13 Mai 2025
"Podemos esperar que alguma centelha de consciência o tenha atingido e que – talvez aos poucos – ele compreenda que todo o empenho pela paz, pelos pobres, pelos fracos, perde o sentido se for levado adiante por uma instituição marcada internamente pela mais profunda, radical e injusta das desigualdades sistêmicas: a patriarcal."
O artigo é de Paola Lazzarini, publicado por Domani, 12-05-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Paola Lazzarini é socióloga da religião, jornalista freelancer, fundadora da associação "Mulheres pela Igreja" e cofundadora da rede internacional "Conselho das Mulheres Católicas"
Francisco abriu uma brecha em um antigo muro. Seu papado, no entanto, foi um tempo de frustrações. O Papa Prevost expressou ceticismo em relação ao diaconato feminino. Mas há outros sinais de esperança. A tradição católica tem características quase desconcertantes: não se pode chorar por muito tempo sobre um papa morto porque a história chama e um novo papa deve aparecer. E, portanto, olhar para o pontificado de Francisco torna-se imediatamente uma operação historiográfica que faz sentido na medida em que inaugura um novo tempo, o tempo de Leão XIV.
Para muitas mulheres católicas ao redor do mundo, o papado de Bergoglio representou a abertura de uma brecha em um antigo muro que lhes permitiu vislumbrar além, despertando esperanças e possibilidades.
Mas esse muro ficou lá. Sólido, intacto.
Foi, portanto, um tempo de grandes expectativas e igualmente grandes frustrações: Francisco criou as condições para falar – abertamente – de desigualdades, poder, acesso, representação, mas as mudanças produzidas foram poucas, lentas, ambíguas.
Em 2016, a pedido da União Internacional das Superioras Gerais (UISG), o órgão que representa as superioras das congregações femininas ao redor do mundo, o Papa Francisco criou uma comissão para estudar a presença de mulheres diáconas na Igreja antiga. A notícia foi recebida com entusiasmo, representava um possível ponto de virada: o reconhecimento oficial de um ministério perdido, talvez removido, que poderia ser reativado. No entanto, o percurso da comissão se revelou tortuoso e inconclusivo; após quatro anos de trabalho, o Papa voltou a se encontrar com as freiras declarando que uma posição unívoca não havia sido alcançada.
A comissão foi dissolvida e outra foi criada, da qual com o tempo se perderam todos os sinais. Aquele primeiro passo, apesar de sua evidente ineficácia, foi interpretado como um sinal de atenção enquanto as vozes femininas cresciam, pedindo um lugar na Igreja, não como súplica ou concessão, mas como reivindicação de justiça. Durante o pontificado de Francisco, os movimentos feministas católicos se tornaram mais fortes e visíveis, impondo a questão do papel das mulheres na Igreja e Francisco entendeu que era um canto cego da Igreja - e talvez também seu pessoal - que precisava ser iluminado, palavras doces ou imagens poéticas não eram mais suficientes, era necessário chegar ao mérito da questão e ele decidiu fazê-lo, à sua maneira.
Nos últimos anos, as mulheres estiveram no centro das atenções sempre que se falava em reforma da Igreja, e Francisco realizou alguns gestos significativos, embora sempre de forma parcial, controlada e simbólica. Ele concedeu às mulheres acesso aos ministérios de leitorado e acolitado, que muitas delas já exerciam na prática nas paróquias de todo o mundo. No Sínodo sobre a Sinodalidade, as mulheres finalmente obtiveram o direito ao voto, um passo histórico, sim, mas também aqui uma concessão tardia e limitada, dado que as mulheres representavam uma porcentagem mínima dos votantes.
Ele nomeou algumas mulheres para cargos importantes no Vaticano, ganhando as manchetes, mas sem alterar o equilíbrio geral do poder eclesial; pelo contrário, as nomeações femininas também serviram – e talvez acima de tudo – como peões preciosos na obra de reforma da Cúria Romana do Papa; sua marginalidade jogou a favor da mudança, mas na confirmação de um poder que permanece gerido alhures.
O Sínodo recentemente concluído é o espelho perfeito da situação: em todas as sínteses nacionais e continentais, os católicos expressaram – de maneiras diversas, mas convergentes – o desejo de uma Igreja na qual as mulheres possam participar plenamente dos processos decisórios, mas, ainda assim, o documento final foi cauteloso, eufemístico, sem compromissos concretos.
Ainda é impossível abordar o problema institucional da associação entre poder e ordenação e entre ordenação e masculinidade.
Nada representa melhor essa exclusão do que a imagem dos 133 cardeais eleitores reunidos em conclave. Quando as portas da Capela Sistina se fecharam e o mestre de cerimônias pronunciou o "extra omnes", metade da população humana foi excluída.
Agora temos diante dos olhos as imagens do rosto comovido do novo papa, um estadunidense pela primeira vez na história. Na era das mídias sociais, foi rápido e fácil pesquisar suas declarações anteriores, suas posições e – no que diz respeito às mulheres – parece que a perspectiva não muda em comparação com a linha de Francisco: algumas mulheres envolvidas em cargos de liderança sim, a ordenação (ou seja, o reconhecimento da igualdade entre homens e mulheres) não.
Durante uma das sessões do Sínodo sobre a Sinodalidade, em outubro de 2023, ele disse: "Uma coisa que deve ser dita é que ordenar as mulheres – e houve algumas mulheres que disseram isso de forma interessante – 'clericalizar as mulheres' não resolve necessariamente um problema, mas pode criar um novo". Nada de novo: mais uma vez, um homem ordenado diz às mulheres que pedem acesso à mesma ordenação que isso, para elas, poderia ser um prenúncio de problemas. Em vez de erradicar o clericalismo masculino existente, ele é reforçado ao continuar a tratar o ministério ordenado como um clube privado, ao mesmo tempo em que se preocupa com o eventual clericalismo das mulheres.
É claro que o nome que ele escolheu não soa muito bem, considerando que Leão XIII condenou a emancipação feminina e, na Rerum Novarum, escreveu que "A mulher (...) a qual a natureza destina de preferência aos arranjos domésticos, que lhe correspondem melhor" (Rerum Novarum, n. 26).
No entanto, há alguns sinais de esperança, e eles vêm do fato de que esse papa é decididamente mais jovem que seu antecessor, e isso não é um detalhe, especialmente se considerarmos que ele viveu sua adolescência e juventude em Chicago, na década de 1970, na Chicago da Women's Liberation Union (CWLU), uma das organizações feministas radicais mais influentes dos Estados Unidos, que já na época unia as lutas contra o sexismo, o racismo e o capitalismo.
Podemos esperar que alguma centelha de consciência o tenha atingido e que – talvez aos poucos – ele compreenda que todo o empenho pela paz, pelos pobres, pelos fracos, perde o sentido se for levado adiante por uma instituição marcada internamente pela mais profunda, radical e injusta das desigualdades sistêmicas: a patriarcal.