Por: Caroline | 25 Fevereiro 2014
"No seu passaporte argentino não há o nome de Francisco, mas o de Jorge Bergoglio. Estaria ele pensando em um papado com data de encerramento, como nas democracias modernas, que possuem um período de cinco ou seis anos? Talvez não queira que aconteça o mesmo que ocorreu com Bento XVI que, ao renunciar, teve que ficar no Estado vaticano, pois já não tinha nacionalidade alemã". A reflexão é de Adrián Vitali, ex sacerdote argentino, em artigo publicado por Página/12, 24-02-2014. A tradução é do Cepat.
Eis o artigo.
Por que Francisco de Roma quer voltar a ser Jorge Bergoglio? Quando um cardeal é eleito Papa pelo conclave, deve acatar sete pontos.
1. A adoção de um novo nome.
2. Aceitar a perda da conexão com seu país de origem.
3. Supervisão diária de seu trabalho.
4. Designar um confessor particular. (É a única pessoa que pode absolver o Papa).
5. Ostentação do poder absoluto.
6. Poder absoluto para modificar as normas e leis da Igreja.
7. Não poder ser julgado por nenhum homem ou tribunal.
Quando Jorge Bergoglio aceitou ser Papa, teve que concordar em cumprir com este regulamento.
Mudou o nome de Jorge pelo de Francisco e perdeu a nacionalidade argentina pela vaticana. Há quase um ano de sua eleição, por que o Papa quer recuperar não apenas sua nacionalidade, mas também seu nome?
Porque no seu passaporte argentino não há o nome de Francisco, mas o de Jorge Bergoglio.
Estaria ele pensando em um papado com data de encerramento, como nas democracias modernas, que possuem um período de cinco ou seis anos? Talvez não queira que aconteça o mesmo que ocorreu com Bento XVI que, ao renunciar, teve que ficar no Estado vaticano, pois já não tinha nacionalidade alemã.
Talvez pretenda ter a dupla nacionalidade para não ficar recluso em algum mosteiro vaticano, como seu sucessor?
Ao reivindicar sua nacionalidade, está reivindicando seu nome, ao qual renunciou pelo de Francisco.
Talvez, com esse gesto, queira igualar-se a qualquer cidadão do mundo, mas o que conseguiu foi distinguir-se totalmente. Porque passou a ser uma pessoa com dois documentos, mas com nomes diferentes. Um chefe de Estado com dupla nacionalidade não é algo comum, e que tenha dois nomes diferentes tão pouco é frequente.
Que viaje para outro país não como chefe de Estado do Vaticano, mas como cidadão argentino, parece pouco prolixo diplomaticamente.
O gesto de despojar-se dos privilégios diplomáticos para viajar como um cidadão comum pode ser lido como um gesto de humildade. Contudo mais importante seria o gesto de retirar a nacionalidade vaticana dos cardeais que foram denunciados por encobrir os sacerdotes pedófilos em seus países, como o ex-arcebispo de Boston, Bernard Francis Law, acusado de ter encoberto 250 padres pedófilos e que atualmente reside no Vaticano. Dessa maneira estes cardeais, como qualquer cidadão, devam prestar contas à Justiça de seus países, sem a imunidade diplomática que hoje lhes é oferecida pelo Vaticano.
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Por que Francisco quer ser Jorge? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU