Presidente da Nestlé prevê a privatização contra o direito à água

Mais Lidos

  • “Os israelenses nunca terão verdadeira segurança, enquanto os palestinos não a tiverem”. Entrevista com Antony Loewenstein

    LER MAIS
  • Golpe de 1964 completa 60 anos insepulto. Entrevista com Dênis de Moraes

    LER MAIS
  • “Guerra nuclear preventiva” é a doutrina oficial dos Estados Unidos: uma visão histórica de seu belicismo. Artigo de Michel Chossudovsky

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

Por: Caroline | 17 Agosto 2014

“Cada vez está mais claro que a água doce é um recurso finito, vulnerável à contaminação - que é excessiva por parte das empresas transnacionais. Esta situação contribuiu para conceber a água como um bem mercantil e não como um direito fundamental, em prejuízo à satisfação das necessidades humanas básicas, das concepções ancestrais das comunidades étnicas, gerando assim maior desigualdade social e afetando, por sua vez, a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas” é o que destaca a analista venezuelana Sylvia Ubal, em artigo publicado por Barometro Internacional, 12-08-2014. A tradução é do Cepat.

Eis o artigo.

fONTE: http://goo.gl/l1GqKd

Sem água a humanidade não poderia nem respirar nem digerir seus alimentos

A água é imprescindível para a vida dos seres humanos e dos ecossistemas. É um dos principais elementos para a saúde tanto do planeta como dos animais que o povoam, além de ser fundamental para o ser humano: nenhum ser vivo pode sobreviver sem este líquido vital. A água constitui de 50 a 99% da massa dos organismos vivos, sendo que, os processos biológicos que conhecemos como “vida” não poderiam existir sem a água, sem ela o ser humano não poderia digerir seus alimentos, não poderiam respirar sem umidade em seus pulmões e o sangue não poderia circular por suas veias. Sem água, não há vida, é um requisito prévio para a saúde humana e seu bem-estar, assim como para a conservação do meio ambiente.

Contudo são muitas as pessoas que não têm acesso a uma fonte de água potável. A cada ano, milhões de pessoas, a maioria delas crianças, morrem por causa de enfermidades relacionadas ao saneamento, higiene e ao fornecimento inadequado de água. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, (OMS), mais de 1,1 bilhão de pessoas não tem acesso à água potável segura. Por isso, e devido à importância que a água potável tem para os seres humanos, é vital o reconhecimento e garantia do direito de dispor de tal recurso.

É evidente a problemática que existe em torno da escassez da água potável, seu difícil acesso em muitas regiões do mundo e a má qualidade da mesma, além do saneamento inadequado, questões que afetam negativamente a segurança alimentar. Os desastres naturais relacionados à água, como inundações, tormentas tropicais e tsunamis são uma pesada carga na vida humana, mas, paradoxalmente, há a regularidade na seca que afeta os países mais pobres do mundo, fator que agrava a fome e a má-nutrição, que também são consequências da globalização e do aquecimento global.

No direito humano à água, há países que são muito mais prejudicados do que outros pela escassez desse recurso, situação que nos leva a pensar na problemática que pode ser suscitada em um futuro não muito distante: a luta entre os países por esse precioso líquido, de maneira que tal situação se torne um conflito internacional baseado na obtenção desse recurso vital.

Os processos de industrialização contaminam a água

A água se viu submetida a um processo progressivo de uso desmedido e de exploração desigual. O setor industrial é, em muitos casos, a fonte mais importante de contaminação, embora não seja o maior consumidor de água. Os dejetos líquidos industriais, por exemplo, associados aos processos de produção têxtil e de papel, possuem grande quantidade de contaminação orgânica. Em geral, a indústria e a agricultura lançam grande quantidade de poluentes químicos nos rios. Cada vez está mais claro que a água doce é um recurso finito, vulnerável à contaminação - que é excessiva por parte das empresas transnacionais. Esta situação contribuiu para conceber a água como um bem mercantil e não como um direito fundamental, em prejuízo à satisfação das necessidades humanas básicas, das concepções ancestrais das comunidades étnicas, gerando assim maior desigualdade social e afetando, por sua vez, a biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas. Há uma exploração desmedida do recurso, orientada para o enriquecimento das empresas e corporações.

A expansão deste negócio exige das grandes corporações de bebidas e alimentação como a Coca Cola, Pepsi Cola, Danone, Nestlé..., a ter cada vez mais acesso aos recursos hídricos, impulsionando a privatização de água e aquíferos. E o setor da água engarrafada está crescendo muito rapidamente em todo o mundo, sendo o negócio mais lucrativo atualmente, mas também é um dos menos regulados, o que dá lugar a situações verdadeiramente escandalosas.

As fábricas que engarrafam, em muitos casos tomam a água da mesma rede destinada para uso público. Muitas vezes, como a Coca Cola, acrescentam um pacote de minerais e a chamam de “água mineral”. Com este proceder, aumentam o preço da água de garrafa em mais de mil vezes, engarrafando-a e tornando-se um dos negócios mais descarados do mundo capitalista.

Nestes tempos da globalização estamos assistindo uma concentração impressionante da indústria em torno de quatro a cinco multinacionais que estão criando um monopólio. Indústrias como Nestlé, Danone, Coca Cola, Pepsi Cola, possuem dezenas de marcas em torno de cada uma delas, que marcam o preço e a qualidade da água sem controle algum. Nos Estados Unidos mais de um terço da água engarrafada é simplesmente água de torneira tratada ou não; sendo um negócio monopolizado pela Nestlé e Danone, as líderes mundiais.

O presidente da Nestlé contra o direito da água prevê a privatização

Em uma entrevista recente o Sr. Peter Brabeck-Letmathe (foto), atual presidente do grupo multinacional alimentício Nestlé disse que “A água não é um direto, deveria ter um valor de mercado e ser privatizada”. O empresário se mostrou a favor de que haja um controle privado e mercantilista da água a nível mundial de fornecimento da água em todo o planeta.

Também disse que a ONU tem como um direito fundamental o acesso à água e, como é sabido, milhões de pessoas no terceiro mundo têm problemas diários até para bebê-la. Responsável pelas grandes enfermidades, secas e demais problemas, a falta de água é um problema a nível planetário, mas este empresário sem escrúpulos é, inclusive, a favor de colocar mais obstáculos ao seu livre acesso.

O empresário austríaco chegou a dizer que ela deveria tornar-se ainda mais cara, porque se for barateada na atualidade haverá desperdício. Ele também qualificou como “extremistas” seus críticos que pedem que a água seja um direito fundamental. Sua companhia, todavia, é a líder mundial nas vendas de água engarrafada.

Na América do Sul, as multinacionais estrangeiras estão adquirindo grandes áreas de natureza selvagem, dentre elas sistemas hidrográficos integrais que serão usadas em um futuro não muito distante. Destaca-se neste sentido o aquífero Guarani, onde as grandes multinacionais estão apropriando-se de terras para explorar a água.

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Presidente da Nestlé prevê a privatização contra o direito à água - Instituto Humanitas Unisinos - IHU