15 Março 2020
Estudo que analisa índices de ameaça e pressão por desmatamento em Áreas Protegidas (AP) mostra ainda que a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre, é a mais ameaçada.
A reportagem é de Stefânia Costa, publicada por EcoDebate, 13-03-2020.
Um novo estudo divulgado pelo Imazon mostra quais são as Áreas de Proteção da Amazônia mais ameaçadas e pressionadas por desmatamento. O relatório analisa os dados do sistema de monitoramento do Instituto e cruza as informações com células de desmatamento para medir o nível de ameaça e pressão nessas áreas.
A pesquisa analisa o período que compreende os meses entre novembro do ano passado e janeiro deste ano. Nesse intervalo, o Imazon detectou um total de 769 km² de floresta derrubada na Amazônia Legal. Das 2.802 células que tiveram ocorrência de desmatamento, 56% indicam Ameaça e 44% demonstram Pressão em APs. O número de células com ocorrência de desmatamento de novembro de 2019 a janeiro de 2020 é 143% superior ao registrado de novembro de 2018 a janeiro de 2019.
O estudo revela ainda que, no comparativo com o ano passado, seis APs se mantiveram na lista das mais ameaçadas. A Resex Chico Mendes (AC), que aparecia na terceira posição do ranking das APs mais ameaçadas, agora aparece no topo da lista. Já na relação das áreas mais pressionadas, a Terra Indígena Yanomami (PA) é a primeira colocada. A TI, que nem estava entre as dez APs mais pressionadas no período anterior, disparou no número de células de desmatamento que indicam que já houve a devastação no interior da unidade de proteção.
Ameaça é a medida do risco iminente de ocorrer desmatamento no interior de uma área protegida. O Imazon utiliza uma distância de 10 km para indicar a zona de vizinhança de uma AP, onde a ocorrência de desmatamento indica ameaça. Segundo o levantamento do Imazon, a AP mais ameaçada foi a Reserva Extrativista Chico Mendes, no Acre. Das dez áreas de proteção presentes na lista, seis estão no Pará: TI Trincheira/Bacajá, TI Parakaná, APA do Lago de Tucuruí, Flona do Tapajós, TI Arara e TI Cachoeira Seca do Arari.
Pressão ocorre quando o desmatamento se manifesta já no interior da área protegida, o que pode levar à perdas ambientais e até mesmo redução ou redefinição de limites da Área Protegida. No estudo divulgado pelo instituto, as duas primeiras colocadas na lista das APs mais pressionadas sequer apareciam no ranking do ano anterior. As TIs Yanomami, no Pará, e Alto Rio Negro, no Amazonas, encabeçam a lista que traz ainda a Resex Chico Mendes, campeã nas APs ameaçadas e que também aparece na lista das mais pressionadas.
Esse é o relatório trimestral do índices de ameaça e pressão de desmatamento em Áreas Protegidas publicado pelo Imazon. A pesquisa é produzida com base em dados de alertas de desmatamento do SAD, sistema de monitoramento desenvolvido pelo instituto. São utilizados apenas os indicadores de desmatamento para determinar ameaça e pressão em uma unidade de conservação, entretanto, outros fatores também oferecem risco para a área, como extração madeireira, atividades de garimpo e hidrelétricas.
O Imazon é um instituto nacional de pesquisa, sem fins lucrativos, composto por pesquisadores brasileiros, fundado em Belém há 29 anos. Através do sofisticado Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), a organização realiza, há mais de uma década, o trabalho de monitoramento e divulgação de dados sobre o desmatamento e degradação da Amazônia Legal, fornecendo mensalmente alertas independentes e transparentes para orientar mudanças de comportamento que resultem em reduções significativas da destruição das florestas em prol de um desenvolvimento sustentável.
Confira o estudo completo aqui.
Ameaça e pressão de desmatamento em área protegidas: SAD de Novembro de 2019 a Janeiro de 2020. (Fonte: Imazon)
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Pará tem seis das dez áreas de proteção ambiental mais ameaçadas de desmatamento na Amazônia, revela Imazon - Instituto Humanitas Unisinos - IHU