Por: Caroline | 03 Julho 2014
O passar dos dias faz com que a emoção do Mundial vá aumentando, que as pessoas esperem com impaciência a próxima partida. A fase das oitavas de final e a maneira como terminaram os diferentes confrontos, em muitos casos com incerteza até o apito final, faz com que a ansiedade aumentasse - consequência dessa mescla de emoções que envolvem o ser humano.
A reportagem é de Luis Miguel Modino, publicada por Religión Digital, 02-06-2014. A tradução é do Cepat.
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Fonte: http://goo.gl/FjiEWM |
Contudo, às vezes alguém pode se surpreender com situações nas quais as pessoas vivem e com as atitudes inesperadas que estas pessoas têm. Digo isto por uma situação pela qual passei nestes dias. Cheguei a uma comunidade na zona rural e o tema da conversa, como habitual, foi o Mundial. Todo mundo opina e mostra seu orgulho patriótico, repetindo constantemente que o Brasil será campeão.
Perguntei se eles estavam gostando das partidas e dos jogos da seleção, eles me responderam, com grande surpresa da minha parte, que não tinham luz em casa. É verdade que nos últimos anos o governo brasileiro levou energia elétrica a muitos lugares onde até pouco tempo não havia, mas ainda não conseguiram chegar a todo mundo, muitas vezes por falta de vontade de resolver os problemas concretos das pessoas. Neste lugar seria fácil levar energia, pois não é um lugar remoto, não estou falando de um lugar perdido em meio à selva amazônica.
Na minha opinião isto supõe uma luta interna para estas pessoas. De um lado se sentem parte de um país que empurra sua seleção, enquanto essa nação os priva de elementos que podem melhorar sua qualidade de vida a nível básico e pelos quais lutam há vários anos.
É o Mundial dos que não contam, daqueles que esquentam uma partida após a outra, mas que nunca entraram em campo. Eles também vestem a camisa, mas tem que se conformar em viver de ilusões, que sabemos que não serão realizadas. O mais surpreendente é que se sentem formando parte do espetáculo, se importar-se muito com qual é seu papel.
Afinal, este é apenas um episódio a mais dentro de uma realidade na qual muitos sofrem as consequências de um sistema social injusto, no qual a massa é usada em benefício do sistema. No país do Mundial, conseguir que as pessoas se “iludam” com coisas diferentes ajuda para que deixem de pensar, consequentemente, de lutar por aquilo que é prioritário em suas vidas.
Sentir-se participante de um gol que nunca viram os faz soltar as tensões acumuladas e inundar-se de uma falsa alegria que, no fundo, os leva a perpetuar seu sofrimento.