O melhor professor do mundo é Peter, franciscano do Quênia

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25 Março 2019

"Fale menos e faça mais" é o lema de Peter Tabichi, um franciscano de 36 anos que ensina matemática e física em uma escola secundária rural no Quênia. É ele, com tom falsamente brusco que esconde um homem apaixonado, concreto, mediador e realizador de sonhos alheios, o melhor professor do mundo. Ele, que doa 80% de seu salário para a comunidade do Rift Valley e quer combater a pobreza e o abandono escolar precoce através do estudo.


A reportagem é de Caterina Pasolini, publicada por La Repubblica, 24-03-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

Quem afirma isso é o Prêmio Global Teacher, concedido no último domingo em Dubai pela Fundação Varkey. Entre os 50 professores finalistas escolhidos entre quarenta mil candidatos de todo o mundo, também estava o italiano Giuseppe Paschetto.

Peter Tabichi, o professor de um milhão de dólares, é filho de professores, ensina na Escola Secundária Keriko perto de Nakuru, uma região árida, frequentemente atingida por carestias, onde 30% dos estudantes vivem no limite da subsistência, onde muitos são órfãos, uma refeição não é uma certeza e a escola, única realidade que pode mudar o futuro das novas gerações, parece um luxo que poucos podem se permitir.

Com a vitória da quinta edição, Peter recebeu um milhão de dólares: ele terá que ser investido em atividades didáticas nos territórios onde leciona. Do palco em que ele foi premiado pelo ator Hugh Jackman, o professor queniano disse: "A cada dia na África se vira uma página e se começa um novo capítulo. Hoje é outro dia. Esse prêmio não é um reconhecimento para mim, mas para os jovens deste grande continente. Estou aqui apenas graças ao que meus alunos alcançaram. Este prêmio dá a eles uma oportunidade, conta ao mundo que tudo é possível. Como professor que trabalha na linha de frente, eu vi a promessa dos meus jovens, a sua curiosidade, o talento, a inteligência e a convicção".

O professor Peter diz que os garotos da África não serão mais tolhidos por falta de expectativas e ambições: "A África produzirá os cientistas, engenheiros, empreendedores cujos nomes um dia serão famosos em todos os cantos do mundo. E as meninas serão uma grande parte desta história".

Peter é um homem de entusiasmo, fé e pragmatismo. Acompanhou seus alunos para a Feira de Ciências e Engenharia 2018 no Quênia - onde os alunos exibiram um dispositivo projetado por eles para permitir que pessoas cegas e surdas possam medir objetos. Dia após dia, entre didática e diálogo - ensina às crianças matemática, vinculando emoções e memória, culinária e química -, Peter incutiu paixão em seus alunos, os pressionou a dar o máximo até transformar a escola na primeira em nível nacional entre os institutos público.

A equipe de Ciências e Matemática também se qualificou para participar da Feira Internacional de Ciências e Engenharia INTEL 2019, no Arizona, EUA, para a qual estão atualmente se preparando. Seus alunos também ganharam o prêmio da Royal Society of Chemistry por aproveitar a vegetação local para gerar eletricidade: "Nós usamos bem pouca água".

"Austeridade é o meu modo de vida", diz ele com um sorriso quando perguntado por que ele doa a maior parte de seu salário para a comunidade. Ela é seu centro, seu fulcro.

Peter Tabichi criou um "Clube para a Paz", onde ensina os jovens a dialogar, discutir sobre esportes e agricultura. Com eles planta árvores, "símbolo de vida e amizade", mas garante que abraça – na didática - "a tecnologia e métodos modernos de ensino".

As histórias dos vencedores das quatro edições anteriores do prêmio organizado pela Fundação Varkey contam um mundo onde a escola é uma oportunidade de mudança, de esperança. De Hanan, nascida e criada em um campo de refugiados em meio à violência, opressão e tensão cotidiana, que se tornou professora "para criar uma geração que saiba viver em paz".

A Maggie MacDonnel, canadense que ensina em uma aldeia além do Círculo Polar Ártico usando o esporte para salvar jovens perdidos em um mundo que vê o fim de suas tradições e um futuro em risco. Até Andria Zafirakou, a inglesa vencedora no ano passado, que tem em seu nome o símbolo da integração que dirige em uma das escolas mais difíceis de Londres.

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