13 Março 2024
Gostamos de pensar que este é um tempo especial para nós, mulheres, talvez porque ainda temos esperanças de que surja uma reforma e uma maior justiça na Igreja por ocasião da próxima sessão sinodal em outubro”. Essa é a esperança de Patrizia Morgante, presidente da associação “Donne per la Chiesa”, moderadora do encontro promovido na tarde do dia 7 de março na página do Facebook e no canal do YouTube da editora Paulinas, focado no livro Smaschilizzare la Chiesa? (Desmasculinizar a Igreja?). Um debate crítico sobre os princípios de H.U. de Balthasar.
"Um dos grandes pecados que cometemos foi masculinizar a Igreja", reiterou diversas vezes o Papa Francisco, que assina o prefácio do livro no qual são apresentadas as contribuições de duas teólogas e de um teólogo (a irmã Linda Pocher, Lúcia Vantini e Dom Luca Castiglioni) convidados por Bergoglio na sessão do Conselho de Cardeais de 4 de dezembro de 2023 para refletir e aprofundar a questão, a partir do chamado “duplo princípio mariano-petrino” do teólogo Hans Urs von Balthasar (1905-1988).
A reportagem é de Laura Badaracchi, publicada por Avvenire, 09-03-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
“Um dispositivo que deveria valorizar as diferenças, mas que na realidade marginaliza as mulheres idealizando-os, e funciona como legitimação de privilégios e injustiças, causando um mal não apenas às mulheres. No nome de Maria, as mulheres perdem a sua concretude histórica e, assim, o seu ser feminino é posto mais no espaço do carisma, que não chega à prática de acompanhamento e florescimento eclesial”, observou Lucia Vantini, presidente da Coordenação Teólogas italianas (CTI).
“Smaschilizzare la Chiesa"? Confronto critico sui "principi" de H. U von Balthasar, Edizioni Paoline, Milão 2024 (Foto: Divulgação)
“Ter a coragem de contar a sua experiência e colocar em ação a sua visão do mundo cria conflito, o que não significa ir à guerra ou temer um atrito. Devemos aprender a colocar em jogo as nossas diferenças, encontrando uma síntese que não as cancele, para que possamos abrir uma passagem até chegar a um bem comum. Sentimos dificuldade em nos abrir para uma nova aliança pela assimetria entre os sexos”, acrescentou a teóloga.
Nas páginas Dom Castiglioni, professor de Teologia fundamental no Seminário de Milão e membro da Associação Teológica Italiana (ATI) e da Cti, considera decisivo que os ministros ordenados “dispunham de contextos e oportunidades para se deixarem olhar, criticar e corrigir" pelos fiéis, "evitando sempre manter-se na posição de força, em particular em relação às mulheres", devido a uma "masculinidade tóxica na subjetividade e no agir" que deve ser convertida. Por sua vez, a Irmã Pocher, Filha de Maria Auxiliadora e docente de Mariologia e Cristologia na Pontifícia Faculdade Auxilium, relê “duas cenas bíblicas que dizem respeito à mãe de Jesus. Desvinculando-se de visões estereotipadas e abstratas, é possível vislumbrar uma história de forte protagonismo feminino: a mãe de Jesus é, junto com outras mulheres, discípula e mistagoga”.
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“Desmasculinizar a Igreja”, em diálogo a partir do princípio mariano-petrino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU