Por: André | 05 Dezembro 2013
Prossegue em pleno ritmo, mas sem que se veja nenhuma conclusão apressada, o trabalho do conselho dos oito cardeais que o papa nomeou para que o ajudassem na reforma da cúria e no governo da Igreja universal. Depois de um primeiro encontro em outubro, os “oito sábios”, coordenados pelo hondurenho Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, voltaram a se reunir nesta terça-feira (e continuarão os trabalhos até esta quinta-feira) no Vaticano para realizar uma espécie de análise de todos os dicastérios romanos, começando pelas congregações, que, previsivelmente, desembocará numa racionalização do organograma vaticano. O processo, de qualquer maneira, não durará “poucos meses” e continuará depois da reunião prevista para fevereiro, que acontecerá poucos dias antes do consistório de Jorge Mario Bergoglio para a criação de novos cardeais. Este percurso, indicou o porta-voz vaticano, o padre Federico Lombardi, durante o encontro com os jornalistas, “exigirá ainda tempos bastante longos”.
A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi e publicada no sítio Vatican Insider, 04-12-2013. A tradução é de André Langer.
O grupo dos “oito sábios” começou na terça-feira a análise da reforma da cúria partindo da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Entre a terça-feira à tarde e a manhã da quarta-feira, o grupo de conselheiros passou a ocupar-se da situação das Congregações para as Causas dos Santos, para a Educação Católica e para a Evangelização dos Povos (“Propaganda Fide”). O trabalho “continuou tomando em consideração as diferentes congregações, uma após a outra, sem critérios de prioridade por motivos particulares”, explicou Lombardi. Os cardeais conselheiros, continuou, estão procedendo “com certa rapidez não porque o exame seja simples ou superficial, mas porque se trata de uma primeira rodada “de considerações, que serão aprofundadas” no futuro. “Creio que com hoje [ontem] e amanhã [hoje], os cardeais terão dado uma primeira repassada” na situação das congregações e, “segundo o tempo à disposição, também sobre os pontifícios conselhos. A reunião de fevereiro, portanto, será a ocasião para enfrentar a questão da eventual reestruturação do IOR e dos dicastérios econômicos da Santa Sé”.
Lombardi insistiu em que, de qualquer maneira, não estão previstas audiências com os encarregados dos dicastérios romanos. “O Papa sempre tem ao seu lado os encarregados dos dicastérios, a cúria sempre está presente e o Papa encontra-se com os encarregados com frequência, porque não é que estejam quem sabe aonde...”. Além destas ocasiões e do material (opiniões, memorandos, informações por escrito ou referidas pessoalmente) que os oito cardeais conselheiros receberam dos encarregados dos dicastérios, uma maior participação destes últimos, disse o jesuíta, “faria com que o processo se tornasse extremamente ‘maquinal’”. Ao responder a uma pergunta (sobre a relação entre a falta de nomeação ou de confirmação dos encarregados dos dicastérios e uma possível reforma do dicastério em questão), Lombardi indicou que não há nenhuma “relação”, porque a preparação de uma nova constituição apostólica que substitua a vigente “Pastor Bonus” poderia demorar bastante tempo, “ao passo que os responsáveis pelos dicatérios trabalham diariamente”.
Na terça-feira à tarde, entretanto, o C8 recebeu o novo Secretário de Estado, Pietro Parolin, “para um encontro relativamente curto”, com o qual se manifestou “desejo e disponibilidade” para estabelecer uma colaboração entre o grupo de conselheiros e a Secretaria de Estado, mas que não será considerada como uma participação oficial nos trabalhos por parte de Pietro Parolin. Depois da terça-feira, com a presença do Papa, o conselho dos cardeais reuniu-se nesta quarta-feira pela manhã sem Bergoglio, que estava presidindo a audiência geral na Praça São Pedro. O clima é de “grande serenidade, cordialidade e abertura: os participantes falam com muita liberdade”. Aos jornalistas que perguntaram se, depois do entusiasmo inicial, o organismo está procedendo com maior objetividade e realismo, o porta-voz vaticano respondeu que “nenhum deles, começando pelo Papa, se fez ilusões” sobre a simplicidade ou a brevidade do trabalho.
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Os dicastérios vaticanos estão sob a lupa do C8 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU