Com traições na base aliada e críticas, Temer tem seus dias de Dilma

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12 Agosto 2016

Chamado de usurpador e golpista por parte seus opositores, o presidente interino Michel Temer (PMDB) fez algo que a presidente afastada, Dilma Rousseff (PT) costumava fazer em seus discursos: respondeu às críticas em evento público dentro do Palácio do Planalto lotado de apoiadores, enquanto protestos contra ele ocorrem em boa parte do país – principalmente nas arenas olímpicas.

A reportagem é de Afonso Benites, publicada por El País, 11-08-2016.

Em sua fala, Temer cobrou mais debates de ideias do que ataques feitos por adversários. “Sem construção não há progresso. Construção da harmonia social tão desejada pelos brasileiros, construção da harmonia entre os poderes do Estado, construção da amizade fraterna entre os brasileiros, tão comum no Brasil, mas ignorado nos últimos tempos, construção da ideia de que as ideias se combatem com ideias, e não com reações físicas”, afirmou a uma plateia de empresários e trabalhadores vinculados a entidades da área de construção civil nesta quinta-feira.

O peemedebista também disse que sua intenção não é o de dividir o Brasil entre ricos e pobres. “Esse é um Governo que não tem preconceitos, esse é um Governo que quer unir as várias classes sociais para construir o país”, afirmou o interino, que assim como a petista fora vaiado na abertura de um evento de grande porte. Ela na Copa das Confederações e na Copa do Mundo. Ele, nos Jogos Olímpicos do Rio.

As similaridades com Rousseff não pararam por aí. Temer se perdeu no raciocínio em um longo discurso, esperou aplausos de seus espectadores e fez dezenas de selfies com quem o abordou ao final do encontro. Parecia um político em campanha, assim como a petista era às vésperas da admissão de seu processo de impeachment pela Câmara dos Deputados.

Em determinado momento, os olhos de Temer deixaram de se fixar nos papéis onde sua fala estava escrita e ele passou a divagar mirando a plateia. Foi quando se perdeu no que dizia, algo quase costumeiro para Rousseff. Disse que citaria dois significados de um anúncio feito pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo. Quando se deu conta, já estava fazendo a análise de três características do programa Minha Casa Minha Vida, não de duas.

Nos últimos dias, as semelhanças entre o peemedebista e a petista também chegaram ao Congresso Nacional e começaram a desenhar sombras sobre seu futuro imediato com a base aliada, após o provável desfecho do impeachment com sua ratificação no cargo. Em quase todo o segundo mandato, o Governo Dilma Rousseff sofria defecções nas votações dos projetos de lei de seu interesse na Câmara.

Em uma de suas primeiras provas de fogo, Temer também se deparou com um grupo de deputados traidores. Eram parlamentares que se autodenominam governistas, mas, na madrugada de quarta-feira, votaram contra o projeto de lei complementar 257/2016, considerado prioritário pelo governo federal. Um levantamento feito pelo blog do Fernando Rodrigues, no portal UOL, concluiu que em algumas bancadas as traições atingiram 62,5% de seus membros. Até deputados 5 dos 66 peemedebistas votaram a proposta.

Inicialmente, o projeto previa uma série de mudanças em regras que poderiam barrar reajustes salariais a trabalhadores, impedir a realização de concursos públicos e até gerar demissão em órgãos do sistema judicial. Todas elas foram retiradas da proposta, ato que foi considerado uma derrota da equipe econômica do governo. Ainda assim, alguns membros da base aliada discordaram da proposição.

As traições - no mesmo dia em que o impeachment de Rousseff avançou no Senado e a transformou em ré pelo crime de responsabilidade - não foram capazes de impedir a aprovação da proposta, que tratava da renegociação das dívidas dos Estados. Passou por 282 a 140 votos. Porém, acenderam um sinal de alerta no Palácio do Planalto. E mostraram que, mesmo propagando aos quatro ventos que está em “integrado” com o Legislativo, Temer não terá dias fáceis no Congresso, principalmente quando houver temas polêmicos.

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