Por: André | 27 Janeiro 2014
“Não podemos considerar as divisões na Igreja como um fenômeno de certo modo natural, inevitável em qualquer forma de vida associativa”. As divisões ferem o Corpo de Cristo e “ferem o testemunho que somos chamados a dar ao mundo”. As afirmações são do Papa Francisco na homilia das vésperas celebradas na Basílica de São Paulo Extra-muros, que concluiu a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que este ano teve como leva: “Cristo não pode ser dividido”.
Fonte: http://bit.ly/1hX00ct |
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 25-01-2014. A tradução é de André Langer.
Bergoglio recordou o forte apelo do Apóstolo dos gentios que se encontra no começo da Primeira Carta aos Coríntios. Paulo manifesta sua tristeza após se inteirar de que os cristãos de Corinto estavam divididos em facções. “Nem sequer os que se remetem a Cristo merecem o elogio de Paulo, pois usam o nome do único Salvador para distanciar-se de outros irmãos na comunidade. Em outras palavras, a experiência particular de cada um e a referência a algumas pessoas importantes da comunidade convertem-se em critério para julgar a fé dos outros”.
Nesta situação de divisão, o Apóstolo “exorta os cristãos de Corinto”, “em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo”, a serem unânimes no falar, para que não haja divisões entre eles, mas que estejam perfeitamente unidos em um mesmo pensar e mesmo sentir (1 Cor 10)”. Uma comunhão, explicou Francisco, que “não pode ser fruto de estratégias humanas. Com efeito, a perfeita união entre os irmãos só é possível quando se remetem ao pensar e sentir de Cristo Jesus (cf. Fl 2,5). Esta tarde – explicou Bergoglio – enquanto estamos aqui reunidos em oração, nos damos conta de que Cristo, que não pode ser dividido, quer atrair-nos a si, para os sentimentos do seu coração, para o seu abandono total e confiado nas mãos do Pai, para o seu desejo radical por amor à humanidade. Só Ele pode ser o princípio, a causa e o motor da nossa unidade”.
“Nossas divisões – exclamou o Papa – ferem o corpo de Cristo e ferem o testemunho que somos chamados a dar ao mundo”. Na sequência, Francisco insistiu: “Cristo não pode ser dividido! Esta certeza deve animar-nos e sustentar-nos a continuar, com humildade e confiança, o caminho para o restabelecimento da plena unidade visível entre todos os crentes em Cristo”. Só o Espírito pode levar “à diversidade reconciliada”, disse o Papa; “o Senhor espera a todos, acompanha a todos”. E citou os beatos João XXIII e João Paulo II e João Paulo II, que dentro de pouco tempo serão santos. Ambos “guiaram com determinação a grei católica pelo caminho ecumênico. O Papa João, abrindo novos caminhos, antes quase impensáveis. O Papa João Paulo II, propondo o diálogo ecumênico como dimensão ordinária e imprescindível da vida de cada Igreja particular”. Mas Bergoglio também associa a disposição de Paulo VI, “outro grande protagonista do diálogo”, cujo abraço no Patriarca Atenágoras, que aconteceu em janeiro de 50 anos atrás, em Jerusalém.
“A obra destes meus predecessores – explicou Bergoglio – fez com que o aspecto do diálogo ecumênico tenha se convertido em uma dimensão essencial do ministério do Bispo de Roma, que hoje não se compreendesse plenamente o serviço petrino sem incluir nele esta abertura ao diálogo com todos os crentes em Cristo. Também podemos dizer que o caminho ecumênico permitiu aprofundar a compreensão do ministério do Sucessor de Pedro, e devemos confiar em que continuará agindo neste sentido no futuro”. Assim, pois, “sem ocultar as dificuldades que hoje atravessa o diálogo ecumênico, peçamos que todos sejamos impregnados pelos sentimentos de Cristo, para poder caminhar rumo à unidade que Ele quer... Caminhar juntos e fazer unidade”.
Participaram da missa na Basílica o metropolitano Gennadios, representante do Patriarcado Ecumênico, e o representante pessoal em Roma do Arcebispo de Canterbury, David Moxon, em companhia de outros expoentes das diferentes Igrejas e comunidades eclesiais. “Rezamos no sepulcro de Paulo – concluiu o Pontífice. A unidade não virá como um milagre; a unidade vem no caminho, torna-a possível o Espírito Santo no caminho. Se não caminharmos juntos, se não rezarmos uns pelos outros, a unidade não chegará...”.
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“As divisões na Igreja não são um fenômeno inevitável”, diz Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU