4º domingo de Páscoa – Ano C – Subsídio exegético

06 Mai 2022

 

"Hoje há muitas vozes que querem nos desviar da voz de Jesus: o consumismo, o prazer, a ganância, a vingança, o poder. Mas estas vozes são vozes dos ladrões, dos violentos que querem nos arrebatar da mão de Jesus. Para sabermos qual voz estamos escutando e seguindo, é necessário observar se encontramos uma vida, uma alegria e uma paz que são firmes, que são 'eternas', ou se somos pessoas cada vez mais tristes e amargas. A vida que Jesus nos oferece é um novo nascimento, que faz com que sejamos pessoas novas, mais comprometidas com a verdade, a justiça e a paz. A vida que Jesus nos oferece não é um dom para ser aproveitado de modo egoísta e individualista. É um dom que deve ser partilhado. Portanto temos vida eterna quando levamos a vida eterna para os outros."

 

Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana - ESTEF:


Dr. Bruno Glaab
Me. Carlos Rodrigo Dutra
Dr. Humberto Maiztegui
Me. Rita de Cácia Ló
Edição: Prof. Dr. Vanildo Luiz Zugno

 

Leituras do dia

Primeira Leitura: At 13,14.43-52
Salmo: 99,2.4.5.6.11.12.13b
Segunda Leitura: Ap 7,9.14b-17
Evangelho: Jo 10, 27-30

 

O Evangelho


No capítulo 10 do Evangelho de João, Jesus usa uma comparação tirada do ambiente rural e pastoril: as ovelhas e o pastor. Jesus se apresenta como o pastor que conduz e protege o rebanho.

 

As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem v.27. Este versículo 27 tem seu realce no versículo 26 quando diz que os que não creem, não pertencem ao seu rebanho. Jesus diz que as ovelhas que são dele o conhecem, não só de forma teórica, mas por adesão: me seguem, comprometendo-se com o seu projeto de vida que todos tenham vida e tenham de sobra (Jo10,10). Essas ovelhas nele encontram a vida eterna. A vida eterna não significa em primeiro lugar o céu e o paraíso. Significa a força e a coragem que nos fazem caminhar com segurança no dia a dia, diante do que nos ameaça, entristece e amedronta. Portanto, não basta escutar, é necessário seguir, é necessário confiar e arriscar-se. Sabemos se escutamos e seguimos observando nosso comportamento, nosso compromisso, nossa entrega.

 

Por isso Jesus diz que as ovelhas a quem ele deu vida eterna nunca perecerão e nunca serão arrebatadas de sua mão (v. 28). Com esta afirmação, Jesus quer encorajar seus discípulos: quem escuta e segue a sua voz não enfrentará sozinho as dificuldades e os perigos, porque Jesus é o pastor que defende os seus e lhes dá a vida.

 

Hoje há muitas vozes que querem nos desviar da voz de Jesus: o consumismo, o prazer, a ganância, a vingança, o poder. Mas estas vozes são vozes dos ladrões, dos violentos que querem nos arrebatar da mão de Jesus. Para sabermos qual voz estamos escutando e seguindo, é necessário observar se encontramos uma vida, uma alegria e uma paz que são firmes, que são “eternas”, ou se somos pessoas cada vez mais tristes e amargas. A vida que Jesus nos oferece é um novo nascimento, que faz com que sejamos pessoas novas, mais comprometidas com a verdade, a justiça e a paz. A vida que Jesus nos oferece não é um dom para ser aproveitado de modo egoísta e individualista. É um dom que deve ser partilhado. Portanto temos vida eterna quando levamos a vida eterna para os outros.

 

Jesus diz que seu Pai é maior do que tudo e todos e ninguém pode arrancar as ovelhas de Jesus da mão do Pai (v.29). Quem escuta e segue a voz de Jesus conta com a força e a proteção do próprio Deus. A vida que Jesus promete é a vida do Pai. A vida que Jesus promete é maior do que a vida que as vozes do mundo podem oferecer. Mas somos nós que escolhemos qual voz queremos escutar e seguir. As ovelhas que pertencem ao rebanho de Jesus reconhecem a sua voz. É por Jesus, com Jesus e em Jesus que encontramos vida, e vida em abundância, vida eterna. Por isso, podemos repetir o que tantas vezes rezamos em nossa liturgia eucarística: “Por Cristo, com Cristo e em Cristo, a vós Deus Pai, todo-poderoso, toda honra e toda glória, agora e para sempre. Amém.”

 

Eu e o Pai somos um (v.30) Jesus é expressão perfeita do Pai (12,45). Esta união faz de Jesus a presença do Pai no mundo (14,9), o seu santuário: o Verbo tornou-se carne e armou sua tenda entre nós (1,14). Seu ser e sua atividade são a explicação do que é o Pai: amor, doação. É nas atividades de Jesus que faz presente o amor do Pai para com a humanidade. Por Jesus e em Jesus que o Pai nos ama como amou a Jesus, e demonstrou comunicando-nos o Espírito por seu intermédio (Jo 17,32.26; 19,30).

 

Relacionando com as outras leituras

 

Na unidade do Pai e do Filho, o Salmo 99 recorda o Deus altíssimo, mas ele é, acima de tudo, o Deus da Aliança que olha com misericórdia e justiça para com o seu povo. Sua Santidade é a Santidade daquele que estabelece a justiça e o amor.

 

Na oração dominical do “Pai nosso” pedimos: santificado seja o teu nome, pedimos que todos reconheçam a Santidade de Deus, que esse reconhecimento se torne denúncia contra todas as tentativas de menosprezar ou manipular a imagem de Deus e seu projeto para que todos tenham vida e tenham de sobra (Jo 10,10). Assim como oração do “Pai nosso” e o Salmo 99, confessamos Deus como soberano e pedimos que venha seu Reino.

 

O Deus Pai, soberano do universal justo e misericordioso é o nosso Deus!

 

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