Breves do Facebook

Foto: PxHere

24 Novembro 2021

 

José Luis Fevereiro

SOBRE CORAÇÕES E MENTES

O massacre da favela do Salgueiro em S Gonçalo segue um roteiro conhecido. É o roteiro do massacre de My Lai em 1968 no Vietnam ou do massacre de Wiriamo em Moçambique ,1972.

Tropas americanas identificaram a existência de uma base Vietkong próximo da aldeia de My Lai de onde saiam ataques e emboscadas frequentes. Incapazes de localizar a base, os oficiais americanos resolveram retaliar a população civil massacrando 400 pessoas. Era a época em que os EUA usavam o lema "disputar corações e mentes" para vencer a guerra.

Essa mesma retórica o exército colonial português usava em Moçambique: "disputar corações e mentes" . A guerra psicológica. Em dezembro de 1972 uma emboscada da Frelimo atingiu uma coluna militar portuguesa na região. Em retaliação uma Companhia de Comandos do exército colonial atacou e matou centenas de civis na aldeia de Wiriamo . Sobreviveu um garoto de 2 anos adotado como mascote pela companhia. Seu nome era Tomé. Eu o conheci.

Um sargento da PM foi assassinado em S Gonçalo. A polícia imagina que os responsáveis saíram da favela do Salgueiro. Invadem a favela em retaliação e matam quem aparece pela frente. Foi assim meses atrás no Jacarezinho , foi assim anos atrás na Maré.

No Vietnam, em Moçambique e no Rio de Janeiro ao fracassar na disputa de corações e mentes a saída das forças militares é assassinar as mentes e os corações.

Até quando?

 

Peter Schulz

Aviso absolutamente necessário!

Lembro do bom e velho Cesar Lattes, que dizia mais ou menos assim (palavras exatas me fogem agora): "é muito bom publicar um paper, mas antes é preciso ter algo a dizer".

Nos últimos anos, observando de soslaio, fui construindo a sensação de que eu tenho muito pouco a dizer. Depois comecei a construir outra hipótese: deixou de ser necessária a observação, após a vírgula, na frase do Cesar para os que se preocupam com o Lattes.

 

Domingos Roberto Todero

PORTINARI E JOSUÉ DE CASTRO

“Denunciei a fome como flagelo fabric

Os ‘Retirantes’ de Portinari e a ‘Geografia da fome’ de Josué de Castro. Disponível aqui.

 

Iconografia da História

Roda de samba no início da década de 1930, Rio de Janeiro.

A imagem foi captada, quando as rodas eram feitas no escuro da noite, tentando escapar da vigilância policial, que considerava a manifestação cultural como indício de Contravenção de Vadiagem e depravação, fato que poderia levar um a pessoa a ficar até um mês preso.

Foi dessa forma que o samba começou a se popularizar na cidade do Rio de Janeiro. O ritmo foi dos cortiços e morros para o ouvido da população e depois difusão em rádios. O samba, apesar de ser considerado por muitos como uma depravação moral, virou referência nacional com o passar dos anos.

 

Antonio Riserio

Entrevista | Alberto Aggio: 'Apoio a ditaduras revela esquerda anacrônica', afirma historiador. Disponível aqui.

 

Iconografia da História

"Eles obedecem um preto. Os marinheiros estão sob ordens de um homem negro. Um preto!"

Esse foi o comentário de um colunista de um jornal do Rio de Janeiro no dia que João Cândido e seu corpo de marinheiros, formado por negros e nordestinos, ameaçaram bombardear a capital do Rio de Janeiro.

Confira a história desse importante personagem

João Cândido, o Almirante Negro.

João Cândido Felisberto nasceu no Rio Grande do Sul, em 1880, filho de escravizados, acompanhava o pai, que era cativo tocador de gado, nas estancias gauchas. Com apenas 13 anos, combateu no conflito denominado Revolução Federalista (guerra civil estourada no sul). Cândido sempre teve aptidão para liderar. Com 15 anos ingressou na Marinha brasileira, a instituição, na época, alistava negros, pobres e analfabetos de forma compulsória, não foi o caso de João, que ingressou de forma voluntária. Cinco anos depois do ingresso na Marinha, foi promovido a marinheiro de primeira classe e com 21 anos, em 1903, foi promovido a cabo-de-esquadra, tendo sido depois rebaixado por ter introduzido no navio um jogo de baralho.

João não se conformava com o tratamento desumano dado pela Marinha aos seus marinheiros, castigos físicos, proibição do lazer, obrigação de trabalhar por muitas horas faziam parte da rotina da instituição. Um dos instrumentos usados para açoitar marinheiros era a famosa "Chibata". Geralmente, oficiais responsáveis pelo açoite dos marinheiros eram brancos e de famílias poderosas e os açoitados eram negros e pobres, fato que configurava um forte conflito de classes sociais dentro da Marinha.

Em novembro de 1910 um marinheiro negro, de nome Marcelino, se envolveu em uma briga dentro do navio, e foi castigado com 250 chibatadas. A ação revoltou os marinheiros, que encontraram em João Cândido o líder certo para guiar o motim, os marinheiros mataram alguns oficiais e tomaram o navio Minas Gerais, grande encouraçado de guerra. João redigiu uma carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro (então capital do Brasil). O presidente em exercício, Hermes da Fonseca cedeu às condições dos revoltosos, terminando com o motim, após entrega das armas, o presidente não cumpriu a promessa e mandou prender e expulsar marinheiros que participaram do evento. Dessa forma, João organizou uma nova revolta, conhecida como revolta na Ilha das Cobras, fortemente reprimida pelo governo. O líder negro foi internado em um hospital para loucos e depois absolvido e solto, pois houve pressão social pró libertação.

O resultado da revolta da Chibata foi a melhora significativa no tratamento dos marinheiros e soldados das forças armadas brasileiras. João tentou ingressar na vida política e participou de outros momentos importantes na história do Brasil. Sua imagem foi usada nos anos posteriores como símbolo de resistência política à opressão. Foi perseguido durante o Estado Novo Varguista, renegado pela Marinha e morreu como vendedor de Peixe, na cidade de São João do Miriti, Rio de Janeiro.

O Almirante Negro ganhou uma estátua na Praça XV, no centro do Rio, e seu nome batizou um petroleiro. A anistia póstuma aos revoltosos foi assinada em 2008 pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva. A família de João Cândido luta até hoje por uma indenização do Estado.

Homenageado por Aldir Blanc, João Bosco e Elis Regina na composição "Mestre sala dos mares", João Cândido foi importantíssimo para a história do país e se tornou símbolo de lutas populares para negros e pobres de todo o Brasil.

"Mas salve

Salve o navegante negro

Que tem por monumento as pedras pisadas do cais"

Temos um vídeo sobre a revolta da chibata, que você poderá entender melhor o evento que destacou esse importante personagem .

Confira:

 

Rosane Pavam

O novo astro já tinha sido detectado pela primeira vez em 2014, mas havia poucos informações sobre ele. Até este ano, ele era apenas um pontinho luminoso em milhares de fotos do céu tiradas por telescópios que observam o universo. Por isso levava a alcunha provisória, um número. Agora, a partir da análise do brasileiro, sabemos que ele tem cerca de 4,5 bilhões de anos e um diâmetro de 150 km (distância entre Rio de Janeiro e Cabo Frio ou São Paulo e Bertioga), o maior já registrado.

Ele também está vindo na direção da Terra, mas não há com o que se preocupar. Os dados mostram que o cometa chegará ao ponto mais próximo do Sol em janeiro de 2031, e, ainda assim, será a uma distância de 11 UAs (cerca de 1,5 bilhões de quilômetros, próximo da órbita de Saturno).

Via Claudia Lage

O cientista brasileiro que descobriu o maior cometa já visto no Universo: 'Foi pura sorte, um acaso'. Disponível aqui.

 

Gregor Gomes

Via Rosane Pavan

Sergio Moro (copiem e colem)

1- Anulou todas as sentenças do caso Banestado, que desviou mais de 500 bilhões; apenas tucanos envolvidos.

2- Anulou as perguntas de Cunha a Temer, dizendo que ele estava constrangendo o presidente.

3- Tinha todas as provas contra Andrea Neves, irmã de Aécio, desde 2015 e não a prendeu ou sequer pediu investigação; ela foi presa pelo STF.

4- Absolveu a mulher de Eduardo Cunha ignorando contas na Suíça e parecer do MP suíço dizendo que ela é quem as operava.

5- Absolveu a mulher de Cabral, mesmo ela comprovadamente sendo líder de um esquema que comprava juízes e promotores e tendo mansões e mais de 11 milhões em joias.

6- Quase 4 anos de Lava Jato, nunca prendeu, indiciou ou condenou nenhum tucano.

7- Ignorou vídeo de ex-presidente do PSDB pedindo 10 milhões em propinas e o absolveu por "falta de provas".

8- Diminui em 90% a pena de bandidos que delatarem Lula, como Léo Pinheiro, Roberto Duque, etc. Mas só se delatar Lula.

9- Soltou Yousseff duas vezes e diminuiu sua pena no caso Banestado de 121 anos para apenas 1 ano.

10- Quando descobriu que o maior desvio da Lava Jato, os 16 Bilhões da Refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, envolvia somente o PSDB e PP, Moro atribuiu a culpa a defuntos e realizou um julgamento no dia 22 de abril de 2015 em absoluto segredo, implicando apenas uns gatos pingados, sem citar nenhum político, dando o caso por encerrado. A imprensa ocultou.

Este é Sergio Moro.

Por: Lacildo B. Mattos

 

Paulo Rezzutti

Há 130, em 23 de novembro de 1891, o marechal Deodoro da Fonseca, primeiro presidente brasileiro, renunciou devido à primeira Revolta da Armada, promovida por membros da Marinha contra o governo. A revolta foi uma reação à maneira despótica com que Deodoro governava. Em meio a uma grave crise institucional, agravada por uma crise econômica, e sem jogo de cintura para negociar com a oposição, Deodoro rasgou a Constituição recém-promulgada e ordenou o fechamento do Congresso, desencadeando a Revolta da Armada.

Unidades da Marinha na baía de Guanabara, lideradas pelo almirante Custódio de Melo, ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Para evitar uma guerra civil, o marechal Deodoro optou por renunciar à Presidência da República. O cargo foi assumido pelo vice-presidente Floriano Peixoto. A Constituição de 1891, no entanto, garantia que, se a presidência ou a vice-presidência ficassem vagas antes de se completarem dois anos de mandato, deveria ocorrer uma nova eleição, o que fez com que a oposição começasse a acusar Floriano de estar ilegalmente no cargo. Essa não seria a última vez que a Armada se levantou. A segunda revolta foi em 1892 e foi duramente reprimida por Floriano Peixoto. Ainda houve uma terceira revolta envolvendo a Marinha, a chamada Revolta da Chibata, que ocorreu em 1910. Tem um vídeo sobre ela no meu canal no YouTube.

#revoltadaarmada #republicavelha #DeodoroDaFonseca #DomPedroII #NosTemposDoImperador #MarechalDeodoro

 

Luciano Bitencourt

A título de contribuição para esse debate crucial, comentário do professor Alberto Klein, do departamento de Comunicação da UEL, sobre seu artigo: (Um outro olhar sobre os pentecostais: um desafio para o nosso tempo. Artigo de Faustino Teixeira, Disponível aqui).

"Muito bom. Só não consigo compreender tais fenômenos como “religiosos”. No mínimo, deve-se reconsiderar o conceito. Isso pra mim tá muito mais associado às novas formas de consumo imaginário. Pra mim, é o desencantamento total de um mundo que não “religa” o sujeito à nada, senão ao mercado da fé. Tem um livro bacana sobre isso. Mediosfera, da Malena Contrera".

 

Rosane Pavam

Um hospital da Baviera teve de transferir dois pacientes gravemente enfermos com covid-19 para outros locais no norte da Itália por causa da falta de leitos na unidade de terapia intensiva. É a primeira vez que isso acontece em um país que em ondas anteriores conseguiu ajudar seus vizinhos internando pacientes estrangeiros. Agora ocorre o contrário. O hospital de Freising, 40 quilômetros ao norte de Munique, não encontrou vaga nos hospitais alemães próximos e teve de enviar um paciente de helicóptero para Bolzano e outro de ambulância para Merano, no norte da Itália.

via Angela Righi Marco

 

Daniela Câmara Ferreira

Quase 1/3 da Alemanha não vacinou.

 

Sandra Maribel Funghetti

Novamente. Estou vendo o Brasil fevereiro de 2022 quando isso vai passar.

 

Gilvander Moreira

 

Domingos Roberto Todero

Leonardo Sakamoto

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), desafiou, em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada nesta segunda (22) e realizada na última sexta (19), a qualquer parlamentar vir a público para dizer que "alguém ofereceu emendas em troca de votar uma matéria". Teve o pedido rapidamente atendido.

O site The Intercept Brasil publicou, no sábado (20), uma entrevista exclusiva com o deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), ex-líder do PSL, confirmando que o governo Bolsonaro liberou emendas em votações importantes. A da Reforma da Previdência custou R$ 20 milhões em emendas para cada, por exemplo.

A coincidência foi percebida pelo repórter Guilherme Mazieiro, do Intercept, que entrevistou Waldir nos meses de outubro e novembro, em sua conta no Twitter. O ex-bolsonarista afirmou a ele que votos para a eleição do próprio Lira para o comando da Câmara foram vendidos a R$ 10 milhões em emendas do orçamento secreto para cada deputado. E que ele mesmo recebeu a oferta.

Delegado Waldir é mais um dos nomes da longa lista de ex-aliados que Bolsonaro foi deixando pelo caminho e que tem voltado para assombrá-lo. Ficou famoso o áudio de uma reunião, em outubro de 2019, em que ele aparece chamando o presidente de "vagabundo" e dizendo que iria implodi-lo.

A gravação foi divulgada por Daniel "Surra de Gato Morto" Silveira (PSL-RJ), que ficou famoso por rasgar uma homenagem a Marielle Franco e ser preso por ameaçar ministros do STF. Naquele momento, Waldir estava revoltado pois o presidente estaria articulando sua destituição como líder do partido pelo qual se elegeu.

Congressistas mandaram bilhões de reais aos seus redutos eleitorais, sem transparência ou possibilidade de controle público, através das emendas de relator. O "orçamento secreto", que funciona como um Bolsolão, o mensalão de Jair, foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo, em uma série de reportagens a partir de maio deste ano.

Entre as revelações, estava a compra, através dessas emendas, de tratores e equipamentos agrícolas superfaturados, sob a suspeita de que parte dos recursos voltaria aos parlamentares. Após ações movidas por partidos de oposição, o plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou liminar suspendendo a farra. O que irritou Lira e Bolsonaro.

Por conta da reportagem do Intercept, o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) entrou, neste final de semana, com uma representação contra Lira e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos, pedindo apuração da prática de improbidade administrativa e de crime de responsabilidade.

"Estamos diante de um dos maiores esquemas de compra de votos no parlamento da história da República. Um esquema que corrompe a liberdade de voto no parlamento e a separação dos poderes prevista na Constituição", afirma Valente.

(Leia a íntegra do texto no post do blog)

 

Cesar Benjamin

E O CRIVELLA?

Às vezes, lulistas se parecem com bolsonaristas.

Eu posso fazer o post que quiser, sobre qualquer assunto, e eles ficam quietos. Acho que poderia ofender Jesus Cristo ou dizer que Maradona foi melhor que Pelé, e eles permaneceriam quietos.

Mas eu cometi o pecado de dizer que certas posturas do Lula deseducam politicamente o povo brasileiro.

Pronto.

Nesses raros casos em que cito Lula, chovem indignações e insultos.

Foi uma crítica cavalheiresca, comedida e educada, muito aquém das críticas que circulam por aí. Mesmo assim, é pecado capital.

Gritam, nervosos: E o Crivella? E o Crivella?

Crivella andou juntinho do Lula durante anos, como um dos seus melhores amigos. Foi líder informal do então presidente no Senado. Nomeou muita gente para o governo. Não faltam fotos, vídeos e pronunciamentos juntos, apoios recíprocos, campanhas compartilhadas, mãos unidas levantadas, coraçõezinhos com os dedos: Crivella, Lula, Dilma, Sérgio Cabral, Pezão e mais um mundo de homens e mulheres de bem...

Por indicação de Lula, Crivella, em pessoa, ganhou do PT um Ministério inteiro para comandar. Um Ministério inteiro.

Aí, tudo bem. Lula pode tudo.

Mas se o César aceitou doar um período da vida para melhorar a educação pública do Rio de Janeiro, sem fazer concessões ou buscar qualquer tipo de vantagem, ah, isso o desqualifica, pois o prefeito era o Crivella.

É como se existissem dois Crivellas, o do Lula e o outro.

É puro pretexto: muitos antes disso, eu já era desqualificado – psicopata! rancoroso! –, pois fui da direção do PT e não aceitei conviver com os esquemas de corrupção que se espraiavam.

Este foi o meu verdadeiro e imperdoável crime, para esta gente canalha.

Quanto ao Crivella, mostrou-se um bandido. Lamento que não vá para a cadeia. Afinal, nos últimos dois anos, a ação conjunta das bancadas lulista e bolsonarista no Congresso eliminou qualquer possibilidade de punição para os corruptos. Unidos, eles dizem, venceremos!

Quando a foto abaixo foi tirada, Lula tinha 80% de apoio na sociedade. Tinha ampla margem de liberdade para escolher a quem apoiar. É ou não é um deseducador do povo?

 

Ulisses Capozzoli

UM LIVRO PARA AMPLIAÇAO DA CONSCIÊNCIA

"A instabilidade do vazio permite afirmar que o Universo estava condenado a existir".

Como costuma fazer boa parte dos leitores de livros, também tenho o hábito de um conjunto de marcações a lápis, à margem do texto, para indicar trechos de maior interesse, o que inclui barras (de uma a três), uma diversidade de “xis” e balões que abrangem referências mais sintéticas, como título de uma obra ou autor. É uma boa estratégia, ao menos em termos pessoais. Quando tiver de eventualmente consultar a obra, o que costumo fazer sempre, vou direto ao que interessa. Ao concluir a leitura de “Quantum e Cosmos – Introdução à metacosmologia”, do professor e cosmólogo brasileiro Mario Novello, me dei conta de que praticamente cada uma das 176 páginas tinha uma ou várias marcações, o que confirma a bela e radical importância desse trabalho. Uma postagem no Face não pode ser longa, por isso vou me esforçar para destacar a dimensão dessa obra num espaço que não assuste um leitor menos interessado na mais fascinante das questões da ciência: a origem e transformação do Universo, que os gregos chamaram de Cosmos (“Kosmos”). Uma primeira questão, envolvendo o título da obra: a que o autor se refere por “metacosmologia”? No comentário inicial, de um trabalho organizado com esmero de um professor experiente para facilitar a vida de seus alunos, aparece a definição: “Podemos distinguir a cosmologia, que trata deste Universo (o universo em que vivemos, supostamente o único) e a metacosmologia que trata de todos os universos compossíveis” (a última expressão para se referir aquilo que pode coexistir, ou conciliar, a partir de uma interpretação de Leibniz, polímata e filósofo alemão 1646-1716).

A mídia, quase sempre, refere-se à gênese cósmica a partir de um “Big Bang”, literalmente uma “Grande Explosão”, expressão desdenhosa do cosmólogo britânico Fred Hoyle (1915-2001) que, ironicamente, acabou prevalecendo. Hoyle defendia outra teoria, propondo um universo eterno, o que o professor Novello também faz, mas por processos distintos e de uma beleza surpreendente. A propósito, um dos físicos mais importantes do século passado, o britânico Paul Dirac (1902-1984) costumava dizer que a beleza, enquanto harmonia no interior de uma teoria, é uma das evidências mais consistentes de sua veracidade. O professor Novello defende, como muitos de seus colegas, o que se chama de “Universo Boucing”, oscilante, algo como um “universo elástico”, capaz de se distender a um certo limite e contrair-se a um outro, mas sem formar o que os cosmólogo, em geral, identificam como singularidade. Eventualmente, a cada expansão e contração, quando renasce como uma Fênix, um universo diferente do anterior. Apenas essa abordagem, o que não é pouco, traz uma dinâmica que mesmo uma palavra como “fascinante” é incapaz de traduzir. Em essência, a interpretação que ele oferece é que o Universo não foi criado há muito tempo e envelhece como qualquer evento que nos é familiar na Terra, mas que é “quase vivo” e não cessa de se transformar. O que isso significa para cada um de nós, que vivemos na superfície de um grão de sal com a pretensão de uma espécie de centralidade de algo que não tem centro algum? Significa, e esse é um dos fascínio deste trabalho do professor Novello, que a história do Universo e das sociedades humanas possa ter um surpreendente paralelo: tudo está em transformação, submetido a um conjunto de princípios e leis. No caso de cada um de nós, o que está por trás de tudo é a suposta possibilidade de nos inteirarmos de como isso se dá. Até porque não estamos no Universo, condição de que pessoas mais cultas tem conhecimento. A questão, aqui, é mais perturbadora: somos, de muitas maneiras, parte do corpo do Cosmos. Algo como um cometa, uma estrela, matéria e energia o que significaria dizer que, em um universo bouncing, de uma forma além dos limites da compreensão a que estamos aprisionados, sempre estivemos/estaremos aqui. Seja lá o que isso queira dizer.

A grande fortuna que reuni ao longo da vida é minha biblioteca. No interior dela posso viajar no espaço-tempo com a liberdade de um grão de luz: um fóton. Boa parte dos meus livros trata de ciência, além de história e, evidentemente, literatura. Agora, há menos de uma semana, faz parte dela o livro do professor Novello que, como outros menos de meia dúzia, vou reler muitas vezes, num esforço de compreensão daquilo que me escapou e com a consciência de que não terei absorvido/processado tudo o que está ali. Um livro não é estático, destituído de movimento, como pode parecer. E a dinâmica de cada um deles está na possibilidade de uma sempre renovada intepretação, quando nos damos conta de que algo essencial passou despercebido. Não foi inteiramente assimilado, processado e tornado de muitas maneiras consciente. Por que um aparentemente pequeno livro, de menos de 200 páginas, tem esse poder de desdobramento quase infinito de ideias? Por engenho e arte de quem o criou. Neste sentido, um paralelo com “Pedro Páramo” do mexicano Juan Rulfo, que renovou a literatura com seu realismo mágico. O professor Novello, em toda a comunidade astronômica brasileira tem a formação mais ampla que já conheci e justifica a expressão “polímata”, que usei no começo deste texto para me referir ao talento de Leibniz. Física, matemática, filosofia, literatura e psicanálise, um humanismo do Século das Luzes, emerge de seus escritos com a espontaneidade das flores que brotam no campo com as primeiras chuvas da primavera. Pode parecer exagero. Não creio que seja. “Quantum e Cosmos – Introdução à Metacosmologia” é algo fundamental também à comunidade astronômica nacional como estímulo a uma reflexão necessária, enquanto promessa de reconstrução do pensamento, gestado durante o confinamento da pandemia e próximo ao final de um período de trevas identificado pela figura de um reles paraquedista. Um aventureiro sem a menor importância, saído do universo miliciano, que, com o golpismo histórico de militares no Brasil, se apossou, criminosamente, da cadeira presidencial.

IMAGEM de campo profundo, obtida pelo telescópio espacial Hubble em 2014, na direção da constelação austral de Fornax (Fornalha), cobrindo do ultravioleta, passando pela luz visível e chegando ao infravermelho próximo. Galáxias mais de 10 bilhões de vezes mais fracas que estrelas detectáveis a olho nu, exibindo um Universo com idade de uns 100 milhões de anos.

 

Ulisses Capozzoli

"Um homem sem utopia é mais assustador que um homem sem nariz".

G. H. Chesterton

 

Gabriel Entin

Algunas notas tras las elecciones en Chile

Creo que la elección presidencial en Chile no es entre derecha e izquierda sino entre democracia representativa y autoritarismo populista. Tras los resultados electorales, Kast, quien obtuvo el primer lugar con el 27,9% de los votos, pronunció su discurso -sin mascarilla- revelando los rasgos de este autoritarismo populista. 1-La construcción e identificación de un enemigo para la nación: “Chile es un país de personas de bien” que se enfrenta al “comunismo”, a los “terroristas asesinos”, a los “delincuentes” y “narcotraficantes”. 2-La ausencia de reconocimiento de todo aquello que da vida a una democracia: su diversidad, multiplicidad y conflictividad: “Chile es uno solo”, “Chilenos” (nunca habló de “chilenas”), “No hay otra opción presidencial”. 3-Un discurso belicista y mesiánico en nombre de la libertad, la democracia, la paz y el orden: “Llegó la hora de que juntos recuperemos Chile”, “Algunas de las decisiones que quizás no se enteren, serán por algo más importante”, “Pueden estar tranquilos porque todo va a estar bien”. Boric, que salió segundo con el 25,7% de los votos -dio su discurso con mascarilla apelando tanto a hombres como a mujeres- explicó que la elección no se trataba de “votar contra algo” sino de una “disputa por la democracia”. Mencionó cuatro conceptos que estuvieron ausentes del discurso de Kast y que sintetizan uno de los movimientos democráticos ciudadanos más potentes en América Latina en lo que va del siglo, el estallido social de octubre de 2019: “Justicia, Igualdad, Dignidad” y “Asamblea Constituyente”. Con una participación del 47% del electorado, el resultado del ballotage del próximo 19 de diciembre está abierto. Se trata de una elección que trasciende el contexto chileno. El autoritarismo populista, que surge de la propia democracia, cada vez más se convierte en una amenaza global para ella. Por eso la elección presidencial en Chile no es sólo entre Kast o Boric, sino entre la ilusión autoritaria de un régimen de paz, orden y tranquilidad -concentrada en la Constitución de la dictadura de 1980, aún vigente-, y la convicción en una sociedad democrática que no imponga valores ni identifique enemigos, sino que busque continuamente darle sentido a la justicia, la igualdad y la dignidad.

 

Faustino Teixeira

Nesse novembro tivemos uma linda notícia, a justa homenagem indicada pela Faculdade de Medicina para a minha companheira querida, de mais de quatro décadas, Teita, com a decisão de entrega da maior honraria da Universidade Federal de Juiz de Fora, a medalha Juscelino Kubitschek de Oliveira. É uma medalha concedia ao reconhecimento do trabalho de profissionais nos campos de ensino, pesquisa e extensão, inovação e cultura ou de projeção da Universidade em cenário nacional e internacional.

Eu sou o primeiro a reconhecer esse brilhante trabalho de Teita aqui na UFJF, desde quando chegou, ainda cedida pelo INCA, para me acompanhar na Universidade. Ela foi se firmando nos projetos de apoio ao SUS e na área da Epidemiologia aqui na Universidade. Foi chegando devagar, ainda causando certo estranhamento no novo ambiente, acostumado mais a celebrar a prata da casa. Teita vinha de Volta Redonda, onde fez Medicina, concluída com o estágio e residência no Rio. Depois trabalhou por anos como professora na Faculdade de Medicina em Volta Redonda, junto com seu empenho no Rio de Janeiro, onde morava.

No Rio trabalhou em diversos organismos públicos. Depois foi para a Itália, e atuou no Istituto Superiore di Sanitá, em Roma, sendo aluna de Giovanni Berlinguer. Depois retornou ao Rio, vindo trabalhar por anos no INCA. Fez Mestrado e Doutorado com brilho. Daí para Juiz de Fora, no início dos anos 1990. Com o tempo fez concurso para a Faculdade de Medicina. De lá para cá foram iniciativas bonitas que ela empreendeu junto com sua equipe maravilhosa. Nascia o NATES, e depois a pós-graduação em Saúde Coletiva, onde vem se dedicando até hoje com grande afinco.

O traço mais bonito de sua personalidade, que me encanta sempre, é a generosidade, o desejo de trabalhar em equipe, o ouvir com carinho e atenção as demandas do outro, de se doar como poucos ao projeto de saúde na Universidade, com vivas repercussões na comunidade. A ela, ao Nates e à Pós Graduação em Saúde Coletiva esse prêmio foi celebrado. Trata-se de um empreendimento coletivo.

Na família, Teita tem sido sempre um esteio fundamental, e sua alegria, disponibilidade e atenção são a marca essencial que a caracteriza. A ela, todo o amor desse mundo. Fico muito orgulhoso de estar junto nessa caminhada e poder celebrar hoje esse dom maravilhoso concedido pela Universidade.