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Há um ano, fui despojado da minha nacionalidade nicaraguense. Artigo de Wilfredo Miranda

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23 Fevereiro 2024

"Como se não bastasse expulsar os presos políticos, em outro ato de vingança política interminável, o regime os despojou de sua nacionalidade nicaraguense, declarando-os 'traidores da pátria', fugitivos da justiça e confiscando seus bens. Ou seja, morte civil. Esse mesmo coquetel repressivo foi aplicado a outros 94 nicaraguenses em 15 de fevereiro de 2023", escreve Wilfredo Miranda, editor de Divergentes e colaborador do El País da Costa Rica, em artigo publicado por El País, 15-02-2024.

Eis o artigo.

Na incerteza e diante desses golpes sofridos, é preciso encontrar sentido na vida para seguir em frente. E esse sentido é construído através das nossas decisões.

Há um ano, estava em Miami entrevistando alguns padres que, uma semana antes, haviam sido expulsos pela ditadura de Daniel Ortega e Rosario Murillo. Os religiosos faziam parte dos 222 presos políticos que foram retirados das prisões de madrugada e embarcados em um avião fretado pelo governo de Joe Biden com destino a Dulles, Washington. Toda a operação, naquele momento, parecia digna de um filme, algo incomum, absurdo... Enquanto entrevistava os padres, uma colega e amiga, María Lily Delgado, interrompeu-me alarmada. Ela gritou: "Estão tirando mais nacionalidades".

Como se não bastasse expulsar os presos políticos, em outro ato de vingança política interminável, o regime os despojou de sua nacionalidade nicaraguense, declarando-os "traidores da pátria", fugitivos da justiça e confiscando seus bens. Ou seja, morte civil. Esse mesmo coquetel repressivo foi aplicado a outros 94 nicaraguenses em 15 de fevereiro de 2023. A maioria dos novos apátridas era composta por opositores, ativistas, religiosos e jornalistas que já estavam exilados desde 2018. A retaliação era clara: o cancelamento vitalício de nossos direitos como cidadãos. Outro golpe por não nos calarmos e denunciarmos os abusos do regime.

Desculpei-me com os padres pela interrupção, fechei o caderno, desliguei o gravador e fiquei olhando no telefone de María Lily a transmissão em que um juiz orteguista lia os nomes dos despojados de sua nacionalidade. Naquele momento, com a adrenalina a mil que os repórteres sentem com as notícias de última hora, não pensei que meu nome seria mencionado. Mas lá estava eu na lista, como o número 78 dos acusados. Lembro-me claramente de ter sentido apenas raiva ao ouvir o juiz pronunciar meu nome. Uma raiva incontrolável que, ao sair da presença dos padres, me fez ir direto ao teclado para protestar com a única ferramenta que tenho: a palavra. Não percebia as consequências da apatridia até mais tarde, quando percebi que, se não era mais nacional, meu passaporte não deveria mais funcionar. Eu ficaria preso em Miami?

“Ya deben hablar como españoles” se burla el dictador, el mismo que le besa el trasero a cubanos, venezolanos, chinos y rusos, y que tiene un hijo incapaz de leer sin tartamudear y otro que es el hazmerreír cuando canta. pic.twitter.com/kDTkGGVH74

— Miguel Mendoza (@Mmendoza1970) February 22, 2024

Comecei a perguntar a fontes diplomáticas e migratórias sobre o que fazer se meu passaporte estivesse desativado. Ninguém soube me dar uma resposta clara, certeira. A desnacionalização, concordaram, não era apenas incrível e realmente incomum, mas também uma espécie de pena tirada da Idade Média. Não havia explicações para essa situação. Consegui viajar e aos poucos fui entendendo o que significava ser apátrida. Procuraram-me no registro civil da minha cidade e eu já não existia. Minha certidão de nascimento foi apagada. Isso aconteceu com vários apátridas: seus filhos, de repente, juridicamente, deixaram de ter pais porque já não existem segundo o regime. Além disso, as contas bancárias foram congeladas e, acima de tudo, o mais complicado para mim, é essa angústia no peito: os ditadores bateram onde mais dói, na minha essência como pessoa que se orgulha de sua nicaraguensidade. Senti-me derrotado novamente naqueles dias, da mesma forma como me senti quando tive que me exilar pela segunda vez.

Desde então, tenho lidado com essa angústia que diminuiu ao longo dos meses, porque se aprendi alguma coisa durante todo esse tempo longe da minha Nicarágua é a ser cada vez mais resistente e obstinado para não desistir. Apeguei-me ao que Gandhi disse em um julgamento por sedição contra ele: "Desobedecer ao mal é um dever tanto quanto obedecer ao bem". E o jornalismo é desobediente aos déspotas. Nisso acredito. Mas estaria mentindo se dissesse que tem sido fácil. O exílio e o desterro têm um custo muito alto, além das questões jurídicas e logísticas. Foi um grande estímulo que a Espanha nos concedeu a nacionalidade de forma quase expedita. Um gesto e uma vontade política muito generosa de um país ao qual nosso poeta Rubén Darío, providencialmente, nos ensinou a chamar de "mãe pátria". No entanto, os golpes emocionais continuaram chegando.

Manter a determinação de continuar fazendo jornalismo que fiscaliza e denuncia um regime que foi acusado de cometer crimes contra a humanidade torna alguém uma espécie de pária. As amizades se afastam ou continuam clandestinamente, como uma forma de marcar distância e se proteger da repressão que mostrou não ter limites. O ápice é que, se alguém me visita, não publica nem uma foto comigo por "proteção". A família faz o mesmo e, com gravidade especial, perde-se os familiares, porque estamos sozinhos no exílio e no desterro. Dói perder essa conexão com as pessoas que amamos e, longe de ser um reproche para eles, estou convencido de que é o que deve ser feito. O que é necessário. Por outro lado, há pessoas que eram vitais para resistir no exílio, mas se cansam dessa história interminável e nos abandonam, indo para outros lugares onde o esforço diário de tentar resgatar a Nicarágua não seja a norma, longe do exílio.

No último ano, tenho questionado muito a mim mesmo; tem sido inevitável, embora saiba que esse exílio não seja culpa minha, nem pelo que faço. Por exemplo, por que continuo fazendo jornalismo? Sério, por que continuar fazendo jornalismo quando tiram quase tudo de você? Tiraram seu país, sua família, seus amigos e até a possibilidade de não poder enterrar meus avós; quando congelam suas contas, o declaram fugitivo da justiça, difamam você, te agridem, perseguem seus pais... Por quê? Não encontrei uma resposta ponderada ou muito profunda, mas encontrei algo semelhante a uma resposta clichê que me parece honesta: tenho um compromisso como cidadão da Nicarágua, mas principalmente um compromisso com a profissão de jornalista. Nesse sentido, todos os dias tento me reinventar no exílio. Formei outra família linda e solidária com outros exilados e desterrados na Costa Rica, onde moro, e continuamos acreditando que vale a pena resistir. A esperança comum está muito machucada, mas permanece íntegra e sempre oferece a promessa de uma Nicarágua livre para retornar.

Uma dessas amigas e agora minha família no exílio me emprestou há alguns meses o livro da jornalista filipina Maria Ressa, intitulado Como lutar contra um ditador. Fiquei impressionado com a pergunta que Ressa faz logo na capa do livro: "O que você está disposto a sacrificar pelo seu futuro?". Acredito que todos os exilados e desterrados já sacrificamos as coisas que contei, mas também continuaremos a sacrificar, porque estamos lidando com uma ditadura repugnante que não cessa em seu esforço para quebrar nossa dignidade, e por isso sempre encontra formas intrincadas de nos atacar, de tentar nos silenciar.

Digo isso porque a última tática dos Ortega-Murillo é ir contra os familiares dos desterrados e exilados. Primeiro começaram com prisões e, depois, nas últimas semanas, começaram a confiscar as propriedades dos familiares dos declarados "traidores da pátria". É uma aberração jurídica e saque que não tem vergonha. Embora seja um crime político, os crimes nunca são imputados aos responsáveis.

Há um forte clima de autocensura. O terror impera tanto na Nicarágua quanto além de suas fronteiras. Os exilados e desterrados estão diante do dilema de continuar denunciando ou se calar para não prejudicar os familiares. É uma decisão que cada um deve tomar de acordo com suas próprias circunstâncias. Não é um medo infundado e deve ser levado a sério, porque há a certeza de que os Ortega-Murillo decidiram não respeitar nada; eles ultrapassam todas as linhas vermelhas que, pelo menos por decência, não deveriam ser ultrapassadas.

Ridículo el tirano Ortega. Somoza bien lo pudo haber expatriado a él por “traidor” cuando luchó contra su tiranía. Decir que se pierde la patria por estar en contra de quien la mal gobierna es una muestra más de su ciega intolerancia. Su realidad es despótica como el mismo.

— Gioconda Belli (@GiocondaBelliP) February 22, 2024

O casal presidencial se deu licença para ser abjeto e desumano, algo que demonstraram amplamente quando ordenaram o assassinato com tiros letais de 355 almas durante os protestos de 2018. Os Ortega-Murillo não podem - nem poderão diante da história - escapar de nenhum de seus crimes, assim como da confiscação ilegal de propriedades expressamente proibidas pela Constituição Política da Nicarágua em seu artigo 44. Toda a violência que eles exercem tem um elemento central de arbitrariedade e vingança. Devemos resistir com convicção.

Nessa incerteza e diante desses golpes sofridos, é preciso encontrar sentido na vida para ficarmos em paz conosco mesmos e seguir em frente. E o sentido da vida, diz Maria Ressa em seu livro, "não é algo que tropeçamos nem algo que nos é entregue por alguém. Nós o construímos através de cada uma de nossas decisões, dos compromissos que escolhemos, das pessoas que amamos e dos valores que são importantes para nós". No meu caso, é importante continuar lutando, como disse antes, com a única ferramenta que tenho: a palavra.

É uma batalha constante, dicotômica, em que alguns dias o compromisso parece desgastado e outros rejuvenescido. Vários frentes são abertos em nível emocional, econômico e profissional que devemos desafiar e resolver. Como canta Sabina, é amargo como o vinho do exilado, mas também esperançoso quando nos conforta o abraço coletivo que nos damos os desterrados e exilados. Sobrevivemos agarrados a essa tábua que flutua no mar do totalitarismo para não afundarmos, para não nos afogarmos e continuarmos pela Nicarágua e pelos nicaraguenses. Com essa estranha esperança que não nos abandona diante de um panorama tão desolador.

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