo MHG (“Abuso sexual de menores por parte de sacerdotes católicos, diáconos e religiosos na área da Conferência Episcopal Alemã”), em setembro de 2018, mostrou que a questão não está encerrada, mas requer nossa plena e contínua força. Os resultados mencionados aqui deram origem a novos e extensos projetos de trabalho pelos quais seremos medidos. Esses problemas complexos levam muito tempo para serem processados. Precisamos desse tempo e esperamos entendê-lo. Assumiremos a responsabilidade.

Esses projetos incluem: monitoramento transdiocesano vinculante das áreas de reavaliação, intervenção e prevenção, processo independente, que também esclarece quem, além dos autores, tinha a responsabilidade institucional por abuso na igreja, maior desenvolvimento do processo de reconhecimento material do sofrimento sentido, a criação de uma oferta de pontos de contato externos independentes, além de pessoas de contato diocesanas para questões de abuso sexual, padronização no manuseio de arquivos de clérigos, e a criação de tribunais criminais eclesiásticos e uma jurisdição administrativa eclesiástica.

Entre as consequências do estudo MHG, também está o caminho sinodal da Igreja na Alemanha, que já começou, com o qual também queremos responder às informações do estudo sobre os desafios sistêmicos que surgem quando se trata de abusos.

Por ocasião do aniversário da descoberta do abuso sexual de crianças no setor da Igreja, enfatizamos como bispos: apoiamos o que dissemos há dez anos. Continuamos lutando contra esse crime. No futuro, continuaremos focados principalmente na perspectiva e nas necessidades das pessoas afetadas. Continuaremos nossa colaboração com igrejas e escritórios civis.

Agradecemos a todos os que nos apoiam nesse caminho: nos comitês especializados, no apoio crítico e no assessoramento, mas também em oração.

Würzburg, 28 de janeiro de 2020.

 

Nota da IHU On-Line:

O Instituto Humanitas Unisinos – IHU promove o seu X Colóquio Internacional IHU. Abuso sexual: Vítimas, Contextos, Interfaces, Enfrentamentos, a ser realizado nos dias 14 e 15 de setembro de 2020, no Campus Unisinos Porto Alegre.

X Colóquio Internacional IHU. Abuso sexual: Vítimas, Contextos, Interfaces, Enfrentamentos

 

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