10 Outubro 2023
A primeira sessão da Assembleia Sinodal do Sínodo sobre Sinodalidade entrou em seu segundo módulo. E o fez com uma missa no rito ortodoxo, na qual "pudemos saborear a riqueza de um dos ritos de nossa Igreja única e multifacetada", nas palavras do Cardeal Hollerich, Relator Geral do Sínodo, que enfatizou que "no primeiro módulo, nos reconectamos com a experiência do 'caminhar juntos' do Povo de Deus nos últimos dois anos. Trabalhamos para focar melhor a Igreja sinodal como uma visão global".
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Lembrando que até agora os membros da assembleia ganharam experiência no uso da metodologia da Conversação no Espírito, começaram a tecer relacionamentos e a criar vínculos, passando do "eu" para o "nós". Ele lembrou que nesse Módulo a composição dos Círculos Menores está mudando, insistindo na questão prioritária: "Como ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade de toda a humanidade?".
O cardeal partiu da premissa de que "a Santíssima Trindade é a base de todas as comunhões", refletindo sobre as dificuldades de viver a comunhão em um sentido prático, ao que insistiu que "todos são convidados a fazer parte da Igreja", algo que o Papa Francisco insistiu na JMJ de Lisboa e em sua homilia na missa de abertura. A partir daí, ele fez várias perguntas aos participantes, mostrando a necessidade de partir de experiências concretas, em nível pessoal e como Povo de Deus. Para isso, ele explicou como trabalhar nos próximos dias e, assim, mostrar que em diferentes contextos a pergunta feita neste módulo tem ressonâncias diferentes, valorizando a importância da pluralidade.
"Como podemos nos formar todos para uma comunhão que transborde em missão?" foi a pergunta a partir da qual o Pe. Timothy Radcliffe OP iniciou sua reflexão sobre o texto que narra o encontro de Jesus com a samaritana junto ao poço, que passou de figura solitária a primeira pregadora do Evangelho. Algo que parte das palavras de Jesus: "Dá-me de beber", insistindo que "todo o Evangelho de João se articula em torno da sede de Jesus", e que "Deus aparece entre nós como alguém que tem sede, especialmente por cada um de nós".
Nas palavras do frade dominicano, "nossos pecados, nossos fracassos, muitas vezes são tentativas equivocadas de encontrar o que mais desejamos. Mas o Senhor espera pacientemente em nossos poços, convidando-nos a ter ainda mais sede". É por isso que a formação para "uma comunhão que irradia", o tema deste módulo, "consiste em aprender a ter sede e fome cada vez mais profunda". Isso porque "o que nos isola é ficarmos presos a pequenos desejos, a pequenas satisfações, como vencer nossos adversários ou ter status".
A partir daí, ele definiu a formação para a sinodalidade como "aprender a ser pessoas apaixonadas, cheias de profundo desejo", perguntando, especialmente aos seminaristas: "como se tornar pessoas apaixonadas - apaixonadas pelo Evangelho, cheias de amor mútuo - sem desastres?” É por isso que "uma Igreja sinodal será aquela em que somos formados para um amor sem posses: um amor que não foge nem se apodera da outra pessoa; um amor que não é abusivo nem frio".
"Devemos nos treinar para encontros profundamente pessoais uns com os outros, nos quais transcendemos os rótulos fáceis. O amor é pessoal e o ódio é abstrato", enfatizou Radcliffe. O dominicano ressaltou que "muitas pessoas se sentem excluídas ou marginalizadas em nossa Igreja porque lhes demos rótulos abstratos", concluindo que "nosso papel como sacerdotes é, muitas vezes, apoiar aqueles que já começaram a colher a safra antes mesmo de acordarmos".
A reflexão continuou com a professora Anna Rowlands, que começou lembrando a pergunta do padre Radcliffe: "Podemos ter a coragem de encarar a realidade como ela é?", refletindo assim sobre a comunhão a partir da passagem das Bodas do Cordeiro. A professora de Pensamento e Prática Social Católica destacou que o módulo, que está sendo lançado, "nos leva ao coração desse paradoxo cristão básico: esperança e dificuldade, a beleza e a liberdade do chamado de Deus e os desafios de crescer em santidade".
Um texto que recupera a linguagem da Lumen Gentium e nos leva a descobrir que "a vida de comunhão nos é oferecida como a maneira abençoada de vivermos juntos em Cristo, aprendendo a 'suportar' a realidade, com doçura, generosidade, amor e coragem, para a paz e a salvação do mundo inteiro", compreender que a comunhão é "o fundamento da realidade e a fonte do ser da Igreja", e que "participar da vida de comunhão é a honra e a dignidade de nossas vidas", chamando a pensar "na comunhão como a primeira e a última palavra de um processo sinodal".
Uma comunhão que é "a beleza da diversidade na unidade", superando a homogeneidade do mundo moderno. Uma comunhão que, citando São Boaventura, nos leva a refletir sobre "como a pluralidade da criação permite que todas as diferentes cores da luz divina brilhem". Diante da competitividade do mundo, "Deus nos atrai para uma comunhão de humildade e serviço", destacou a professora do Departamento de Teologia e Religião do Centro de Estudos Católicos da Universidade de Durham (Reino Unido).
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Inicia o Segundo Módulo da Assembleia Sinodal: “Todos são convidados a fazer parte da Igreja” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU