21 Junho 2025
"Uma tarefa cada vez maior é a do Cardeal de Hong Kong, Stephen Chow, pelos laços que vem construindo com diversas dioceses da China continental, visitando e convidando. Um ponto de referência no local onde a administração pública está corroendo os últimos resquícios de uma experiência democrática e livre de décadas anteriores", escreve Lorenzo Prezzi, teólogo italiano e padre dehoniano, em artigo publicado por Settimana News, 18-06-2025.
Nos estreitos círculos chineses que lidam com a religião católica, paira um sutil mal-estar: a extraordinária simpatia do Papa Francisco pela China foi desperdiçada. Mesmo que seu sucessor, o Papa Leão XIV, tenha demonstrado confirmar a abertura de seu antecessor em relação ao "reino do meio", a empatia de Bergoglio e sua renovação de quatro anos do acordo sobre a nomeação de bispos em outubro de 2024, em um contexto internacional de conflito progressivo da China com o Ocidente, não encontraram resposta adequada.
A lenta comunicação da morte do pontífice em termos burocráticos, a ausência de representação, mesmo extraoficial, durante os dias de luto e a ausência de bispos para o funeral fazem com que pareça uma oportunidade perdida. Para piorar a situação, há a nomeação apressada e caótica (antes do consentimento do Vaticano) de dois bispos auxiliares em Xangai e Xinxiang.
Nomeações que não eram de oposição, mas que ocorreram num momento em que soavam como um insulto desnecessário. Mesmo que decididas com antecedência e conduzidas, segundo alguns especialistas, com evidente despreparo, pareciam prejudiciais ao espírito do acordo, ainda que não ao texto (ainda secreto pela vontade chinesa).
O imperativo de Xi Jinping para a "sinicização" das religiões continua a produzir novos impedimentos à já frágil "liberdade" religiosa. Permanece a pressão indevida sobre padres e bispos "clandestinos" pelo processo de "registro" que não oferece, especialmente em cargos periféricos, qualquer capacidade de mediação e ajuste.
A revista AsiaNews noticia isso com frequência, como nas postagens de 11 e 16 de abril. Em 1º de maio, entraram em vigor novas regras que restringem ainda mais as atividades religiosas para estrangeiros. Disposições detalhadas regulam quantos livros podem ser trazidos para a China, quais tipos de celebrações existem e o número limitado de contatos possíveis.
Segundo um especialista consultado por La Croix (9 de abril), "a novidade da regulamentação tenderia a exigir que cada comunidade religiosa estrangeira declare oficialmente três líderes considerados interlocutores privilegiados pelas autoridades em caso de problemas". Em outras palavras, o controle está sendo aperfeiçoado dentro de todos os grupos religiosos das diversas crenças. Em todos os lugares e em todos os momentos, nada deve acontecer fora do controle e das normas do partido".
Há também elementos menos problemáticos e positivos no atual contexto chinês, como os laços cada vez mais cultivados do Cardeal de Hong Kong, Stephen Chow, com vários bispos da China continental, a presença de várias dezenas de religiosos em contextos principalmente universitários e o reconhecimento formal do bispo "clandestino" Lin Yuntuan, como bispo auxiliar de Dom Cai Bingrui, na diocese de Fuzhou.
Este último gesto foi particularmente apreciado em Roma, pois abre caminho para o reconhecimento legal do grupo limitado de bispos que não aceitaram em consciência o registro exigido pelo Estado, ou pelo menos não nas formas sufocantes de alguns funcionários zelosos. A cerimônia oficial de 11 de junho contou com a presença de vários bispos, com mais de 300 fiéis. Resta saber qual será o papel real do novo auxiliar.
Uma tarefa cada vez maior é a do Cardeal de Hong Kong, Stephen Chow, pelos laços que vem construindo com diversas dioceses da China continental, visitando e convidando. Um ponto de referência no local onde a administração pública está corroendo os últimos resquícios de uma experiência democrática e livre de décadas anteriores.
Acompanhar a comunidade católica em tamanha aflição não é nada fácil. Em concordância com a Secretaria de Estado, o Cardeal realiza uma ação discreta, porém eficaz, de conhecimento e referência mútuos, que se verificou mesmo antes e durante o Conclave. As vozes dissidentes do Cardeal Zen e de outros em relação ao acordo com a China foram atenuadas e trazidas de volta à dimensão correta, também graças ao seu testemunho.
Positiva, apesar das recentes e óbvias limitações, é a presença na China de algumas dezenas de religiosos estrangeiros pertencentes às famílias religiosas dos dominicanos, franciscanos e jesuítas (destes, estamos falando de 20 a 25 consagrados). Alguns mosteiros também foram abertos, em particular os trapistas: um masculino e um feminino. Durante o dia, os monges trabalham como operários e as mulheres como enfermeiras e, à noite, vestem o hábito para a oração coral.
A substituição de um importante peão na comissão chinesa para o diálogo com a Santa Sé pesa no futuro próximo. De fato, o representante da Frente Única, expressão direta do Partido e referência central para a questão religiosa, foi substituído. O recém-chegado parece ser uma figura menos disponível e mais rígida.
De qualquer forma, os diálogos prosseguem com um primeiro e fundamental resultado: impedir a formação de um cisma com nomeações episcopais antipapais. Mas os passos positivos permanecem muito curtos e lentos, dando aos diretamente envolvidos a percepção de que estão trabalhando não tanto para o presente, mas para a Igreja dos próximos 30-40 anos.