16 Mai 2025
Na Europa, Ásia e América do Norte, investimentos outrora engavetados em usinas nucleares voltam aos planos dos governos.
A informação é publicada por ClimaInfo, 15-05-2025.
Com a urgência de se eliminar os combustíveis fósseis, principais causadores das mudanças climáticas, e avançar na transição energética, alguns países retomaram planos de investir em energia nuclear. De fato, a geração termonuclear tem emissão quase zero de gases de efeito estufa. Mas os acidentes nas usinas de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, e de Fukushima, no Japão, em 2011, mostram os imensos riscos da fonte. Sem falar no custo da eletricidade, mais alto do que das fontes renováveis.
Quarenta anos depois de banir os reatores nucleares tradicionais, a Dinamarca analisará os potenciais benefícios de uma nova geração de tecnologias da fonte, informou o Guardian. A decisão surgiu à medida que o interesse em novos projetos nucleares aumentou em toda a Europa, assim como planos para estender a vida útil dos reatores existentes no continente.
Na Ásia, a Coreia do Sul desenvolve sua tecnologia atômica doméstica há décadas, tanto para seu próprio consumo elétrico quanto respondendo à necessidade de abandonar os combustíveis fósseis. Agora, como destacou a Bloomberg, a indústria atômica sul-coreana atrai a atenção de países ocidentais ávidos por aumentar sua produção nuclear sem envolver Rússia ou China, os principais construtores nucleares do mundo.
Também na Ásia, Taiwan se prepara para desligar seu último reator nuclear em operação. No entanto, segundo a Al Jazeera, a crescente demanda por eletricidade impulsionada pela indústria de semicondutores e inteligência artificial (IA) na ilha cria um debate acalorado.
Os defensores da energia nuclear argumentam que a fonte é a maneira mais viável para o país atingir seus objetivos industriais e ambientais concorrentes. Já Chia-wei Chao, diretor de pesquisa da Taiwan Climate Action Network, disse que a energia nuclear não é a resposta para as necessidades energéticas da ilha. “Desenvolver energia nuclear em Taiwan muitas vezes significa cortar o orçamento para impulsionar energias renováveis, ao contrário de outros países”, disse.
Já no Canadá, a Ontario Power Generation foi autorizada pelo governo da província de Ontário a construir o primeiro de quatro pequenos reatores nucleares modulares [Small Modular Reactors, ou SMR] em um local fora de Toronto, relatou a Bloomberg. O projeto, de US$ 15 bilhões, é o primeiro do tipo a ser implantado em um país do G7.
A fonte nuclear está no radar do novo primeiro-ministro canadense, Mark Carney. Os planos de Carney para tornar o Canadá uma superpotência “tanto em energias limpas quanto convencionais” envolvem o uso da produção nacional de petróleo e gás fóssil para substituir importações, especialmente dos Estados Unidos, além de aumentar as exportações. E também investimentos em energia nuclear e hidrelétrica, e possivelmente em captura e armazenamento de carbono. A Bloomberg deu mais detalhes.
Falando nos EUA, o estado de Wyoming, no oeste estadunidense, tem sido lento na transição dos combustíveis fósseis, mas avança a passos largos em direção a novas tecnologias nucleares, destacou a Inside Climate News. O projeto TerraPower, empresa financiada por Bill Gates que está construindo o primeiro reator nuclear avançado resfriado a sódio do país, combinado com incentivos governamentais, ricas reservas de urânio e seu comprometimento com uma estratégia energética “que inclua tudo isso” posiciona o estado como líder potencial em energia nuclear da próxima geração.