O pico da segunda onda global da covid-19 tem o dobro de mortes

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04 Fevereiro 2021

"Embora a vacinação em massa esteja avançando, vai demorar pelo menos até o meio do ano para surtir algum efeito significativo na redução dos números da pandemia", alerta José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia e pesquisador titular da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – ENCE/IBGE, em artigo publicado por EcoDebate, 03-02-2021.

Eis o artigo. 

A pandemia da covid-19 continua avançando no mundo e, embora o número de casos tenha diminuído nas últimas semanas, o mês de janeiro, lamentavelmente, bateu todos os recordes de vidas perdidas. Como mostra a figura abaixo, do jornal Financial Times, a média móvel de vidas perdidas foi de 412 óbitos na semana de 9 a 15 de março, passou para 6,75 mil óbitos na semana de 11 a 17 de abril, diminuiu nos meses seguintes e voltou a subir a partir de outubro, chegando ao pico de cerca de mais de 14 mil mortes diárias na semana de 18 a 24 de janeiro de 2021. O pico da 2ª onda da covid-19 (14.027 óbitos diários de 18 a 24 de janeiro) já é mais do dobro do pico da 1ª onda (6.748 óbitos de 11 a 17 de abril de 2020).

Covid-19: a média móvel de vidas perdidas 

 

O gráfico abaixo, da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostra o número de casos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020 e janeiro de 2021, com destaque para as grandes regiões. Houve um crescimento continuado e sustentado do número de casos semanais ao longo de 2020. Na semana de 03 a 09 de fevereiro ocorreram 23 mil casos no mundo. Na semana de 13 a 19 de abril foram 540,9 mil casos. Na semana de 09 a 15 de novembro foram pouco menos de 4 milhões de casos e na semana de 16 a 22/11 o número de casos semanais ultrapassou, pela primeira vez, os 4 milhões de casos.

O pico do ano de 2020 ocorreu entre 14 e 20 de dezembro com 4,6 milhões de casos (mais de 656 mil casos diários). Nas duas últimas semanas o número de casos diminuiu em função dos feriados de fim de ano. Todavia, na semana de 04 a 10 de janeiro a OMS registrou mais 5 milhões de novos contágios em uma semana, sendo mais de 700 mil casos diários. Nas semanas seguintes os montantes diminuiram e ficaram em 3,6 milhões na semana de 25 a 31 de janeiro, com média em torno de 500 mil casos diários.

 

Número de casos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020 e janeiro de 2021, com destaque para as grandes regiões

 

O gráfico seguinte, também da OMS, mostra o número de óbitos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020 até 31/01/2021. Na semana de 03 a 09 de fevereiro ocorrem 508 mortes no mundo e o pico foi atingido na semana de 13 a 19 de abril com 51 mil óbitos na semana (7,4 mil ao dia). Nas semanas seguintes houve oscilação, mas sempre com montantes menores do que o pico de abril. Contudo, na semana de 02 a 08 de novembro houve 53,9 mil mortes superando o pico de abril. E a aceleração não parou por ai e aumentou nas semanas seguintes até o pico que ocorreu na semana de 14 a 20 de dezembro, com 79,9 mil óbitos na semana (11,3 mil ao dia).

Nas duas últimas semanas o número de óbitos diminuiu em função dos feriados de fim de ano. Mas na semana de 03 a 10 de janeiro e o mundo registrou 85,7 mil vítimas fatais, sendo mais de 12 mil óbitos por dia. O pico foi atingido entre 18 e 24 de janeiro, quando todos os recordes foram quebrados e o mundo atingiu quase 100 mil vidas perdidas em uma semana (quase 14 mil mortes diárias). Na última semana de janeiro de 2021 o número de mortes caiu um pouco mas ficou em alto patamar com 93,8 mil vítimas fatais.

Número de óbitos por semana epidemiológica ao longo do ano de 2020 até 31/01/2021

No mês de janeiro dois países tiveram comportamentos opostos já que Portugal tem batido tosos os recordes e a Índia tem apresentado números surpreendentemente baixos. A Índia tem apresentado números declinantes de casos e, no dia 27/01, tinha uma média de 1 caso por 100 mil habitantes, enquanto o Brasil tinha 25 casos por 100 mil e Portugal tinha 125 casos por 100 mil habitantes.

 

Casos confirmados de Covid-19 na Índia, Portugal e Brasil

 

Em relação ao número de vidas perdidas, no dia 27/01, Portugal apresentou uma média de 2,7 óbitos por 100 mil habitantes, o Brasil 0,5 óbitos por 100 mil e a Índia somente 0,01 óbitos por 100 mil habitantes.

 

Número de mortes por covid-19 na Índia, Portugal e Brasil

Considerando os números de casos e mortes acumulados até o dia 30/01/2021, a tabela abaixo mostra que a Índia, com uma população de 1,3 bilhão de habitantes, tinha mais de 10 milhões de casos, mas o coeficiente de incidência de 7,7 mil casos por milhão de habitantes e tinha 154,3 mil óbitos, com coeficiente de mortalidade de 111 óbitos por milhão. O Brasil tinha o terceiro número acumulado de casos (atrás apenas dos EUA e da Índia), com quase 10 milhões de pessoas infectadas e um coeficiente de incidência de 43 mil casos por milhão de habitantes (muito superior ao coeficiente da Índia).

O Brasil com o segundo maior número de mortes (atrás apenas dos EUA) registrou 224 mil óbitos, ou 1.050 mortes por milhão de habitantes (quase 10 vezes o coeficiente da Índia). Mas Portugal, com população de 10,2 milhões de habitantes, registra os maiores coeficientes, sendo 70 mil casos por milhão e 1.196 óbitos por milhão de habitantes. Portanto, Portugal tem sido mais impactado pela pandemia do que o Brasil e a Índia tem avançado no controle da covid-19.

 


Covid-19: população e coeficientes de incidência e de mortalidade de Índia, Portugal e Brasil

Os países mais impactados têm apostado na vacina para interromper a propagação dos casos e as mortes. Já são cerca de 60 países que começaram a vacinação em massa. A tabela abaixo mostra alguns países segundo o número absoluto de doses administradas até o dia 30 de janeiro. O mundo se aproxima de 100 milhões de doses., Os EUA, China, Reino Unido e Israel apresentam os maiores números absolutos acumulados, sendo que Israel apresenta o maior número relativo, com mais da metade da população já vacinada.

 

Vacinas aplicadas no mundo

Embora a vacinação em massa esteja avançando, vai demorar pelo menos até o meio do ano para surtir algum efeito significativo na redução dos números da pandemia.

No caso do Brasil, a vacinação só deve apresentar algum resultado no final de 2021 ou em 2022.

E para complicar, as novas cepas do novo coronavírus trazem novos desafios e podem gerar um grande tsunami de casos nos próximos meses. O primeiro semestre de 2021 será crítico para a população brasileira e para toda a América Latina.

 

 

Referências:

ALVES, JED. A pandemia de Coronavírus e o pandemônio na economia internacional, Ecodebate, 09/03/2020

ALVES, JED. A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro, Ecodebate, 16/11/2020

ALVES, JED. O impacto mortal da covid-19 sobre a economia e a demografia brasileira, ANPOCS, 11/05/20

ALVES, JED. Passado, Presente e Futuro da Pandemia da Covid-19, Instituto Fernando Braudel, SP, 11/06/2020

Vídeo aqui

ALVES, JED. A covid-19 bate todos os recordes globais em novembro, Ecodebate, 16/11/2020

José Gomes Temporão, Carlos Gadelha, José Eustáquio Alves e Alberto Carlos Almeida. Vacinas, Política, Economia e Desenvolvimento Tecnológico, Live, 28/01/21

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