23 Julho 2022
As temperaturas superiores a 40ºC registradas na Europa Ocidental no início desta semana estão sendo atribuídas às mudanças climáticas, segundo avaliaram instituições especializadas em meteorologia, incluindo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), parte das Nações Unidas.
A reportagem é publicada por Organização Meteorológica Mundial (OMM), 21-07-2022.
No Reino Unido, onde foi registrado um recorde climático nesta terça-feira (19), um estudo recente mostrou que as chances de ver temperaturas maiores do que 40ºC podem ser até 10 vezes mais prováveis no clima atual do que sob um “clima natural não afetado pela influência humana”.
Em uma mensagem de vídeo gravada para uma reunião sobre o clima esta semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que metade da humanidade já está sofrendo com inundações, secas, tempestades e incêndios florestais oriundos das condições extremas e pediu para que os países parem de jogar a culpa uns nos outros e assumam a responsabilidade pelo futuro coletivo.
A forte onda de calor que está se alastrando pela Europa, especialmente em países como Portugal, Espanha, França e Reino Unido, está ligada às mudanças climáticas. Em um comunicado publicado nesta segunda-feira (18), o serviço de meteorologia britânico (UK Met Office, em inglês) emitiu pela primeira vez na história um alerta vermelho para calor excepcional no país. As temperaturas na capital britânica superaram os 40ºC nesta terça-feira (19). Em Portugal e na Espanha, os termômetros registraram 46ºC no início desta semana, causando uma série de incêndios.
No comunicado, o órgão britânico e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) atribuíram o calor extremo às mudanças climáticas, explicando que eventos como este até podem acontecer dentro de uma variação natural climática por causa das transformações em padrões globais de temperatura, no entanto, o aumento, frequência, duração e intensidade desses eventos, em décadas recentes, estão claramente associados ao aquecimento do planeta e à atividade humana.
Nikos Christidis, cientista de atribuição climática do UK Met Office, acrescentou que um estudo recente descobriu que a probabilidade de dias extremamente quentes no Reino Unido tem aumentado e continuará a aumentar ao longo do século. As chances de ver temperaturas recordes de 40ºC ou mais no Reino Unido podem ser até 10 vezes mais prováveis no clima atual do que em um clima natural, ou seja, não afetado pela influência humana. “Mesmo com as promessas atuais de redução de emissões, tais extremos podem ocorrer a cada 15 anos no clima de 2100”, disse o cientista.
A onda de calor causou incêndios florestais também na França. Mais de 13 mil hectares foram incendiados na região de Gironde nos últimos cinco dias. Somente na sexta-feira (15), cerca de 7,3 mil hectares foram queimados. O Serviço de Meteorologia da França declarou que 15 dos 96 departamentos estavam em alerta vermelho e outros 15 em alerta laranja.
Um estudo publicado pela revista Nature Geoscience indica que a expansão do sistema de alta pressão sobre o Atlântico, nos Açores, está levando a Península Ibérica a registrar as temperaturas mais quentes dos últimos mil anos.
A área de alta pressão atualmente sobre o Reino Unido deve se mover para o centro-norte da Europa e alcançar os Bálcãs até meados da próxima semana, elevando as temperaturas também nestas regiões.
Em uma mensagem de vídeo gravada para uma reunião de alto nível sobre o clima na Alemanha, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que metade da humanidade já está sofrendo com inundações, secas, tempestades e incêndios florestais oriundos das condições extremas.
Mais de 40 ministros de nações participaram do evento ontem e foram lembrados pelo secretário-geral das Nações Unidas de seus compromissos com a redução das emissões de gases de efeito estufa. “As nações continuam jogando o jogo da culpa em vez de assumir a responsabilidade por nosso futuro coletivo”, declarou Guterres, pedindo aos países que reconstruam a confiança e se unam.
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Ondas de calor na Europa estão ligadas às mudanças climáticas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU