Crise climática: Canadá e Estados Unidos se asfixiam com temperaturas próximas a 50 graus

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02 Julho 2021

 

“Há mais calor em algumas partes do oeste do Canadá do que em Dubai”. Assim David Phillips, principal climatologista do Ministério do Meio Ambiente do país canadense, resume a situação atual vivida por parte do continente norte-americano. A Organização das Nações Unidas classificou categoricamente a onda de calor como uma “onda de pressão” que deixa as temperaturas como as do Oriente Próximo, em cidades como Vancouver, Seattle e Portland, caracterizadas por um clima frio, durante grande parte do ano.

A reportagem é de Alejandro Tena, publicada por Público, 30-06-2021. A tradução é do Cepat.

Não é apenas mais uma onda de calor. O noroeste do continente está sofrendo uma situação extrema e sem precedentes. Foram alcançados recordes de temperaturas, durante vários dias consecutivos.

No último domingo, os termômetros de Lytton, na Columbia Britânica, chegaram a marcar 46,6 graus, uma temperatura que quebrou o maior registro histórico, observado em julho de 1937. Desde então, o mercúrio não parou de subir, com alguns dados sem precedentes.

Assim, na terça-feira, dia 29, foi registrado um novo aumento, com o recorde em 47,9 graus. Longe de diminuir, o calor persistiu e, nesta quarta-feira, o país canadense voltou a bater a marca do dia anterior, ao registrar 49,6 graus.

São números preocupantes quando se leva em conta que, no mês de junho, as temperaturas comuns nesta região do continente norte-americano beiram os 25 graus. A Organização Mundial de Meteorologia (OMM), vinculada à ONU, prevê que durante os próximos dias – ao menos até o sábado – continuem sendo superados os 45 graus.

Claire Nullis, porta-voz da OMM, ressaltou, nesta terça-feira, a importância dos dados e de sua relação com a situação da crise climática vivida pelo planeta. “Normalmente, quando se quebra um recorde, é por uma pequena margem, mas vemos que a temperatura recorde [45 graus, registrados em 1937] foi ultrapassada em 1,6 grau”, explicou aos meios de comunicação.

Além disso, a própria Agência de Meio Ambiente e Mudança Climática do Canadá informou que o mercúrio já marcou temperaturas históricas e nunca vistas, não apenas no verão, mas durante todo o ano, em algumas regiões como Yukon, ao norte do país.

Esta onda de calor sem precedentes está tendo graves consequências para uma região do mundo que não está preparada para enfrentar tais situações. Nas cidades da costa canadense, segundo informaram as autoridades, ao menos 40% das moradias não dispõem de ar condicionado, o que está fazendo com que grande da população saia à rua em busca de sombra e fontes ou que frequentem bibliotecas públicas e centros comerciais onde as temperaturas são amenizadas pelo ar condicionado.

Algo semelhante acontece nos Estados Unidos, nos estados de Oregon e Washington, fortemente atingidos por este fenômeno climático. Lá, o Serviço Meteorológico Nacional (NWS) estimulou a população a “buscar ar condicionado, se possível”, e a se manter hidratada. “Façam pausas frequentes em sua atividade e, se estiver ao ar livre, procure uma sombra”, informaram, na terça-feira, pela agência governamental.

Este episódio, relacionado às mudanças climáticas e ao aumento de temperaturas, está alterando a vida das pessoas e já causou ao menos 5 mortes nos Estados Unidos e 233 no Canadá, segundo informaram as autoridades. Espera-se, além disso, que durante a semana possa aumentar o número de mortes por causa da falta de adaptação do território a tais fenômenos ambientais.

Scott Duncan, meteorologista profissional, também alertou para o que significa ao planeta que o Canadá esteja sofrendo tal aumento nas temperaturas. Os cerca de 50 graus alcançados nesta quarta-feira não marcam apenas um recorde para o Canadá e os estados do norte dos Estados Unidos, mas se trata de uma temperatura jamais registrada em toda a região norte do planeta. “Até agora, nunca tínhamos visto este nível de calor tão ao norte, em lugar algum do planeta”, explicou o especialista.

O chefe de Política Climática da OMM, Omar Baddour, relacionou este episódio diretamente às mudanças climáticas, com temperaturas globais 1,2 grau mais altas do que as registradas em inícios do verão, na etapa pré-industrial. “As ondas de calor são cada vez mais frequentes e intensas, na medida em que as concentrações de gases do efeito estufa levam a um aumento das temperaturas globais. Notamos que estão começando cada vez mais cedo e que estão terminando mais tarde, tendo cada vez um preço mais alto para a saúde humana”.

A Espanha prevê o seu sétimo verão consecutivo mais quente

O aumento das temperaturas não é exclusivo do Canadá e dos Estados Unidos. Também foram registradas, segundo explicam pela OMM, temperaturas “incomumente altas” na Rússia ocidental e em algumas regiões próximas ao Mar Cáspio, onde se espera que nesta semana sejam alcançados os 40 graus.

Também na Espanha, que durante as últimas semanas permaneceu com certa estabilidade, enfrenta-se um verão marcado pelo calor intenso. As previsões dos especialistas apontam que o país manterá a tendência dos últimos anos a bater recordes e este será, segundo explica a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet), o sétimo verão consecutivo com as maiores temperaturas detectadas.

“O cenário mais provável é que a temperatura média destes três meses permaneça no tercil superior. Isto significa que na península e nas Baleares a temperatura média trimestral será ao menos 0,5 grau acima do normal, ainda que em algumas regiões o valor será maior”, apontam da agência vinculada ao Ministério para a Transição Ecológica, que indica que, neste ano, o termômetro da Espanha já está 1,2 grau acima da média, fazendo com que até o momento 2021 seja o sexto ano mais quente da história.

 

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