20 Mai 2020
Apesar das admoestações do diretor do Centro para a Prevenção e Controle de Doenças da União Africana, John Nkengasong, a República do Burundi manterá a eleição presidencial e escolha de um novo Parlamento, agendada para esta quarta-feira, 20 de maio, quando cerca de 11 milhões de eleitores depositarão o voto em urnas.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“As eleições têm que ser adaptadas, estabelecendo limites de espaço e evitando concentrações. Se não se conseguir assegurar isso, se as pessoas não puderem votar online ou não se conseguir grande distância física, vai-se potencializar o risco e é de esperar aumentos significativos de casos (de covid-19) após as eleições”, disse Nkengason ao Jornal de Angola.
Evitar aglomerações foi tudo o que não ocorreu na campanha presidencial entre os dois principais concorrentes, Évariste Ndayishimiye, atual ministro do Interior, da Segurança Pública e chefe do Estado Maior do Exército, e Agathon Rwasa, ex-líder rebelde, candidato pelo Conselho Nacional para a Liberdade (CNL), o principal partido de oposição. Eles concorrem à vaga a ser desocupada pelo presidente Pierre Nkurunziza.
O governo entende que o país está protegido do covid-19 pela “graça de Deus”. O candidato da situação afirmou em um evento que o coronavírus matou muitas vidas em outras partes do mundo, “mas Deus protegeu Burundi desse vírus”.
No dia 12 de maio, o país expulsou quatro especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS), acusados de “interferência inaceitável na gestão do coronavírus”. Nkengasong classificou a atitude do governo do Burundi como “infeliz”. Disse que quaisquer diferenças devem ser tratadas através do diálogo ao invés de ações que afetam a resposta à pandemia.
Médicos e oposição acusam o governo de ocultar casos de covid-19 e de subnotificar os registros de óbitos. Até o momento, o país africano registrou oficialmente apenas 27 casos positivos e uma morte.
Os bispos católicos do Burundi emitiram declaração na qual conclamam os líderes políticos e @s cidad@os “para manter a esperança e a vontade de que essas eleições se realizem em segurança e em paz”.
Violando a Constituição e os Acordos de Paz de Arusha, de 2000, o presidente Pierre Nkurunziza conquistou, em 2015, um terceiro mandato, o que gerou tensões étnicas, uma profunda crise política, institucional e econômica, o que levou milhares de burundianos a deixarem o país.
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Burundi escolhe hoje um novo presidente - Instituto Humanitas Unisinos - IHU