06 Julho 2018
Seu pai, Attilio, antifascista e democrata-cristão, foi ministro em várias ocasiões. Seu “tio-avô” foi arcebispo de Palermo, nomeado por Pacelli, e membro do sacro Colégio de 1945 a 1967. Paolo Ruffini, casado, jornalista e diretor de rádio e de redes de televisão (Rai3 e Tv2000), por vontade do Papa Francisco, tornou-se o primeiro leigo encarregado de um Dicastério da Cúria Romana. O dicastério para a comunicação, para o qual Ruffini foi nomeado Prefeito, é um organismo novo que incorpora e coordena todos os meios editoriais, de informação, comunicação e multimídia da Santa Sé. Além disso, há tempo era o Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais.
A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 05-07-2018. A tradução é do Cepat.
Com a nomeação de Ruffini para um dos organismos vaticanos mais significativos (quanto ao número de pessoas que nele trabalham), dá-se um passo completamente novo na história da Santa Sé, que até agora só havia encarregado um leigo para a vice-presidência da Pontifícia Comissão para América Latina, o professor Guzmán Carriquiry, que era o “número três” do velho Pontifício Conselho para os Leigos. Pela primeira vez, pois, um homem casado, nem bispo, nem sacerdote, assume um posto equiparável ao dos cardeais e arcebispos dos dicastérios, ou seja, os “ministros do Papa e seus colaboradores na Cúria.
“Quais são as razões desta decisão de Francisco? O Papa pôde conhecer e apreciar o trabalho do novo Prefeito durante os anos que passou pela Tv2000 (o próprio Ruffini, com Lucio Brunelli, diretor do telejornal do canal dos bispos, entrevistou o Papa Francisco por ocasião do encerramento do grande Jubileu extraordinário da Misericórdia, em novembro de 2016). O currículo de Ruffini diz tudo: jornalista, especialista em televisão, foi o diretor do canal Rai3, durante os anos em que o canal três da rede pública de televisão italiana produziu alguns dos melhores programas. São famosas suas capacidades e competências no âmbito comunicativo.
A característica mais oculta, porque somente o conhecem aqueles que tiveram a possibilidade de trabalhar com Ruffini, é sua capacidade de escutar e dar valor a todos, incluindo, sem nunca excluir. Um traço humano inconfundível de uma pessoa cristalina. Não é por acaso que no dia 5 de julho, ao meio-dia, quando a nomeação foi divulgada no Vaticano, haviam diferentes colaboradores, jornalistas e técnicos com lágrimas nos olhos pela emoção, nos estúdios da Tv2000.
Os meios de comunicação vaticanos estão vivendo uma transição nada fácil: o caminho da reforma empreendida pelo Prefeito anterior, monsenhor Dario Viganò (que renunciou depois do incidente da carta de Bento XVI, divulgada parcialmente, mas a quem Francisco manteve com o papel de “assessor” do dicastério), ainda precisa ser concluída. Não faltaram tensões e incompreensões. A chegada de uma pessoa que teve que se ocupar de postos de responsabilidade e que soube trabalhar bem com todos os seus colaboradores, dando valor às capacidades de cada um, representa uma decisão importante, distante da mentalidade empresarial e funcionalista que às vezes também parece contagiar a Igreja, quando segue modelos de grandes empresas e acaba dando por descontado o conteúdo do que comunica.
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Paolo Ruffini, primeiro leigo nomeado prefeito na Cúria Romana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU