Formação e espiritualidade do Ministro Extraordinário da Eucaristia

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03 Dezembro 2021

 

"Uma celebração sacramental e pastoral autênticas exigem boa e completa formação bíblica, teológica e litúrgica", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ao comentar o livro Ministros Extraordinários da Eucaristia (Santuário, 2021, 64 p.), de autoria dos biblistas Carlos Mesters Francisco Orofino.

 

Capa do livro Ministros Extraordinários da Eucaristia (Foto: Divulgação)

 

Eis o artigo.

 

Um excelente subsídio pastoral de formação e espiritualidade para Ministros Extraordinários da Eucaristia (Santuário, 2021, 64 p.), foi elaborado pelos biblistas Carlos Mesters e Francisco Orofino, ambos doutores em teologia bíblica. Este subsídio objetiva: a) descobrir a riqueza da eucaristia para nossa vida e saber como esse sacramento foi vivido ao longo dos séculos; b) saber como surgiu o sacramento da eucaristia no tempo da bíblia, de a primeira páscoa, até a celebração da primeira eucaristia, juntamente com Jesus na última ceia; c) saber como os primeiros cristãos celebravam a eucaristia em suas comunidades espalhadas pelas cidades da Ásia e da Europa; d) apresentar cinco (5) círculos bíblicos, cada um acentuando um aspecto importante do sacramento da eucaristia (p. 45-57).

Os referidos autores destacam que ao longo dos séculos, a eucaristia foi recebendo muitos nomes (p. 7-30). Cada um desses nomes revela uma experiência vivida pelo povo durante a celebração da Eucaristia. Eis a lista: 1) missa (p. 8-10); 2) comunhão (p. 10-13); 3) fração do pão (p. 13-15); 4) ceia do Senhor (p. 15-17); 5) ceia pascal (p. 17-20); 6) sacrifício eucarístico (p. 20-23); 7) sacramento do altar (p. 23-24); 8) mesa comum (p. 24-26); 9) ágape (p. 26-27); 10) eucaristia (p. 28-29). “São dez janelas de tamanhos diferentes, mas todas elas bem abertas para que, olhando por elas, possamos descobrir a riqueza da eucaristia” (p. 7).

Conscientes de que muita coisa mudou nos últimos anos na celebração da eucaristia, a segunda parte (p. 31-38), mostra como esses aspectos importantes da eucaristia transparecem com clareza nos quatro evangelhos e nas cartas do apóstolo Paulo quando eles falam da eucaristia. Sabedores que a primeira celebração da eucaristia aconteceu durante a ceia pascal, essa celebração aconteceu para celebrar a Páscoa lembrando a libertação da escravidão Egito. A descrição exata de como foi a primeira páscoa, é mais uma descrição de como eles deveriam celebrar a páscoa.

O que transparece com força é a consciência do povo: nós existimos, porque Deus nos libertou da escravidão do Egito, e a eterna gratidão com que deve ser celebrada a páscoa, para que o povo nunca esqueça a bondade do Senhor (p. 31-35). O livro chamado Pesach da tradição judaica descreve o rito da tradição judaica descreve o rito, com que no tempo de Jesus era celebrada a festa anual da Páscoa. A celebração era concentrada em Jerusalém, para onde confluíam os peregrinos. Os cordeiros eram sacrificados no templo pelos levitas. Em seguida, cada família levava seu cordeiro para casa e o preparava para a ceia pascal, fazendo, festa noite adentro. Era uma celebração familiar, presidida pelo pai e pela mãe da família.

Jesus segue o rito prescrito no livro Pesach, fazendo algumas mudanças. No ritual do Pesach, havia vários momentos de se repartir um pedaço de pão e de se passar um cálice com o vinho de mão em mão para que todos bebesse um gole de vinho. Em um deles Jesus, mudou o rito. Em vez de dizer as palavras do rito: “Este é o pão da miséria que nossos pais comeram no deserto”, ele disse: “Isto é o meu corpo que será entregue por vós”. E depois de terem comido o cordeiro pascal, Jesus passa o cálice com o vinho e evocando as profecias diz: “Este é o cálice da nova e eterna aliança em meu sangue que será derramado por vós e por todos para o perdão dos pecados. Fazei isto em memória de mim”. É a entrega total de si. É o corpo e o sangue de Jesus fazendo a passagem através da morte para a vida (p. 35-38).

Nos evangelhos, a instituição da eucaristia é descrita quatro vezes no Novo Testamento: em Mateus, em Marcos, em Lucas e na carta de Paulo aos Coríntios (p. 39). Nestas narrações aparecem alguns elementos importantes que mostram a importância da eucaristia: a) a eucaristia é a conclusão da nova aliança, é o novo êxodo (p. 39); b) Jesus é o servo que se entrega pelos outros (p. 40); c) na eucaristia, atualiza-se a memória de Jesus que morre e ressuscita (p. 40); d) a eucaristia é a fonte de fraternidade (p. 40); e) a eucaristia é a fonte de nossa identificação com Jesus que revelou na eucaristia seu amor por nós (p. 40). Nos evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas realçam o contraste entre o amor de Jesus e a fraqueza dos discípulos (p. 40-41). O evangelista João sugere que Jesus é o novo cordeiro pascal (p. 41-42). A primeira carta de Paulo aos Coríntios é um dos relatos mais antigos que temos da instituição da eucaristia, insiste na fraternidade e na partilha e acentua a necessidade da purificação e da conversão (p. 42-43).

 

***

 

A Igreja tem como centro vivo a Eucaristia. Em vista disso multiplicaram-se nas paróquias e nas comunidades os Ministros Extraordinários da distribuição da Eucaristia. O Documento da CNBB 108Ministério e celebração da Palavra assim descreve o perfil deste ministério exercidos por leigos ou leigas: “trata-se de um ministério confiado ou reconhecido a pessoas que prestam um serviço litúrgico e de caridade. Esses ministros distribuem a sagrada Comunhão nas celebrações da Palavra; ajudam a distribuir o Pão Eucarístico aos enfermos e, em caso de necessidade, administram o Viático; na ausência do padre ou diácono, expõe o Santíssimo Sacramento para a adoração dos fiéis e o repõem sem dar a benção; por vezes acompanhamos velórios; dão a benção aos idosos e doentes. Eles e elas cumprem um serviço importante não só nas celebrações litúrgicas, mas na vida toda da comunidade eclesial. Como ministros da Comunhão Eucarística, sejam também ministros da comunhão fraterna na comunidade eclesial, especialmente na acolhida dos afastados, na ajuda aos que necessitam, na reconciliação dos que romperam a amizade” (p. 69).

Uma celebração sacramental e pastoral autênticas exigem boa e completa formação bíblica, teológica e litúrgica. Em vista disso, este subsídio de caráter bíblico e pastoral elaborado por Carlos Mesters e Francisco Orofino prestam uma valiosa contribuição na formação e preparação para Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão.

 

 

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