Os dominicanos e Lutero

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10 Janeiro 2017

Como se aproxima a semana de oração pela unidade dos cristãos, neste ano em que são celebrados os 500 anos da Reforma Protestante, contarei pequenas histórias sobre a relação da Ordem dos Pregadores com Martinho Lutero, que em sua época eram relevantes.

O artigo é de Martin Gelabert, frade dominicano, publicado por Religión Digital, 08-01-2017. A tradução é de Henrique Denis Lucas.


 (Foto: reprodução / Periodista Digital)

Assim que Lutero publicou suas teses sobre as indulgências, o Bispo de Brandeburgo e os dominicanos foram os primeiros a denunciá-lo. Mas não se pode dizer que todos os dominicanos tomaram partido contra Lutero, pois um jovem teólogo dominicano, Martin Bucer, foi um dos seus primeiros seguidores. Pelo contrário, o cardeal dominicano Tomás de Vio, conhecido como Caetano, no interrogatório que fez a Lutero, em Augsburgo, vendo que ele não cedia em nada no aspecto doutrinário, acabou apelando para a autoridade da Igreja. O Dr. Lutero respondeu rapidamente que nem o próprio papa, nem o conselho, são os donos da Palavra de Deus. Caetano compreendeu que a ruptura era inevitável.

Mais tarde, outros dois dominicanos, a partir de posições distintas, fizeram avançar a compreensão católica de Lutero. No início do século XX, o dominicano Heinrich Denifle, Vice-diretor do Arquivo Secreto do Vaticano e profundo conhecedor do mundo medieval, escreveu uma obra sobre Lutero muito crítica, mas bem documentada, que terminava com um terrível veredicto que se tornou famoso: Lutero, em ti nada é divino! Paradoxalmente, no mundo protestante, esta obra originou diversos estudos sérios sobre a pessoa daquele "pai espiritual esquecido". E, no mundo católico, nasceu um desejo incrível de saber quem realmente era Martinho Lutero.


(Foto: reprodução / Periodista Digital)

A partir de outro clima espiritual, um dos pioneiros do ecumenismo, o também dominicano Yves Congar, sem negar as limitações que, em sua opinião, são encontradas em Lutero, deixou de lado as simplificações injustas e ofereceu uma visão equilibrada sobre a teologia e a pessoa do Reformador. Segundo o Padre Congar, o caminho ecumênico exigia um esforço para compreender Lutero verdadeiramente e fazer-lhe justiça histórica, ao invés de simplesmente condená-lo. Não há crítica eficaz se não são assumidas as partes reais das posições que são criticadas. "Lutero, escreveu Congar, não é o Evangelho. O importante é ir até o Evangelho, junto com ele".

Duas conclusões rápidas. A primeira: o que Lutero considerava fundamental em sua teologia hoje já não é mais motivo de divisão. Ambos, católicos e luteranos, confessamos juntos que Deus nos salvará. E a segunda: apesar deste acordo importante e fundamental, a nossa distinta compreensão da Igreja e dos sacramentos é o que ainda nos separa. O que importa é que essas questões que nos separam não sejam obstáculo para que juntos possamos confessar a Jesus Cristo como salvador de todos e de cada um. E tampouco sejam obstáculo para trabalharmos em conjunto para o benefício de tantas pessoas com fome de Deus e com fome de pão. O que nos une é, sem dúvida, mais do que aquilo que nos separa.

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