27 Março 2015
Um antigo cardeal alemão acusou os bispos de seu país de serem "completamente inaptos para trabalhar contra o crescente secularismo", depois de o presidente da Conferência dos Bispos dizer que eles não poderiam ficar esperando pela aprovação de Roma para permitir que os católicos recasados civilmente possam receber a Comunhão.
A reportagem é de Abigail Frymann Rouch, publicada na revista The Tablet, 25-03-2015. A tradução é de Claudia Sbardelotto.
O cardeal Paul Cordes (foto), presidente emérito do Pontifício Conselho Cor Unum, atacou o cardeal Reinhard Marx depois de ele dizer aos jornalistas, no final de fevereiro, que a Conferência Episcopal Alemã iria seguir com o seu próprio programa de pastoral, independentemente do resultado do Sínodo sobre da família, em outubro.
A questão de remover a proibição aos divorciados novamente casados de receber os sacramentos é uma das questões mais disputadas que serão debatidas no Sínodo. A maioria dos bispos alemães é a favor de permitir os católicos recasados civilmente de receber a Comunhão em certas circunstâncias. Na Inglaterra e no País de Gales, quase 500 padres assinaram uma carta resistindo a qualquer mudança de relaxar a proibição da Comunhão aos divorciados novamente casados.
"Nós não somos um ramo de Roma", disse Marx em fevereiro numa coletiva de imprensa ao final da reunião plenária dos bispos. "Nós não podemos esperar que um Sínodo nos diga como temos que moldar o cuidado pastoral para o casamento e a família aqui".
O cardeal Cordes, 80 anos, emitiu uma refutação robusta, segundo relatou a agência de notícias católicas com sede nos EUA, Catholic News Agency, esta semana, em uma carta datada de 7 de março para o jornal nacional católico alemão Die Tagespost. As declarações de Marx causaram confusão e demonstram uma "indefinição teológica que faz você se questionar", escreveu ele. A linguagem de Marx estava mais adequada para uma conversa de bar do que para uma discussão teológica, e não estava certamente "imbuída do espírito de communio", disse ele.
Ele disse que estava além da competência do cardeal Marx em decretar qualquer reforma sobre o assunto. "O presidente argumenta sobre o drama dos divorciados novamente casados! ... Esse assunto está ligado diretamente ao centro da teologia. Neste campo, nem mesmo um cardeal consegue cortar um nó górdio tão complexo com um único golpe de espada. Ele tem [como referência] a teologia sacramental do Concílio de Trento".
Cordes chegou a dizer que os bispos alemães não estavam qualificados para oferecer instruções para o mundo católico. Ele apontou para o declínio acentuado do catolicismo na Alemanha e citou uma pesquisa que mostrou que apenas 16% dos católicos afirmam acreditar em um Deus pessoal, concluindo que "não há razão para nos orgulhamos de nossa fé".
"O aparelho eclesial alemão existente é completamente inapto para trabalhar contra o crescente secularismo", disse ele.
Foto: CNS
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Cardeal diz que bispos alemães não estão aptos para liderar a Igreja contra o secularismo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU