Prelado próximo ao Papa afirma: os divorciados e recasados podem ser professores, leitores, padrinhos

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05 Março 2018

Digamos que não deve importar muito em termos eclesiásticos o que o bispo de Albano, na Itália, diz sobre a implementação do tão discutido documento do Papa Francisco sobre a família, Amoris Laetitia, e sua abertura cautelosa para a comunhão dos católicos que se divorciam e casaram novamente fora da Igreja.

Localizado nas colinas, fora de Roma, perto da antiga residência papal de verão, Castel Gandolfo, Albano é um lugar que a grande maioria dos católicos no mundo não deve ter visitado, e seu bispo é geralmente uma figura que poucos identificariam.

Porém, o bispo Marcello Semeraro não é qualquer pastor de Albano, porque também é Secretário do "C9", o Conselho dos Cardeais Conselheiros do mundo todo criado por Francisco logo após sua eleição para serem seus fiéis escudeiros. Sua missão formal é desenvolver um plano para a reforma da Cúria Romana, mas, na realidade, Francisco usa o conselho como uma caixa de ressonância para muitas das suas decisões importantes.

A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada por Crux, 04-03-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

Isso significa que Semeraro muitas vezes está presente quando a temperatura esquenta no papado. Ele conhece a cabeça e a vontade do Papa como quase ninguém; portanto, quando lançou um conjunto de orientações pastorais sobre a implantação de Amoris Laetitia para seu conselho presbiteral na sexta-feira, o conteúdo chamou mais atenção do que o habitual.

Resumindo, pode-se dizer que Semeraro não retirou o cauteloso "Sim" de Francisco sobre a questão da comunhão, alargando-o a uma gama de outras funções na Igreja das quais os católicos divorciados e recasados no civil por vezes foram excluídos, como:

  • Membro do conselho paroquial
  • Leitor/leitora na missa
  • Professor/professora de religião numa escola católica
  • Professor/professora de catecismo
  • Trabalhador/trabalhadora em grupos católicos de caridade
  • Ser padrinho/madrinha num batismo

Nenhuma dessas funções, salientou, deveria ser automática.

"Por parte do bispo, pastor ou confessor, não se trata de conceder algum tipo de permissão para entrar na comunidade de fiéis, ou simplesmente de poder receber a comunhão", escreveu Semeraro.

"Nesses termos, a questão é radicalmente enganosa", disse.

Entre outras coisas, Semeraro identificou certas condições como indispensáveis para qualquer discernimento significativo, tais como a situação da união anterior e a lealdade à nova, bem como a consciência de que a nova situação é "irregular".

Em relação à nova união, Semeraro, de 70 anos, disse que deveria ser "consolidada no tempo e vivida na fidelidade, marcada pelo afeto sincero e pela responsabilidade no que diz respeito aos filhos, sustentada pela oração e pela participação habitual na vida da comunidade paroquial".

"Amoris Laetitia nunca fala em termos de uma 'permissão' generalizada para receber os sacramentos por todas as pessoas divorciadas e recasadas no civil”, disse. "Também não diz que o caminho de conversão iniciado pelos que o desejam deve necessariamente levar aos sacramentos".

Na verdade, escreveu Semeraro, Amoris enfatiza o discernimento, sem pré-determinar onde isso pode levar.

"Seu foco é o acompanhamento e o discernimento", disse, ou seja, "a busca da vontade de Deus que precisa ser realizada e de passos e meios concretos para colocá-la em prática".

Por outro lado, Semeraro também desencorajou o fato de restringir desnecessariamente os requisitos para a comunhão de divorciados e recasados no civil.

"É fundamental que o que é proposto sempre leve em conta a situação real da vida das partes interessadas", disse, "evitando solicitações desproporcionais que vão além de sua capacidade e, nesse âmbito, que vão além do que é exigido de outros fiéis".

Já não é mais possível, escreveu, simplesmente dizer que todos os que estão em situação "irregular" estão automaticamente "em estado de pecado mortal, privados da graça santificadora".

Na verdade, convidamos a um "exame de consciência" para "verificar se há arrependimento sincero, nunca pedindo mais do penitente que ele ou ela é capaz de dar", afirmou.

Parte da tarefa do pastor, segundo Semeraro, é "mostrar aos fiéis o horizonte moral da vida cristã..., ajudando a pessoa a ver o que depende dele ou dela na situação sendo vivida no momento, e o que não depende".

Ele rejeitou soluções generalistas.

"Não há a menor possibilidade de haver uma nova norma geral como no direito canônico, igual para todos", disse ele. O que precisamos, declarou, é "acompanhar" situações específicas.

A instrução foi intitulada Rallegratevi con me, que significa, em italiano, "Alegre-se comigo", e faz especial referência ao capítulo VIII de Amoris Laetitia, em que Francisco lida com situações "irregulares", como o divórcio e o casamento fora da Igreja.

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