"Passou-se o tempo do código de Hamurabi, estamos em 2021 e não tem porque matar pessoas para satisfazer nosso desejo animalesco de resolver as coisas ao nosso modo, a justiça não se faz com as próprias mãos e o olho por olho e dente por dente não tem mais validade", escrevem[1] Camila Paese Fedrigo[i], mestranda em Direito e Justiça Social pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), socióloga filiada à Sociedade Brasileira de Sociologia, advogada, jornalista, cientista bióloga, pós-graduada em Direito Público, Direito Processual, Linguística Aplicada e Psicanálise, e Maria Eduarda Ferrari Martins[ii], acadêmica de direito na Univali na cidade de São José em Santa Catarina, ainda, também é voluntaria como membro da COMADSC dos Escoteiros de Santa Catarina.
Lázaro agora morto com quinze tiros, um povo sem explicação de crimes por conta de uma polícia truculenta e cansada que perseguia um homem no meio da mata. A mata que está sendo destruída. Saiu o homem da boiada[2], entrou um ministro que outrora fora conselheiro da Sociedade Rural Brasileira[3], que representa não o povo rural, mas o setor econômico agropecuário do país.
A mata des-matada[4]. A mata do pau-brasil. Pau-brasil, que era vermelho como sangue. Vermelho carmim[5]. A bandeira do Brasil deveria ser vermelha. Se não pela cor da resina do primeiro ser explorado nessas terras, pelos mortos na pandemia, nas chinas, no crack, na rua.
Lázaro que morreu e por Cristo foi ressuscitado. Lázaro, personagem bíblico. Lázaro, que também é leproso, mencionado em uma parábola em contradução a um homem rico - a parábola falava das benesses divinas advindas da pobreza[6].
Lázaro que foi, na parábola, socorrido pelo Senhor, agora se mete nas matas vivas. E fica aparente que sabemos pouco, muito pouco - da natureza, da riqueza e da pobreza, das benesses e da fauna e da flora.
Nem começaram as propagandas políticas mas… elas já começaram. Um deles com Bíblia[7] e Constituição a mão[8]. Laika mesmo é a cadela que foi enviada para o espaço[9]. Outro manda jornalista calar a boca[10], de boca aberta, sem máscara. “Cale a boca, deixa eu falar e desligue essa droga!”[11].
Um aplicativo para buscar Lázaro[12]. A suspeição de Moro[13] invalida uma condenação que levou tempo.
No entanto, sumária foi a condenação de uma família alvejada com mais de 80 tiros[14] em São Paulo, uma grávida atingida por bala perdida[15] no Rio de Janeiro.
Todo dia, todo momento o STF (o que é isto - o ésse-te-éfe?) perde o poder para Conte Lopes[16], para Cabo Bruno[17], Pé de Pato[18], tão toscos quando o Kick-Ass.
Contrariar os princípios básicos da Administração Pública, nem pensar. Apenas há crime se houver dolo, assim eles querem[19].
Também há tentativas de alterar a Emenda Constitucional 95, de 2016, que cria o teto de gastos, limitando as despesas do governo federal[20].
Coroneis dizendo que manter-se-ão no poder com ou sem o presidente[21]. “É especialmente necessário ter-se a imprensa debaixo da mira, porque a sua influência sobre os homens é especialmente forte e penetrante… O Estado não deve perturbar-se pelo brilho da chamada liberdade de imprensa e deixar-se conduzir a falta do seu dever, ficando a nação com prejuízos… Ele deve, com decisão implacável, assegurar-se desse meio de esclarecimento e colocá-lo a seu serviço e no da nação.”[22].
A luta pela privatização da Eletrobrás[23]. A pandemia da fome. O genocídio do povo pobre. O pobre que não percebe que não faz parte do grande capital. A recusa de vacinas pelo Presidente[24]. O Presidente imitando uma pessoa com falta de ar [25].
A presidência incorruptível [26]. A euforia pela Copa América que já fez mais de 20 infectados[27]. Ou a euforia pela cocaína nos aviões da FAB?[28]
Os gritos. Calem a boca, diz ele, descontrolado. Várias vezes, inúmeras vezes, enésimas vezes, uma reticência de vezes. Sempre aos gritos, ele. Um homem que acha que é Ele, mas é apenas ele.
Ar poluído[29] que obnubila nossa débil visão. Não falta ar apenas pelo vírus. Falta de força pra inspirar e expirar. Estamos cansados. O sistema nervoso autônomo é apenas a amostra grátis (tribunata) do nosso cansaço mental. Já no cárcere, não falta ar apenas. Há tosse. A tuberculose foi o mal da passagem do século XIX e XX - dizimou Castro Alves e Álvarez de Azevedo no Brasil, John Keats e Lord Byron na Europa.
Os tísicos, hoje, assim como os leprosos, são afastados. Vigiados pelos aparelhos ideológicos do Estado. No cárcere há tuberculose, sarna, ratos[30]. Mas essa dor da vida que devora a ânsia da glória, se eu morresse amanhã a dor no peito ao menos emudecera[31].
30 anos num cubo digno de um reality show. Não! É pouco. O aumento da pena máxima de prisão para cinquenta anos já foi aprovada pela Comissão de (In)Constituição e (In)Justiça[32].
A (nova) novidade é não colocar tomadas elétricas nas celas[33]. Café, chimarrão, nem pensar. Já basta a população ter que pagar a alimentação dos bandidos (contém ironia). Uma luz (de preferência, de cor quente que dificulta a visão, a assepsia e a leitura) tá bom. Ou melhor, colocá-los no tronco de uma vez por todas. Elétrica, mesmo, só a cadeira pra execução.
Ressocializar como, se nunca houve possibilidade de socialização? Que arrepio.
Cruzes.
Cruzes e cifrões. Ou sifões.
Sifões que já não dão conta de prevenir vazamentos de lava-jatos e nem de manter a higiene.
Na verdade, lá onde eu Moro existe uma tentativa higienista já que o sifão não dá conta - higienismo e eugenia.
O garoto negro que estava com uma bicicleta semelhante a uma que foi dada por furtada foi levado pra DP, sem dúvida[34]. Auto de resistência[35].
Aí prenderam o branco, verdadeiro responsável pelo furto[36]. Aliás, um branco também entrou com uma suástica nazista em um shopping e foi convidado a se retirar[37]. Porque era branco.
Fosse negro, nem teria entrado[38]. Pensando bem, antes ser barrado do que ser morto[39] ao sair, ou ser torturado[40] por qualquer motivo.
E não bastou errarem (sic) no “flagrante” do ciclista negro - ele vai ser investigado por receptação[41].
O Direito Penal carcomido, lombrosiano, é utilizado tão-somente para resguardo do capital. E o Direito Civil, dito privado, mas na verdade privado para o capital, vai na mesma linha - os remédios jurídicos para os problemas com a propriedade são muito mais radicais que os problemas com a vida. Veja-se que o furto simples vai até quatro anos de regime fechado, enquanto o homicídio parte de seis anos de reclusão.
A vida vale como propriedade. Na verdade, vale porque pode ser alienada como mão-de-obra. A vida, ali-é-nada[42].
Para que o cidadão honesto tenha um teto, somente colocando o fogão na cabeça e invadindo prédio, sobrevivendo aos tiros da reintegração de posse[43].
Um regime de propriedade privada nunca terá como resultado uma sociedade igualitária[44].
Esses cidadãos que muitas vezes sequer conheceram pai e mãe, que vivem com algum parente numa casinha, que nem uma história que os dignificasse tiveram, muito menos uma cultura que os fizesse emergir.
E de quem é a culpa? Ou dolo? Se improbidade adminsitrativa só ocorre com dolo, existe dolo ou culpa aqui?
Dos pais e das mães que os deixam sozinhos em busca do crack?[45]
Que transformam os moleques em homicidas, que como animais famintos, buscam o cofre, como se fosse a presa morta e ensanguentada[46].
Aliás, em se tratando de tratar pessoas como animais de carga, um juiz de Minas Gerais entendeu que não havia dano à dignidade de boias-frias carregados em caminhão junto a fezes e pasto, porque no “passado” (sic), Noé teria dividido sua embarcação com os bichos[47].
Finalmente, enquanto escrevo, vejo da sacada o enorme barulho das ruas vazias, como se todos estivessem esperando por qualquer coisa que rompesse a tensão dos últimos dias. Mas posso observar também espíritos cambaleantes, perdidos dentro de si mesmo, sem, entretanto, conseguir expressar o que sinto.
Revolta e pena, ódio e horror, impotência. É possível que entendam esse sentimento?
Não é um roteiro de filme, são Rosângelas, Raimundos, Franciscos, Rafaéis, Suélens, Matheus, Jaspers e alguns que sequer foram nomeados – são uma multidão de mortos vivos. O necrotério de vivos[48].
Só alguém que já teve que comemorar o dia dos namorados e o aniversário do namorado levando flores no cemitério consegue entender. Eu entendo.
Aqui não é novela, não tem amor na tela. A cena é triste, solidão na cela[49]. Morre-se de solidão. Espaço há, e muito: são propriedades privadas vazias pela ambição do grandioso e do ser possuidor. Alcatrazes de ouro[50].
Do outro lado do muro as imensas famílias abarrotadas em pequenos espaços, conformavam-se com sua situação paupérrima, simples, frágil em suas alcatrazes de compensado[51] repetindo que bastava arroz, feijão e mistura para sua felicidade.
Ao vencedor, as batatas! Batatas não, porque as sobras dos andares superiores dos arranhacéus são o banquete dos estamentos mais baixos[52] - pelo menos é isso que a economia diz[53].
Fixados na televisão eles cantam “I don’t like the drugs, but the drugs like me”[54].
Tudo parece estar contaminado. E está. O leite materno[55], o solo, o ar que sufoca. A pandemia é fruto do agronegócio[56]. Aliás, o solo mais do que contaminado pelo veneno (glamourizado com o nome de “defensivo agrícola”), se contamina com chorume[57] da decomposição dos mortos enterrados.
514 mil mortos. Uma fantástica fábrica de cadáveres[58].
A Islândia tem 364 mil habitantes. Uma Islândia varrida do mapa. Assim como a água varreu Brumadinho.
Água em processo de privatização[59], como a Eletrobrás.
Sete estádios de mortos[60]. Mas o Brasil é o país do futebol. O país do carnaval. O país do sol. Uma terra abençoada. Camisas da seleção brasileira manchadas de vermelho - o vermelho que somente pode ser visualizado com luminol[61].
Luminol este que só enxerga o que quer, pois lá encima na comunidade[62], as chacinas continuam e as mortes nunca são explicadas. Tribunais Militares defendendo criminosos[63] tão, e talvez até mais, perigosos quando o leproso que hoje tem a morte comemorada como se tivéssemos vencido uma copa.
Talvez se não fossem as manchas de sangue estivéssemos carregando bandeiras do nosso país, símbolo que nunca deveria ter virado partidário mas hoje é símbolo de um genocida.
Houve um tempo que o brasileiro tinha orgulho de seu país, mas a esperança se esvaiu e virou um grande mar vermelho o qual esperamos um Moisés para abrir o caminho.
Caminho este que pode trazer a paz novamente ao nosso Estado, isso se um dia tivemos ela visto que nossa Constituição é um tanto jovem e proveniente de uma Ditadura a qual nosso Excelentíssimo genocida tanto aclama.
Tem anos que ela não vem sendo respeitada, e se ela fosse, talvez Lázaro não tivesse virado uma peneira devido os 15 tiros, visto que ela é tão humanitária.
Se me lembro bem, desde o Impeachment da Presidenta Dilma o Brasil não é o mesmo, já havia crimes, mas nunca vi tantos homens e mulheres de bem sendo violentos e defendendo a violência como hoje vejo.
O pai de família quer uma arma e a mulher não enxerga o feminicídio à espreita de sua porta.
Passou-se o tempo do código de Hamurabi, estamos em 2021 e não tem porque matar pessoas para satisfazer nosso desejo animalesco de resolver as coisas ao nosso modo, a justiça não se faz com as próprias mãos e o olho por olho e dente por dente não tem mais validade.
[1] Em alusão à música “Isso aqui é uma guerra”, clipe censurado nos anos 90, do grupo de rap Facção Central, por teoricamente fazer apologia ao crime, quando na verdade a mensagem era o contrário. letra da musica é considerada como uma das mais fortes letras de rap em português, retrata um crime do ponto de vista dos criminosos. Dentre as frases citadas na música, estão versos como: “é uma guerra onde só sobrevive quem atira, quem enquadra mansão, quem trafica [...]; o livro não resolve, o Brasil só me respeita com um revólver” e “descarrega essa PT, mata o filho do boy como o Brasil quer ver, esfrega na cara sua panela vazia, exige seus direitos com o sangue da vad**, é lei da natureza quem tem fome mata.”
[2] G1. Cai o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. 23 de junho de 2021. Disponível aqui.
[3] G1. Cai o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente. 23 de junho de 2021. Disponível aqui.
[4] BBC News Brasil. Desmatamento avança no Cerrado e faz crescer risco de apagão elétrico no Brasil. Disponível aqui.
[5] Brasil Escola. Pau-brasil. 29 de maio de 2016. Disponível aqui.
[6] Dicionário de Nomes Próprios. Significado donome Lázaro. Disponível aqui.
[7] O filme conta a vida de um adolescente normal, chamado Dave Lizeewski, que decide tornar-se um super-herói por influência das histórias em quadrinhos. Torna-se conhecido na mídia como "Kick-Ass", e motiva o surgimento de uma nova onda de super-heróis no país. Disponível aqui.
[8] O Tempo. Com Bíblia e Constituição, Ciro Gomes acena a evangélicos. 22 de junho de 2021. Disponível aqui.
[9] Canal Tech. Conheça a história da cadela Laika, que viajou ao espaço a bordo da Sputnik II. Disponível aqui.
[10] Veja. ‘É deplorável’, diz Simone Tebet sobre gritos de Bolsonaro com jornalista. 21 de junho de 2021. Disponível aqui.
[11] Berro do general Newton Cruz, após empurrar o repórter Honório Dantas, durante uma entrevista concedida em Brasília, no dia 1o de dezembro de 1983. (In: JORGE, Fernando. Cale a boca, jornalista! O ódio e a furia dos mandões contra a imprensa brasileira. São Paulo: Vozes, 1992, p. 220-222.
[12] Correio Braziliense. Caso Lázaro: força-tarefa lança aplicativo de denúncias. 23 de junho de 2021. Disponível aqui.
[13] Consultor Juŕidico - CONJUR. Moro é suspeito para julgar Lula, decide Supremo Tribunal Federal por 7 votos a 4. 23 de junho de 2021. Disponível aqui.
[14] Folha de São Paulo. Disponível aqui.
[15] G1. Grávida morta por bala perdida em comunidade do Rio já tinha escolhido nomes para bebê. 09 de junho de 2021. Disponível aqui.
[16] Roberval Conte Lopes Lima (São Paulo, 14 de maio de 1947), mais conhecido como Conte Lopes, é um policial aposentado, radialista, advogado, escritor e político brasileiro, filiado ao Progressistas (PP). É um membro da chamada bancada da bala. Disponível aqui.
[17] Florisvaldo de Oliveira, mais conhecido como Cabo Bruno, foi um ex-policial da Polícia Militar do Estado de São Paulo, acusado de mais de cinquenta mortes na periferia de São Paulo durante os anos 1980. Considerado "um dos personagens mais polêmicos da crônica policial", chegou a admitir essas mortes, mas depois negou-as em depoimento. Disponível aqui.
[18] “Há quem diga que policiais costumavam entregar para Chico Pé de Pato uma lista com nome de bandidos que deveriam morrer. E também havia rumores de que comerciantes pagavam ao "justiceiro" pelos "serviços prestados". Chico Pé de Pato caiu em "desgraça" quando confundiu um policial militar à paisana com um bandido, ao entrar em um bar na avenida dos Ipês, no Jardim dos Ipês, na zona leste. O "justiceiro", até então reverenciado, matou o PM com um de seus dois revólveres e passou a ser caçado por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a unidade de elite da Polícia Militar. Com medo de ser morto, Chico Pé de Pato decidiu se entregar. Não para a polícia. Disponível aqui.
[19] CNN Brasil. Entenda a nova versão da lei de improbidade administrativa, aprovada na Câmara. Disponível aqui.
[20] CNN Brasil. Como funciona o teto de gastos e por que ele voltou a gerar polêmica. 15 de fevereiro de 2021. Disponível aqui.
[21] BBC News Brasil. Militares planejam se manter no poder 'com ou sem Bolsonaro', diz coronel da reserva. 12 de junho de 2021. Disponível aqui.
[22] Adolf Hitler, Mein Kampf, Munique, 1932, volume I, p. 246.
[23] UOL. Senado aprova privatização da Eletrobras com 'jabutis. Disponível aqui.
[24] LEVI, Guido Carlos. Recusa de vacinas : causas e consequências. São Paulo: Segmento Farma, 2013. Disponivel para Download aqui.
[25] Estado de Minas - Política. Mais uma vez, Bolsonaro imita pessoa com falta de ar durante live nas redes. 07 de junho de 2021. Disponível aqui.
[26] Poder 360. Ao vivo: Onyx Lorenzoni fala sobre a compra de vacinas Covaxin. 23 de junho de 2021. Disponível aqui.
[27] UOL. Copa América de 12 infectados por Covid por dia, Conmebol louva protocolo. 22 de junho de 2021. Disponível aqui.
[28] Poder 360. Militar traficou cocaína em avião da FAB ao menos 7 vezes, diz PF. 31 de maio de 2021. Disponível aqui.
[29] Ambiente Melhor. O Smog Paulistando. Disponível aqui.
[30] G1 - Profissão Reporter. Ratos, baratas e doenças como sarna, HIV, tuberculose e sífilis são comuns em presídios brasileiros. 07 de junho de 2017. Disponível aqui.
[31] Alusão ao poema “Se eu morresse amanhã” de Álvares de Azevedo.
[32] G1. Política. Câmara: CCJ aprova tramitação de projeto que aumenta de 40 para 50 anos pena máxima de prisão. 31 de maio de 2021. Disponível aqui.
[33] UOL. Copa América de 12 infectados por Covid por dia, Conmebol louva protocolo. 22 de junho de 2021. Disponível aqui.
[34] Extra. 'Se eu fosse branco, não seria abordado de tal forma', diz jovem negro acusado em falso de roubar bicicleta no Leblon. 15 de junho de 2021. Disponível aqui.
[35] SAMPAIO, Tamires Gomes. Código Oculto: política criminal, processo de racialização e obstáculos à cidadania da população negra no Brasil. São Paulo: Editora Contracorrente, 2020.
[36] Consultor Jurídico - CONJUR. Autor do furto de bicicleta elétrica é denunciado pelo MP do RJ. 18 de junho de 2021. Disponível aqui.
[37] G1. Jovem expulso de shopping em Caruaru por usar suástica no braço é apreendido pela Polícia Civil e será encaminhado ao MPPE. 18 de junho de 2021. Disponível aqui.
[38] G1 - Espírito Santo. Funcionários e shopping depõem sobre jovens negros barrados. 02 de março de 2016. Disponível aqui.
[39] G1 - Rio Grande do Sul. Homem negro é espancado até a morte em supermercado do grupo Carrefour em Porto Alegre. 20 de novembro de 2020. Disponível aqui.
[40] G1 - São Paulo. Jovem torturado por seguranças de supermercado de SP reconhece os dois agressores em audiência na Justiça. 12 de outubro de 2019. Disponível aqui.
[41] Consultor Jurídico - CONJUR. Após falsa acusação de roubo, jovem é investigado por comprar bicicleta furtada. 20 de junho de 2021. Disponível aqui.
[42] Justificando. O senso comum teórico dos Juristas e o Direito “Facilitado”. 03 de outubro de 2014. Disponível aqui.
[43] Queria que a vida fosse igual na novela / Jet ski na praia, esqui na neve europeia / Sem pai de família gritando assalto / Ou sendo feito de escravo com 151 por mês de salário / Que não enche nem metade de um carrinho no mercado / Não paga a luz e água, o aluguel do barraco / Aqui pro cidadão honesto ter um teto / Só pondo o fogão na cabeça e invadindo o prédio / Saindo na mão com o PM do Choque / Sobreviver do tiro da reintegração de posse (A Marcha Fúnebre Prossegue: Facção Central)
[44] ACEPUSP. Aula Pública – “Estado, Propriedade, Família: O Capitalismo e suas formas sociais”, com Alysson Mascaro + Lançamento (Editora Boitempo). 08 de junho de 2019. Disponível aqui.
[45] Perdoa mãe, pelo meu olhar de ódio quando se drogavam / Por te pedir num caixão, quando eu orava / Se soubesse que injetam crack pra politizar e destruir / Jamais teria dito: / Sou órfão, meus pais morreram quando eu nasci. (Órfão: Eduardo Taddeo).
[46] Uma vítima ajoelhada implora pela vida / Um ladrão nervoso tremulo não quer algema da polícia / A fome e a miséria mostram o fruto que a sociedade vai colher / Sanguinário, raivoso, armado / O moleque do pipa é transformado no homicida / Que como animal faminto busca o cofre / Como se fosse a presa morta ensanguentada / O carro preto e branco chega / O homem bom, o homem da lei / Que só atira na cabeça de pobre / Só dá tapa na cara, só derruba porta de barraco / O filho da dona Maria qualquer da periferia / Agora engrossa o número da estatística / Das tentativas frustradas, fracassadas de vitória na vida do crime / O filho da imigrante lavadeira sangra perto da porta giratória / Ninguém chora / Risadas, alívio / A cena de terror tem contorno de heroísmo e novela de final feliz / O policial contente sopra o cano do seu revólver / Mas no fundo, no fundo, preocupado / Pois sabe que amanhã ou depois / O moleque esquecido no fundão da periferia / Vai cansar de pedir esmola / De não ver comida na panela / De ver sua mãe só de camiseta furada, chinelo / Chorando com seus irmãos famintos no colo / Vai arrumar um revólver / Tentar resolver seus problemas através do sangue da cabeça de um gerente de banco / E vai ser mais um favelado num caixão preto, doado, sem flores e sem velório / Infelizmente a marcha fúnebre prossegue (Dia Comum - Facção Central).
[47] Jornal O Estado de Minas. Belo Horizonte, p. 15, 03.jun.2003.
[48] Não teve vela no castiçal e crucifixo / Mas desde o ventre materno tão te velando vivo / Quando se tem que sequestrar os filhos do gerente / Você existe biologicamente, mas não socialmente / Não passa de um escravo comprado / Com os direitos roubados pelo ministério do trabalho (Necrotério dos Vivos: Eduardo Taddeo).
[49] Aí não tem gambé pra negociar / Liberta a vítima vamo conversar / Vai se ferrar! / É hora de me vingar / A fome virou ódio e alguém tem que chorar / Não queria cela / Nem o seu dinheiro / Nem boy torturado no cativeiro / Não queria um futuro com conforto / Esfaqueando alguém pela corrente no pescoço (Isso Aqui é Uma Guerra - Facção Central).
[50] Sonho com a carta de alforria da minha Alcatraz de ouro / Com a paz sem vigia, nem muro de tijolo. (Alcatraz: Facção Central).
[51] Sonho com a carta de alforria da minha Alcatraz de compensado / Com a paz sem revólver, nem refém torturado. (Alcatraz: Facção Central).
[52] Alusão ao filme “O Poço”, exibido pela Netflix, conta a história de um lugar misterioso, uma prisão indescritível, um buraco profundo onde, inicialmente, dois reclusos vivem em cada nível. Não se sabe o número certo de níveis, mas há uma plataforma que vai descendo contendo comida para todos, quanto mais baixo o nível, mais sobras, mais restos.
[53] R7. Guedes justifica fala sobre fome e diz que se referiu a 'sobra limpa'. 19 de junho de 2021. Disponível aqui.
[54] A despeito do título, a música trata do vício na mídia, na televisão, é uma crítica social do jornalista Brian Warner, performando como Marilyn Manson. “Vida normal, querido / "nós somos brancos e tão heteros / e nosso sexo é missionário. / "Nos somos desistentes e sóbrios / Nossas confissões serão televisadas" / você e eu estamos dosados / e prontos pra cair / criados pra sermos estúpidos / Ensinados e sermos nada, nada mesmo”. Disponível aqui.
[55] Abrasco. Resíduos de agrotóxicos estão presentes até no leite materno – artigo de Claudia Colucci. Disponível aqui.
[56] Pandemia e Agronegócio - Doenças Infecciosas, Capitalismo e Ciência: Rob Wallace. São Paulo: Editora Elefante, 2020.
[57] 2 Egenheiros. O que é Necrochorume e quais são os seus impactos ao meio ambiente? Disponível aqui.
[58] Trá, trá, trá, trá o sistema vai modelar / Matéria-prima sem valor pra polícia desfigurar / Tabaco, Álcool, Crack, fuzil antiaéreo / A linha de montagem começa no berço e vai até o cemitério / Trá, trá, trá, trá o sistema vai modelar / Matéria-prima sem valor pra polícia desfigurar / De vassoura ou M2, em trégua ou no embate / Todos sangram na fantástica fábrica de cadáver (A Fantástica Fábrica de Cadáver - Eduardo Taddeo).
[59] Brasil de Fato. Mercado das águas: com escassez global, multinacionais miram recursos brasileiros. 29 de julho de 2020. Disponível aqui.
[60] O Globo. Uma cifra, 500 mil vidas. 19 de junho de 2021. Disponível aqui.
[61] O luminol é o mais eficiente detector de sangue oculto em cenas de crime. Ele reage quimicamente liberando fótons sob a forma de luz azul, através de uma reação de quimiluminescência, ou seja, ao entrar em contato com o ferro coordenado presente na hemoglobina, seguido do tratamento com água oxigenada em meio básico, promove a formação de fótos sob a forma de uma luz azulada. Disponível aqui.
[62] Brasil de fato. Chacina no Jacarezinho: “impacto na comunidade é incalculável”, avalia liderança. 13 de maio de 2021. Disponível aqui.
[63] Extra Classe. A grande farsa que absolveu Bolsonaro: Morte de Luiz Maklouf, no último dia 16, reascende o interesse sobre seu último livro, que esmiúça o julgamento de Jair Bolsonaro por planejar ato terrorista em 1988 e que resultou em sua saída do Exército. 25 de maio de 2020. Disponível aqui.
[i] Camila Paese Fedrigo é mestranda em Direito e Justiça Social pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), socióloga filiada à Sociedade Brasileira de Sociologia, advogada com registro na OAB/RS sob n. 98.329, jornalista registrada sob n. 19.140/RS, cientista bióloga, pós-graduada em Direito Público, Direito Processual, Linguística Aplicada e Psicanálise. Atua como pesquisadora nas áreas de Linguagem e Arte; Discurso e Poder; Economia, Agrotóxicos, Agroeconomia, Transgênicos e Transtornos Psiquiátricos; Ciência Política; Psicanálise e Psicologia; Teoria Geral do Direito e do Estado, Teoria da Decisão, Direitos Humanos, Criminologia, Marxismo e Filosofia. É feminista, tatuada, ruiva, ativista do Greenpeace e voluntária em ações de ensino da população carcerária. Também é artista credenciada no município de Bento Gonçalves/RS, pesquisando a temática das etnias na região.
[ii] Maria Eduarda Ferrari Martins é acadêmica de direito na Univali na cidade de São José em Santa Catarina, ainda, também é voluntaria como membro da COMADSC dos Escoteiros de Santa Catarina, onde atua como secretária da Comissão Administrativa dos clãs pioneiros de Santa Catarina bem como adulta voluntária no Grupo Escoteiro Nhandé Rovái também localizado em São José\SC. Ainda possui em seu lattes curso de biopolítica criminal na PUCRS e de detecção de microexpressões faciais do Vitor Santos. Sua vertente política é de esquerda marxista sendo filiada do PSOL da cidade onde reside e tem vasto conhecimento político por conta de seu histórico familiar, sendo sobrinha-neta de Valmir Martins, importante figura política no estado onde vive.
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Subversivas, Camila e Maria Eduarda são a etapa avançada da extinta Associação Refletindo o Direito. Nesse hiato, elas tem apenas um site - simples, amarelo e preto. i Peligro! Elas convidam pro debate, convidam pra discussão, pra reflexão, pra mudança pra luta, pra entrarem em contato com ela, inclusive pra xingar. Elas adoram haters.