02 Julho 2024
"Não por acaso, é no ritmo elementar da respiração que a mãe se concentra enquanto 'geme e sofre as dores de parto'. Se o trabalho de parto do mundo não terminou, talvez o tempo da oração ainda não tenha começado", escreve Alessandro Zaccuri, diretor de comunicação da Universidade Católica do Sagrado Coração. Zaccuri colabora com o jornal Avvenire. Seu romance mais recente é Poco a me stesso (Marsilio, 2022). O artigo é publicado por Settimana News, 29-06-2024.
Na dúvida, sempre se pode voltar a São Paulo, mais precisamente à Carta aos Romanos, e ainda mais precisamente ao capítulo 8, que periodicamente deveria ser lido e relido por inteiro. Por brevidade, limitemo-nos a um versículo, o 22, no qual se afirma que "toda a criação geme e sofre as dores de parto até agora". (…) É neste tempo intermediário, testemunha de uma espera consequente a uma promessa, que se situa a aventura da oração. A qual, por definição, não pertenceria ao fluxo do tempo, mas sim à suspensão atemporal do êxtase, ou seja, do separar-se de si para encontrar a alteridade. A oração não é cumprimento, mas sim espera. (…)
A oração é contemporânea apenas a si mesma, como demonstra um grupo de sábios que recentemente publicaram em rápida sucessão. A coincidência com o Ano da Oração proclamado para 2024 pelo Papa Francisco não é declarada e, no fundo, poderia até ser casual. O fato é que neste início do século XXI continua-se a falar sobre oração, a refletir e a debater sobre ela. E não na perspectiva de um arcaísmo nostálgico alimentado pelo arrependimento pelo sagrado perdido. Pelo contrário, o interesse pela oração se insinua nos interstícios de uma hipermodernidade que fez da tecnologia o seu próprio emblema.
Capa de Algoritmos e orações, livro de Guerino Nuccio Bovalino.
Algoritmos e orações (Luiss University Press) é, de fato, o título do livro no qual o sociólogo Guerino Nuccio Bovalino desenvolve sua reflexão sobre a "humanidade entre a mística e a cultura digital". Em grande parte devedora das contribuições de outros estudiosos, a abordagem de Bovalino tem o mérito de valorizar o dispositivo conceitual de "tecnologia da esperança", originalmente sugerido por Luciano Floridi e agora desenvolvido em uma tratativa que atribui à própria tecnologia o papel de "profeta" e não de "profecia":
"A Inteligência Artificial é o oráculo que fala a língua da última versão, o mais recente upgrade, do homo deus. Ao profetizar as futuras transformações, ela transforma o real e, como toda nova língua, constrói uma inédita arquitetura da realidade, reformando-a".
Sobre a oração como "tecnologia do sagrado" também escreve Franco La Cecla em Convincere Dio (Einaudi), uma coleção de "notas sobre orar" que, segundo o estilo do conhecido antropólogo, alterna observações pessoais e raciocínios sistêmicos. Um dos temas recorrentes é a presença do rosário em contextos culturais diferentes, unidos pela confiança em uma repetição ritual que se configura, em última análise, como "uma forma de anulação do sujeito".
O paradoxo que a oração apresenta é exatamente este: para empreender a missão impossível de "convencer Deus", é preciso primeiro renunciar a si mesmo. Em outras palavras, para impor a própria vontade é necessário desistir de qualquer ato de vontade.
A tessitura do livro de La Cecla é densíssima, tudo se mantém conectado e, ao mesmo tempo, cada detalhe parece se prestar a uma divagação adicional. Apesar disso, o ponto de chegada permanece claríssimo, coincidindo com a pergunta sobre "uma herança não transmitida" ou, melhor, "uma incompreensão em relação a algo que mantivemos escondido e que, entretanto, no baú em que o guardamos, mofou".
A atualidade da tradição espiritual do Ocidente, cuja crise é denunciada por La Cecla, está no centro de Parlare con Dio de Umberto Curi (Bollati Boringhieri), uma "investigação" ao longo da qual os resultados do humanismo antigo são confrontados com as demandas do cristianismo. O fio condutor é a percepção de um "excesso" entendido como o lugar onde o humano se manifesta plenamente, em uma incessante negociação com o invisível, da qual resta traço no pensamento dos filósofos, no grito dos poetas trágicos, na linguagem áspera da Bíblia e nas sutilezas da prosa teológica.
Particularmente iluminante é a interpretação das Bem-aventuranças conduzida por Curi com o duplo passo da ética clássica (onde predomina o conceito de medida imposto pelo exercício das virtudes) e do anúncio evangélico (que remete à desmedida do dom).
Dessa irreduzibilidade da oração a uma única dimensão da experiência, decorre a convicção polêmica expressa por outro antropólogo, Stefano De Matteis, já no título de seu Gli sciamani non ci salveranno (Elèuthera).
Combinando pesquisa de campo e aprofundamento teórico, De Matteis questiona o oxímoro de um ateísmo espiritual reconfortante, sobre o qual se apoiam as disciplinas fragmentadas geradas pela dissolução do New Age. Para que a travessia do "mundo interior" não se esgote em uma eterna repetição do mesmo, é necessário aplicar "a regra da gratuidade", que permite compartilhar o sopro comum da vida.
Não por acaso, é no ritmo elementar da respiração que a mãe se concentra enquanto "geme e sofre as dores de parto". Se o trabalho de parto do mundo não terminou, talvez o tempo da oração ainda não tenha começado.