No
Paquistão da pena de morte por
blasfêmia, dos
linchamentos de
cristãos e
ahmadis acusados de ofender o Profeta, dos teólogos assassinados por suas opiniões liberais, o passo era esperado. Seria um erro, no entanto, ler as notícias por um enfoque exclusivamente paquistanês. E em curso em todo o mundo uma batalha fundamental entre aqueles que querem encastelar os outros em uma
filiação religiosa, muitas vezes a fim de perseguir a fé alheia, e aqueles que ao contrário querem a liberdade, até mesmo a
liberdade do
anonimato religioso. Em uma época de passagens, trocas e hibridações, de
identidades religiosas incertas e reinventadas, torna-se forte a necessidade de delimitar e confinar. De isolar, de trancar. Aumenta a contraposição entre um
mundo religioso, principalmente
muçulmano, que rotula o indivíduo e o fixa para sempre em uma identidade, garantindo o grupo, e o
Ocidente secularizado e
multirreligioso, ao mesmo tempo defensor da
liberdade religiosa e da privacidade.
Aqui na
Europa, o
Tribunal de Justiça da
UE vai endossar a sanção por parte da autoridade finlandesa dos dados pessoais contra as
Testemunhas de Jeová que arquivam sem o consentimento dos interessados as informações obtidas através da atividade de pregação. Em
Islamabad, o juiz
Shaukat Aziz Siddiqui ameaça em uma sentença que "não será mais possível a nenhum cidadão esconder sua verdadeira
identidade religiosa".