A renúncia de Zollner. Artigo de Marcelo Neri

Hans Zollner. (Foto: Francesco Pistilli | CNS)

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30 Março 2023

"De fato, é difícil encontrar alguém que tenha a visão de conjunto, as competências profissionais e a resiliência espiritual do jesuíta alemão. Abre-se assim um vazio que não pode deixar de alarmar aqueles que estão empenhados com convicção no trabalho contra os abusos sexuais dentro da Igreja Católica", escreve Marcelo Neri, teólogo e padre italiano, professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 29-03-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis o artigo.

Na quarta-feira, 29 de março, por meio de comunicado do presidente card. O'Malley, foi anunciada a renúncia do Pe. Hans Zollner da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores – da qual o jesuíta fazia parte desde a sua fundação em 2014.

Zollner, que é uma figura-chave no empenho da Igreja Católica para elaborar práticas de tutela contra o abuso de menores e adultos vulneráveis, pediu ao papa para ser dispensado desse cargo por causa de seus crescentes compromissos no Instituto de antropologia e estudos interdisciplinares para a dignidade humana e o cuidado de pessoas vulneráveis, na Universidade Gregoriana, e pela recente nomeação como consultor na área da prevenção e tutela na diocese de Roma.

O card. O'Malley destacou a importância do trabalho realizado por Zollner nestes anos na Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores: "ele foi uma presença constante ao longo dos anos, pois vimos nossa Comissão crescer e encontrar seu caminho como a centro de salvaguarda de toda a Igreja. P. Zollner contribuiu a moldar e implementar muitos dos projetos e programas que tiveram sua origem nas deliberações da Comissão, principalmente na Cúpula Global em fevereiro de 2019”.

Da mesma forma que os novos empenhos assumidos, sobre a decisão de Zollner podem ter tido influências também a reconfiguração da posição da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores ligada à reforma geral da Cúria Romana, por um lado; e, por outro, uma não plena sintonia entre a visão e as avaliações de Zollner, especialmente no que se refere ao trabalho da CIASE francesa e também aos mais recentes da Comissão portuguesa, e alguns altos representantes e departamentos da Cúria.

Levando em conta que muitas resistências a um aprofundado empenho de investigação, elaboração das causas e implementação das necessárias políticas de tutela devem ser registradas justamente dentro da direção da Igreja Católica, a renúncia de Zollner corre o risco de representar um impasse de difícil gestão e um momento de regressão em relação ao que foi feito até agora.

De fato, é difícil encontrar alguém que tenha a visão de conjunto, as competências profissionais e a resiliência espiritual do jesuíta alemão. Abre-se assim um vazio que não pode deixar de alarmar aqueles que estão empenhados com convicção no trabalho contra os abusos sexuais dentro da Igreja Católica.

Para além de qualquer consideração, ao lado das palavras de agradecimento do Papa Francisco e do card. O'Malley, toda a comunidade católica tem uma dívida de gratidão e reconhecimento para com o Pe. Zollner.

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