Vítimas de abusos sexuais exigem do Papa uma verdadeira tolerância zero

Mais Lidos

  • A rocha que sangra: Francisco, a recusa à OTAN e a geopolítica da fragilidade (2013–2025). Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • Niceia 1.700 anos: um desafio. Artigo de Eduardo Hoornaert

    LER MAIS
  • Congresso arma pior retrocesso ambiental da história logo após COP30

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

Por: Jonas | 23 Setembro 2015

Várias organizações de vítimas de abusos sexuais, por parte de sacerdotes, pediram ao papa Francisco uma verdadeira tolerância zero para estes crimes e medidas para proteger os menores.

A reportagem é publicada por La Tercera, 21-09-2015. A tradução é do Cepat.

Motivadas pela visita que o Pontífice realizará aos Estados Unidos e à sede das Nações Unidas, nesta semana, as vítimas pediram, com urgência, que acabe com a “impunidade” e empreenda ações para que os culpados sejam punidos.

“Enquanto dá grandes passos para melhorar as finanças, o governo e a moral da Igreja, o papa Francisco não deu passos para melhorar a segurança das crianças”, destacou em um comunicado a Rede de Sobreviventes abusados por Padres (SNAP, na sigla em inglês).

Segundo esta organização, no momento, o Pontífice se negou a se separar do passado e a mostrar liderança para dar resposta ao que considera a “maior crise” que a Igreja católica enfrenta.

Francisco fala, muitas vezes, da misericórdia e faz bem. Porém, centenas de milhares de meninas e meninos inocentes foram violadas por padres, freiras, bispos e seminaristas em razão da misericórdia excessiva demonstrada aos clérigos criminosos, por parte de seus colegas cúmplices”, destacou a SNAP.

BishopAccountability.org, uma organização estadunidense que documenta casos de abusos, denunciou que o Vaticano continua mantendo os responsáveis por estes crimes em seus postos e com “impunidade”.

“Apressamos o papa Francisco a celebrar sua primeira visita aos Estados Unidos anunciando o fim desta terrível situação. Como primeiro passo, deveria prometer aplicar uma verdadeira tolerância zero na Igreja”, destacou em uma coletiva de imprensa, na sede da ONU, sua codiretora Anne Barrett Doyle.

Para isso, Doyle considerou necessário modificar o direito canônico e assegurar que qualquer sacerdote responsável por abusos seja punido e não, como ocorre agora em alguns casos, sendo transferido para outra região ou país.

Como exemplo, destacou que em uma investigação realizada recentemente por sua organização na Argentina, foram encontrados vários padres acusados exercendo, inclusive um que nos últimos anos foi acusado por 15 vítimas.

“As palavras públicas do papa Francisco sobre a preocupação do Vaticano com as crianças e outros sobreviventes de assaltos sexuais por sacerdotes contradizem as ações do Vaticano sob sua liderança”, criticou em outra declaração o Centro para os Direitos Constitucionais, um grupo que representou as vítimas ante a Justiça internacional. Segundo cálculos da SNAP, obtidos extrapolando números da Santa Sé sobre o número de clérigos acusados nos Estados Unidos, em todo o mundo ao menos 69.000 sacerdotes católicos teriam abusado sexualmente de menores, desde 1950.