11 Fevereiro 2020
Uma negociação infinita. A transação entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional vem sendo reproposta há décadas e poderia ser definida como um... curso e recurso histórico.
A reportagem é de Roberto Da Rin, publicada por Il Sole 24 Ore, 06-02-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Desta vez, sobre a mesa, as questão são estes: a renegociação dos 120 bilhões de dólares da dívida argentina e os 57 bilhões de dólares concedidos por Washington a Buenos Aires no ano passado.
Questões candentes que o governo peronista de Alberto Fernández deve enfrentar com urgência. Uma negociação em que o Vaticano desempenha um papel não secundário.
Foi aí que começou um debate econômico, com um congresso dedicado às “Novas formas de solidariedade”, organizado pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais.
Nas mesmas horas, o Senado argentino, por unanimidade, ao término de um acalorado debate que durou nove horas, converteu em lei um projeto enviado pelo governo referente à “Reintrodução da sustentabilidade da dívida pública emitida com jurisdição estrangeira”.
Entre os presentes no congresso organizado no Vaticano estava Kristalina Georgieva, diretora operacional do Fundo Monetário Internacional, Martín Guzmán, ministro argentino da Economia e das Finanças, o ministro das Finanças do México, Arturo Herrera, o da Colômbia, Alberto Carrasquilla, do Paraguai, Benigno López, de El Salvador, Maria Luisa Hayem, e do Equador, Richard Martínez.
O presidente argentino falou com o papa sobre o risco de default (moratória) e sobre o FMI: “Eu lhe pedi que faça tudo o que puder para nos ajudar, e ele fará”, disse ele aos jornalistas após a audiência.
Georgieva se encontrou com o ministro da Economia argentino, Guzmán: “O encontro – declarou – foi uma oportunidade para continuar o diálogo em andamento sobre o programa econômico da Argentina, confirmar o compromisso do FMI e trocar pontos de vida sobre as medidas adotadas pelas autoridades até agora e as suas políticas econômicas. Estamos cientes da difícil situação socioeconômica que a Argentina e o seu povo enfrentam e compartilhamos plenamente o objetivo do presidente Fernández de estabilizar a economia, proteger os mais vulneráveis da sociedade e assegurar um crescimento mais sustentável e inclusivo”. E depois, inesperadamente, Georgieva declarou: “Hoje, o capitalismo está fazendo mais mal do que bem”.
Por sua vez, o Papa Francisco apelou aos líderes financeiros e aos especialistas em economia que prestem mais atenção “às injustiças que permeiam a nossa economia atual” e que ‘trabalhem juntos para pôr fim à desigualdade global”. Não apenas isso, embora não citando explicitamente a Argentina, o Papa Bergoglio também mencionou a ideia de “novas formas de solidariedade” e, com relação aos países endividados, disse que “não somos condenados à inequidade universal”.
Em suma, uma mediação vaticana com uma intervenção papal que busca mitigar a contraposição frontal entre duas partes, o governo argentino e o FMI.
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Papa Francisco entra em campo na disputa Argentina-FMI - Instituto Humanitas Unisinos - IHU