Por: João Flores da Cunha | 08 Março 2017
O ex-presidente do Peru Alan García foi denunciado por corrupção no caso das propinas pagas pela Odebrecht no país sul-americano. Ele é o segundo ex-presidente peruano a ser implicado em acusações envolvendo a atuação da empreiteira brasileira no país.
A procuradoria ad hoc, especial para a investigação relacionada ao caso Odebrecht, apresentou no dia 1-03 uma denúncia à Promotoria peruana, e a denúncia se tornou pública no dia 6-03. Ele é acusado de cometer um delito contra a administração pública por supostamente ter recebido propina para favorecer a Odebrecht na obra da linha 1 do metrô de Lima.
García governou o país entre 1985 e 1990, em um primeiro mandato, e, na segunda ocasião, entre 2006 e 2011. Pelo Twitter, ele afirmou que, "como sempre, estou disposto a toda investigação e a comparecer a qualquer convocação [para depor]". O ex-presidente também declarou: “que investiguem o que queiram. Assim ficará claro que outros presidentes cobraram [propina], mas Alan García não”.
A mis compañeros y amigos: Que investiguen lo que quieran. Así quedará claro que otros presidentes cobraron pero Alan Garcia no.
— Alan García (@AlanGarciaPeru) 6 de março de 2017
Junto com o ex-presidente, também foi denunciado Enrique Cornejo, que foi ministro de Transportes no segundo mandato de García, quando a obra do metrô foi executada. “Como disse, não tenho nada a ver com atos de corrupção. Colaborarei com todas as instituições que investiguem. Mas não me utilizem”, afirmou Cornejo por meio do Twitter.
Como he dicho No tengo nada que ver con actos de corrupción. Colaboraré con todas las instituciones que investiguen. Pero no me utilicen.
— ENRIQUE CORNEJO (@ENRIQUECORNEJOR) 6 de março de 2017
O primeiro ex-presidente peruano a ser denunciado no caso Odebrecht foi Alejandro Toledo, que governou o país entre 2001 e 2006. Acusado de receber cerca de 20 milhões de dólares em propinas da empreiteira brasileira, ele teve a prisão decretada e é considerado foragido. Há uma ordem de captura internacional da Interpol contra ele.
O atual presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, pediu ao mandatário estadunidense, Donald Trump, que considere deportar Toledo. Acredita-se que ele esteja na Califórnia.
O próprio presidente Kuczynski já entrou na mira das autoridades. A procuradoria ad hoc pediu à Promotoria do país a abertura de uma investigação preliminar sobre supostos pagamentos ilegais que teriam sido feitas pela Odebrecht a uma empresa que seria vinculada a ele, a Latin America Enterprise.
“Que não se entenda que, porque se pede a abertura de uma investigação preliminar, a pessoa já seja culpada, ou já esteja sentenciada. Não tenhamos medo. Esclareçamos as coisas. Que se realizem os atos de investigação”, defendeu a procuradora ad hoc, Katherine Ampuero. Ela enfatizou ser uma advogada do Estado, e não do governo de turno, e afirmou estar defendendo os interesses do Estado.
Nesse contexto de investigações, o país está tomando medidas para garantir a punição daqueles que forem considerados responsáveis pela corrupção. O Congresso do país aprovou de forma unânime no dia 1-03 uma proposta de emenda constitucional que torna imprescritíveis os delitos de corrupção.
A proposta foi aprovada em 1º turno, e deve ser votada novamente na próxima legislatura (que se inicia no segundo semestre deste ano) para ser vinculada à Constituição do país. O presidente Kuczynski, que ainda não se pronunciou sobre o pedido de investigação a seu respeito, comemorou o voto unânime dos congressistas.
Saludo al @congresoperu por voto unánime a favor de imprescriptibilidad de delitos de corrupción en 1ra votación. #CorrupciónNuncaMás
— PedroPablo Kuczynski (@ppkamigo) 1 de março de 2017
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Peru. Outro ex-presidente é denunciado no caso Odebrecht - Instituto Humanitas Unisinos - IHU