Itália. As missas voltarão: com scanner térmico e confissões ao ar livre

Foto: Vatican Media

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10 Mai 2020

“Já comprei um scanner térmico e um nebulizador. O primeiro não é obrigatório, mas, no futuro, se eu fizer catequese com as crianças, poderá ser útil. O nebulizador, por outro lado, é capaz de higienizar a igreja, incluindo o altar e os microfones, em dez minutos. Poderá começar depois de cada missa.”

È ora di vedere Gesù | Autor: Pe. Federico Tartaglia

O Pe. Federico Tartaglia, 52 anos, autor de “È ora di vedere Gesù” [É hora de ver Jesus] (Ed. Ancora), é pároco da Igreja da Natividade de Maria Santíssima, no bairro Selva Candida, em Roma, com 20 mil habitantes, na Diocese de Porto Santa Rufina.

Antes da Covid-19, ele celebrava três missas durante a semana, cinco aos domingos. A cada ano, tem cerca de 400 crianças matriculadas na catequese. Ele conta como está se preparando para voltar a celebrar a missa a partir do dia 18 de maio, após a assinatura do protocolo entre o governo e a Conferência Episcopal Italiana (CEI).

A entrevista é de Paolo Rodari, publicada por La Repubblica, 08-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis a entrevista.

Como você está preparando os espaços da igreja?

Estamos distanciando os bancos. Conseguiremos acolher de 120 a 150 pessoas (um terço de antes). Para os outros, estamos montando um telão no teatro ao lado.

Você também vai celebrar ao ar livre?

Temos a sorte de ter um grande pórtico coberto. Com toda a probabilidade, começaremos a celebrar lá também.

Como distribuirá a eucaristia?

Quem desejar recebê-la, esperará por mim de pé. Os outros, sentados. Vou usar luvas e deixarei a eucaristia cair nas mãos dos fiéis, sem tocá-las.

Vocês previram alguma higienização inclusive durante a missa?

Vou deixar gel desinfetante sobre o altar. Nós, sacerdotes, vamos usá-lo três vezes: antes da missa, no ofertório e antes da comunhão.

Haverá um serviço de ordem?

Alguns leigos com avental terão que vigiar para que não se criem aglomerações.

Vocês adiaram as Primeiras Comunhões?

Sim, nós as faremos talvez em junho, mas mais provavelmente em setembro ou outubro.

Como vão fazer em relação às confissões?

Estamos pensando em fazê-las ao ar livre, talvez debaixo do pórtico.

Como vocês viveram as semanas de lockdown?

Desde o segundo dia, eu criei o “Diário da Quarentena” na minha página do Youtube. Todos os dias, eu leio, por 40 minutos, textos de pessoas que viveram uma quarentena no passado: Etty Hillesum, Simone Weil, Dietrich Bonhoeffer, Margherita Porete.

Por quê?

A ideia era ajudar as pessoas a saírem da quarentena diferentes. Muitas pessoas morreram. Devemos reconhecer o seu sacrifício e sair melhores.

A maioria das pessoas não quer ouvir esses discursos. Quer a normalidade de antes, e ponto final.

Eu sei. Mas nós, cristãos, sabemos o que significa fazer memória de uma morte, para que se torne razão de uma vida. Nós devemos fazer isso.

Muitos só querem esquecer.

A pressa de esquecer é nossa inimiga. O que aconteceu nesses dois meses é a nossa tragédia. Devemos instituir um dia da memória, a nossa memória, recordar esse sacrifício para que a saúde mude, para que os políticos sejam menos presunçosos, para que os médicos sejam mais preparados.

Vocês já receberam pedidos de ajuda?

Sim, muitos. Todos os dias, um fluxo de 50 a 60 pessoas às quais damos comida e dinheiro. Muitos trazem ajuda, cozinham à noite para quem não consegue. Infelizmente, muitas pessoas têm vergonha de pedir. A um pai, que recebe apenas o seguro-desemprego, deu uma cesta básica e algum dinheiro. Ele chorava. Eu gostaria de uma política que não faça ninguém chorar. Os boletos chegam velozmente, mas as ajudas, com atraso.

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