Cardeal Wuerl, arcebispo de Washington, insiste que paróquias implementem 'Amoris Laetitia'

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05 Março 2018

Um dos principais aliados do Papa Francisco está insistindo que paróquias em sua Arquidiocese incorporem a carta apostólica de 2016 do Papa sobre as famílias nos ministérios de cuidado pastoral. Com isso, torna-se o último religiosos dos Estados Unidos a tentar manter o ímpeto por trás de "Amoris Laetitia", incentivando ministros da Igreja a alcançar as famílias, incluindo os que vivem em situações "irregulares".

A reportagem é publicada por Michael J. O’Loughlin, publicada por National Catholic Reporter, 03-03-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

No domingo, o cardeal Donald Wuerl, arcebispo de Washington, vai pregar sobre o documento, “Sharing in the Joy of Love in Marriage and Family” (Partilhando a alegria do amor no matrimônio e na família, em tradução livre), durante a missa dominical na Catedral de São Mateus Apóstolo, em Washington, D.C. A arquidiocese declarou que a publicação foi distribuída em inglês e espanhol para todas as 139 paróquias de Washington e Maryland.

"A regra a ser seguida em todos os casos", diz a reflexão sobre o ministério familiar, "é o amor e a misericórdia do Senhor".

O documento de quase 60 páginas, que inclui uma reflexão sobre a primazia da consciência na vida católica, juntamente com dicas para ministros pastorais sobre acompanhar os católicos em situações familiares "irregulares", cita fortemente "Amoris Laetitia” e conecta os ensinamentos do Papa aos de seus antecessores, como o Papa Bento XVI.

O cardeal Wuerl estava presente nos sínodos convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, em Roma, que servem como base para "Amoris Laetitia", que se tornou alvo de muitas críticas desde a sua publicação. Alguns bispos que apoiam a visão pastoral do Papa estão organizando seminários, publicando reflexões e incentivando os sacerdotes a refletir sobre os ensinamentos da carta.
Nos Estados Unidos, a Diocese de San Diego foi uma das primeiras a adotá-la, e o Bispo Robert McElroy organizou um sínodo em toda a diocese com foco na carta em 2016. Bispos na Alemanha e na Argentina adotaram os aspectos mais controversos da carta, como a criação de um caminho de comunhão para alguns católicos divorciados e recasados. Mais recentemente, vários bispos dos Estados Unidos, como o cardeal Blase Cupich e o cardeal Joseph Tobin, reuniram-se com teólogos leigos em seminários no Boston College, na Universidade de Notre Dame e na Universidade de Santa Clara  para discutir formas de integrar "Amoris Laetitia" às paróquias.

Críticos acusaram Francisco de minar o dogma da Igreja em algumas áreas, principalmente em relação ao divórcio e ao novo casamento. A carta de Washington, D.C. tenta abrandar esses medos, afirmando: "não, o dogma da Igreja não mudou; a verdade objetiva permanece inalterada".

No entanto, o documento incentiva ministros pastorais, "com humildade e compaixão, a alcançar as pessoas e as famílias que lutam para viver o ensino sobre o matrimônio e ajudá-las a superar os obstáculos através do discernimento, do diálogo e da oração por apoio e compreensão para superar os obstáculos".

O documento diz que "um mundo marcado pelo secularismo, pelo materialismo e pelo individualismo, todos apoiando um relativismo dominante e predominante", dificulta que muitas famílias recebam a doutrina da Igreja. No entanto, diz o documento, o Papa Francisco "nos convida a sermos uma Igreja que acompanha os indivíduos e as famílias cujos matrimônios ou vida familiar podem não refletir a plenitude da visão de Deus e a assegurá-los de seu lugar na família de Deus e compartilhar a Boa Nova de que Jesus será renovado em todas as coisas".

Em relação aos católicos que vivem em situações irregulares — como os que se divorciaram e se casaram novamente, os que moram juntos ou se identificam como gays ou lésbicas —, a carta afirma que "uma pessoa cuja situação de vida é objetivamente contrária à doutrina moral também pode amar e crescer na fé, pode ainda dar passos na direção certa e beneficiar-se da misericórdia e da graça de Deus ao receber a assistência da Igreja".

Ele dá exemplos concretos de como "acompanhar" as pessoas que vivem em várias circunstâncias, como as pessoas em “sofrimento”, "distrações” e "anonimato”.

"Para alguns, o anonimato significa a falta de amizades autênticas, saindo e entrando despercebido da Igreja, os jovens de vão de uma igreja a outra domingo após domingo sem pertencer a uma comunidade paroquial, ou simplesmente os que se mantém na mesma rotina monótona e penosa dia após dia", diz o documento.

"Muitos outros se sentem anônimos dentro de suas próprias famílias, comunidades ou igrejas", acrescenta. "Os pobres, pessoas com desafios em relação à saúde mental, pessoas de diferentes raças ou etnias que não fazem parte de uma maioria, os divorciados e recasados, os que estão enfrentando a infertilidade ou o aborto espontâneo, os que não têm documentos e outros imigrantes, os que não têm emprego e os subempregados, os solteiros, os que se sentem atração por pessoas do mesmo sexo".

"Uma Igreja que acompanha vai sair para chamar cada pessoa pelo nome e para receber de volta os que se sentem perdidos ou sozinhos", diz.

O documento inclui várias sugestões práticas de como envolver os católicos de todas as idades no ministério da família, bem como ideias para as famílias que estão enfrentando desafios específicos, bem como as que estão enfrentando a separação por causa do serviço militar, desafios relacionados à migração e membros da família com necessidades especiais.

A arquidiocese disse, num comunicado à imprensa, que estava promulgando a reflexão em preparação para o Encontro Mundial das Famílias de 2018, que começa em Dublin neste verão.

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