01 Agosto 2023
Dependendo onde nascem, crianças não estão na escola, nas praças, brincando, pulando corda... estão na guerra. A Secretaria Geral da ONU para Crianças e Conflitos Armados registrou mais de 27 mil casos de violações contra menores em 2022. Metade dessas agressões foi cometida por forças insurgentes; a outra metade cabe a forças armadas e de segurança de governos.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
A secretária titular do setor, Virgínia Gamba, relatou ao Conselho de Segurança da ONU, na reunião de 5 de julho, que o relatório sobre os casos registrados no ano passado abrange 26 situações de conflito em cinco regiões do mundo. Casos na Etiópia, Moçambique e Ucrânia aparecem pela primeira vez nesse tipo de levantamento.
O relatório denuncia que 8,6 mil crianças foram mortas ou mutiladas, 7,6 mil foram recrutadas e usadas em combate, 3,9 mil foram sequestradas e mais de 1 mil, principalmente meninas, foram estupradas, forçadas ao casamento, agredidas sexualmente ou levadas para a escravidão sexual.
As páginas do relatório macabro também apontam, segundo a ONU News, que mais de 1,1 mil escolas e quase 650 hospitais foram atacados no ano passado, metade desses ataques perpetrada por forças governamentais. Os ataques a escolas e hospitais para fins militares cresceram mais de 60% em 2022 comparados ao ano anterior.
O vice-diretor executivo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Omar Abdi, frisou no Conselho de Segurança que conflitos prolongados geram mais casos de violações contra crianças, como é o caso na República Democrática do Congo, Israel e Territórios Palestinos e na Somália.
Nos últimos 23 anos, lembrou Abdi, a ONU e parceiros contribuíram para a libertação de pelo menos 180 mil crianças de grupos armados. Depois de cinco anos de vigência da resolução que prevê a proteção infantil nas áreas em conflito, Abdi lamentou que ainda não tenham sido adotadas conclusões do relatório para fornecer maior proteção a crianças em áreas de conflito.
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Relatório da ONU denuncia violações a crianças em áreas de conflito - Instituto Humanitas Unisinos - IHU