Iyabás, Deusas das Florestas, Senhoras das águas abram os caminho. Artigo de Ivânia Vieira

Foto: Wikimedia Commons

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27 Julho 2023

 "A educadora Sandrali de Campos BuenoÌyá Sandrali de Ọ̀ṣun, nos brindou com as palavras encantadas, esculpidas no corpo de uma mulher de tantas lutas. No corpo de Sandrali Bueno. Estávamos no 9º Encontro Internacional de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas, tecido remotamente no ano de 2020, pelo Fórum de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas (FMAAC)", escreve Ivânia Vieira, jornalista, professora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), doutora em Processos Socioculturais da Amazônia, articulista do jornal A Crítica de Manaus, cofundadora do Fórum de Mulheres Afroameríndias e Caribenhas e do Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas (Musas), em artigo enviado ao Instituto Humanitas Unisinos — IHU.

Eis o artigo.

“É tempo de protocolar que carregamos dentro de nós a herança da magia da criação, da espiral da vida que é contínua e a cada volta se conecta com encontros que proporcionam experiencias e acúmulos que fortalecem nossa Força Vital. Portanto que a luta das mulheres negras e indígenas pela vida e contra o racismo seja o reflexo da luta sagrada das Iyabás e das Deusas das Florestas, Senhoras das águas, da vida, da amorosidade, da fertilidade e do cuidado para que encontremos os caminhos que fortalecem luta pela democracia, justiça social, emancipação e por um futuro digno às crianças e aos jovens desse país.”

A educadora Sandrali de Campos Bueno, Ìyá Sandrali de Ọ̀ṣun, nos brindou com as palavras encantadas, esculpidas no corpo de uma mulher de tantas lutas. No corpo de Sandrali Bueno. Estávamos no 9º Encontro Internacional de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas, tecido remotamente no ano de 2020, pelo Fórum de Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas (FMAAC).  

É tempo, hoje, de perceber e aprender a perceber os caminhos de reconstrução da democracia cuja expressão se realiza na justiça social, na emancipação do Brasil e na determinação de confeccionar, agora, o futuro digno das crianças, das e dos adolescentes, das e dos jovens do Brasil. Neste 25 de julho somos chamadas e chamados a escutar as vozes das nossas mães, avós, das nossas ancestrais. De pensar e querer conhecer o que moveu Tereza de Benguela, Dandara dos Palmares, Maria Felipa, Maria Firmina, Lélia Gonzales, Luiza Bairros, Conceição Evaristo, Sueli Carneiro, das Franciscas, Zenilda, Miquelina Barreto, Deolinda Dessano ...

Que façamos caminhos para enlarguecer o espaço da escrita da história negra e indígena e nos comprometamos a dissemina-las em todas as escolas, as universidades, nas diferentes plataformas, em todos os cantos. No processo de reposicionar a história do povo brasileiro, da mulher brasileira, no inquietar educadores e educadoras sobre para que sonho estão educando?  É na educação que reside uma das possibilidades da desconstrução do racismo, dos currículos-programas das práticas ocidentalizadas e hegemônicas dos modelos de educação e da produção de conhecimento marcados pela desumanização de negros e indígenas.

Que olhemos com os ouvidos com a atenção e o carinho revolucionário bebamos, em brinde, as palavras de Ìyá Sandrali de Ọ̀ṣun e por elas sejamos afetadas e afetados em nosso existir: “somos feitas à semelhança da Natureza e a ela nos conectamos numa completa harmonia entre o vivo, o não vivo e o que há de viver. Nossos deuses e deusas convivem no nosso cotidiano e comungam dos nossos erros e acertos. Por isso, é preciso protocolar que, para nós, a morte prematura dos nossos mais velhos é desperdiço de sabedoria e destrói possibilidades criativas da juventude”.

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