14 Outubro 2019
O purpurado guatelmateco nos fala de sua visão da Igreja e confiança que o Papa pôs nele
A entrevista é publicada por Vida Nueva Digital, 11-10-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A surpresa inicial se tornou agradecimento. E o guatemalteco Álvaro Ramazzini Imeri, bispo de Huehuetenango, não encontra forma melhor de agradecer a Francisco, que lhe fez cardeal, que “manter a sintonia espiritual, teológica e pastoral” com ele. Isso sim, adverte que o “movimento de mudança” impulsionado pelo Papa não depende somente dos cardeais eleitores, grupo ao que já pertence o último dia 05.
Deitou sendo bispo e acordou como cardeal. Como assume isso?
Com surpresa e agradecimento a Deus e ao Santo Padre, que mostra deste modo seu afeto pelo nosso país.
A notícia lhe pegou de surpresa, porém, uma vez assimilada, celebrou de algum modo especial?
Não. A celebrei repassando desde a fé o sentido que pode ter, e tem essa designação nessa etapa da minha vida; com a consciência de que não é uma honra, mas sim uma nova maneira de seguir vivendo minhas opções cristãs em meu ministério episcopal.
Teve a chance de falar com o Papa depois desse dia?
Nenhuma. Somente lhe escrevi uma carta enviada através da Nunciatura Apostólica na Guatemala.
Francisco decidiu incorporá-lo ao grupo de seus colaboradores mais próximos. Que leitura você faz do seu recente cardinalato?
Manter a sintonia espiritual, teológica e pastoral com o papa Francisco, cuja linha é a Conferência de Aparecida, 2007, e suas conclusões e o caminho percorrido previamente pela Igreja na América Latina. Não tem que esquecer que a análise da realidade que fizemos em Aparecida e a iluminação teológica que orienta as conclusões finais expressam de modo muito consistente o magistério e sobretudo, o talante pastoral do atual bispo de Roma.
A origem dos 13 novos cardeais nos fala de uma Igreja cada vez mais universal. Há que sair `as periferias para renovas essa condição de “discípulos missionários” que impulsionou Aparecida?
Sem dúvidas, de modo absoluto, ainda que há aqueles que duvidem dos absolutos. Evidentemente, todo bispo deve verificar quais são essas periferias em seu próprio território, não perdendo de vista o caráter universal da Igreja.
Entende que essa Igreja em saída e mais descentralizada possa incomodar certos setores dentro da própria instituição?
Lamentavelmente, assim está ocorrendo. Me dói a guerra subterrânea que fazem ao próprio papa Francisco desde dentro da própria Igreja. Porém essa incomodidade e agressividade são um bom sinal de que o Papa está tocando as chagas que estão adoecendo a Igreja. Chagas provocadas por nós mesmos e que necessitam ser curadas.
Este último consistório parece confirmar que o pontificado de Francisco alcançou já sua “velocidade de cruzeiro”. O perfil atual dos cardeais eleitores garante que as reformas empreendidas chegarão a um bom porto?
É um desejo que se faz oração, pedindo ao Senhor que siga lhe dando saúde e vida ao papa Francisco. Certamente, devemos entender que o movimento de mudança impulsionado pelo papa Francisco não depende somente dos cardeais eleitores. Sua inspiração renovadora contagiou milhares e milhares de comunidades na Igreja.
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“Dói a guerra subterrânea contra Francisco”, diz o cardeal Álvaro Ramazzini - Instituto Humanitas Unisinos - IHU