Cardeal Wuerl, de Washington, aos críticos da Amoris Laetitia: “Por acaso, vocês estão acima do magistério?”

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08 Outubro 2016

Ele afirma que é “um documento de consenso fundamentado na tradição da Igreja”.

A reportagem é de Cameron Doody e publicada por Religión Digital, 06-10-2016. A tradução é de André Langer.

“Um documento de consenso claramente fundamentado na tradição da Igreja”; assim é a Amoris Laetitia, segundo o cardeal Donald Wuerl, que repreendeu, além disso, os ultraconservadores, por continuarem surdos à mensagem de esperança que a exortação apostólica oferece às famílias de hoje.

“Para mim, não está claro por que alguém colocaria sua opinião acima daquela que emerge de todo esforço magisterial”, disse o arcebispo de Washington ao National Catholic Reporter. Ele se referia a grupos de dissidentes como os 45 acadêmicos e pastores católicos que publicaram um manifesto em julho, tratando de pressionar os cardeais da Igreja, para que repudiassem como “heresias” algumas das proposições da Amoris Laetitia, assim como a outros prelados que se pronunciaram publicamente contra o texto nos últimos meses.

O prelado destacou o afinco com que trabalharam os Padres dos dois Sínodos sobre a Família, de 2014 e 2015, a sabedoria de que se bebeu na redação da exortação apostólica. Tudo isso se plasmou no consenso de pareceres dos bispos do mundo e em uma afirmação da doutrina da Igreja na continuidade em seu magistério. Segundo o cardeal, “ela nos chama para a clareza doutrinal, mas também para o acompanhamento pastoral com as pessoas que estão tentando apropriar-se da doutrina”.

Há uma “grande continuidade”, além disso, entre o ensinamento de Francisco e o Vaticano II – através não apenas de Paulo VI, mas também de João Paulo II –, embora a ênfase do atual Papa já não esteja no “testemunho verbal”, mas no “testemunho vivido”. “Francisco vem para dizer: ‘Vejam, tivemos 30 anos de sínodos focados na doutrina. Agora concentremo-nos no elemento transformador’”, afirmou Wuerl. “Creio que é por isso que ele continua a nos desafiar para que testemunhemos o Evangelho, não apenas com as palavras, mas também com a nossa conduta”.

Sinodalidade e acompanhamento pastoral

Segundo o cardeal Wuerl, o processo dos Sínodos sobre a Família e o resultado a que deram lugar, a Amoris Laetitia, refletem não apenas as prioridades de Francisco, mas também a aplicação correta da eclesiologia do Vaticano II.

O arcebispo de Washington recordou o papel exercido pelo cardeal Baldisseri, secretário-geral do Sínodo, não apenas na organização dos dois Sínodos sobre a Família, mas também na apresentação da Amoris Laetitia, e no fato de ter precedido o cardeal Müller, prefeito da Doutrina da Fé, no consistório em que ambos foram nomeados cardeais, em 2014.

O cardeal Wuerl interpreta todos estes dados como uma reafirmação por parte de Francisco da doutrina contida na Lumen Gentium, a Constituição Dogmática sobre a Igreja. “A cúria existe para implementar as decisões e políticas às quais chegam os bispos, sempre com Pedro e nunca sem ele”, disse.

Blase Cupich, futuro cardeal?

Por outro lado, no domingo passado, em uma entrevista coletiva no seu voo de volta para Roma, o Papa Francisco indicou que proximamente elegerá 13 novos cardeais da Igreja. Entre eles poderia estar o arcebispo de Chicago, Blase Cupich, segundo apontam rumores que circulam na internet.

Desde um bom tempo, Cupich é um dos homens de confiança do Papa nos Estados Unidos, como evidenciam as três nomeações que até agora lhe deu: para a Arquidiocese de Chicago em 2014, para o Sínodo ordinário sobre a Família de 2015 e para a Congregação dos Bispos neste mesmo julho.

O arcebispo de Chicago não está apenas em plena sintonia com o pensamento econômico e ecológico do pontífice, mas também foi, como Wuerl, um implacável defensor da Amoris Laetitia, qualificando-a em abril passado como uma verdadeira reforma da Igreja e não apenas de suas “regras”.

“A doutrina da Igreja sempre foi a da misericórdia e da compaixão, e isso o Papa está recuperando de uma maneira muito mais enérgica e vigorosa”, disse Cupich em sua análise da exortação apostólica.

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