O cardeal processado que constrange a Igreja francesa

Philippe Barbarin | Foto: Divina Misericórdia

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05 Setembro 2018

É uma situação que está se tornando cada vez mais embaraçosa para a Igreja francesa. O cardeal Philippe Barbarin, enviado a julgamento no âmbito da investigação sobre os supostos abusos ocorridos na Diocese de Lyon, terá que enfrentar um processo em breve. E não só isso. Há algumas semanas, Barbarin está no centro de um abaixo-assinado para que ele saia de cena, lançado na internet por um padre da Diocese de Valence, que já ultrapassou 100 mil assinaturas: um recorde.

A reportagem é de Anais Ginori, publicada em La Repubblica, 04-09-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Barbarin é acusado de saber dos abusos de um padre contra jovens escoteiros – ocorridos entre os anos 1980 e 1990 –, mas de tê-los encoberto na época. Ele sempre negou, mesmo tendo reconhecido erros na gestão do escândalo e tendo pedido desculpas publicamente às vítimas.

“Se ele reconheceu o erro, por que ficar no seu cargo?”, pergunta Pierre Vignon, o padre que publicou a petição para convencer Barbarin a renunciar. “Eu não quero ser considerado um cúmplice”, troveja Vignon.

Há alguns dias, no jornal La Croix, o bispo de Blois, Jean-Pierre Batut, e o de Valence, Pierre-Yves Michel, responderam para apoiar Dom Barbarin. “Ele deve continuar a sua missão como arcebispo de Lyon”, escreveram os dois monsenhores. No entanto, no clima atual, as vozes em defesa do cardeal francês são poucas.

O jornal Le Parisien reuniu nessa segunda-feira, 3, confidências anônimas que sinalizavam um crescente desconforto nas altas hierarquias. Até agora, o papa não se pronunciou sobre o caso francês, e, segundo as associações das vítimas, o Vaticano ainda é pouco claro e colaborativo na investigação.

O processo previsto para janeiro poderia ser adiado precisamente por causa da Santa Sé. De Roma, ainda não chegou nenhuma resposta sobre o pedido para que Luis Francisco Ladaria, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, participe do processo, indiciado junto com o cardeal Barbarin e outras cinco pessoas.

Segundo algumas reconstruções, Ladaria teria sido avisado do escândalo por Barbarin, teria pedido para fazer “limpeza” na diocese, mas pedindo para minimizar o caso. A ausência de resposta por parte de Roma sobre a presença ou não de Ladaria no Tribunal de Lyon alimenta incerteza sobre o procedimento.

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