19 Junho 2023
“A linha rigorosa dos nossos governos nacionais e da comunidade europeia é uma indústria para a morte de inocentes”. É a dura acusação do arcebispo de Palermo, dom Corrado Lorefice, após o massacre de migrantes na costa grega. "Uma política que não impede massacres, mas os determina conscientemente", diz Lorefice, "trai a missão constitutiva de construir a polis humana. Se nossas cidades europeias perderem o dever humano de acolher os que estão dispostos a enfrentar a morte para escapar do desespero e da guerra, não terão outro futuro senão o das novas cidades de Babel nas garras da impiedade e da violência", insiste o prelado.
A informação é publicada por La Repubblica, 17-06-2023.
E ainda: "Não socorrer quem arrisca a vida, não salvar seres humanos – 750 pessoas, membros da família humana – é crime. Não educar no acolhimento", articula Lorefice, "significa formar na violência. (...) Estamos indignados como cidadãos e como cristãos, e pedimos prontamente escolhas concretas para uma política migratória inteligente, acolhedora e inclusiva, livre de populismo e interesses partidários”, complementa.
Segundo o religioso italiano, "não abrir vias legais de desembarque de migrantes e de redistribuição solidária nos países europeus equivale a um apoio direto e consciente às indústrias mafiosas internacionais que se metem na questão das migrações oriundas da pobreza econômica e dos conflitos bélicos determinados e fomentado hipocritamente por nós ocidentais. Significa 'consagrar' rejeições, naufrágios e prisões nos muitos países fronteiriços – principalmente a Líbia – onde todos conhecemos graças aos testemunhos dos tristemente presos ou às imagens enviadas pelos repórteres".
O arcebispo de Palermo pede a proclamação do luto universal pela morte de 750 migrantes na costa da Líbia. E lança um apelo à União Europeia: "A Europa nasceu como terra de direitos, de respeito, de integração entre os diferentes. Hoje pode optar por trair a sua vocação e as suas origens, condenando-se ao disparate e à extinção econômica, ou permanecer fiel à palavra que a fundou".
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