O papa não desiste: “Moscou e Kiev no Vaticano, eu negocio”

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30 Novembro 2022

A Santa Sé relança sua proposta de mediação para a guerra na Ucrânia e está disposta a sediar no Vaticano um encontro entre os líderes para iniciar negociações de paz. Da Rússia, através do porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, chega um sim, acompanhado do esclarecimento de que, no entanto, a Ucrânia não concordaria. De Kiev, porém, nenhum comentário.

A reportagem é de Luca Kocci, publicada por Il Manifesto, 29-11-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

Alguns trechos da ampla entrevista concedida pelo Papa Francisco à revista dos jesuítas estadunidenses America há uma semana e publicada ontem recolocam em pauta o tema das negociações de paz entre Rússia e Ucrânia, que parece ter desaparecido de um horizonte repleto apenas de bombas e armas.

“A posição da Santa Sé é a de buscar a paz e um entendimento. A diplomacia do Vaticano está se movendo nessa direção e, claro, está sempre disponível para mediar”, disse o pontífice à America. E o secretário para as relações com os Estados, monsenhor Gallagher, entrevistado pelos telejornais da Mediaset, candidatou o Vaticano como sede de uma possível cúpula de paz: “A Santa Sé e o próprio Papa estiveram sempre disponíveis desde o início da guerra, desde 24 de fevereiro, até agora não houve uma resposta concreta – disse o “ministro das Relações Exteriores” do Vaticano –.

"Apesar disso, a Santa Sé permanece sempre à disposição. E se fosse oportuno e necessário oferecer e disponibilizar esses ambientes, como também já fizemos no passado, creio que o pontífice acolheria muito positivamente se um pedido viesse de ambas as partes com todas as boas intenções e com espírito de buscar a paz, o diálogo e sobretudo a vontade de colocar um fim a esta terrível guerra".

A resposta de Moscou foi imediata, dizendo sim – não se sabe se com convicção ou por estratégia – à oferta de mediação do Vaticano. "Sabemos que um determinado número de estadistas e países estrangeiros se declaram prontos para fornecer a sua ajuda e, naturalmente, acolhemos favoravelmente essa vontade política", declarou Peskov à agência de notícias russa Interfax. "Mas na situação que agora temos de facto e de jure da Ucrânia, tais intervenções não podem ser solicitadas", acrescentou o porta-voz do Kremlin, evidentemente referindo-se ao decreto com o qual o presidente Zelensky proibiu qualquer negociação.

No restante da entrevista à revista America, Bergoglio reiterou a posição que vem adotando desde o início da guerra, refutando as acusações de ser "filo-putiniano": condena pela agressão da Rússia a Kiev sem, contudo, justificar a guerra, repetidamente chamada "terceira guerra mundial".

“Quando falo da Ucrânia, falo de um povo martirizado. E quando há um povo martirizado, há alguém que o martiriza”, afirmou o Papa, enfurecendo Moscou que, através da porta-voz do Ministério do Exterior, Maria Zakharova, respondeu: “Isto já não é mais russofobia, mas uma perversão da verdade”.

“É muito claro que o Estado russo é que invadiu – acrescentou o pontífice -. Às vezes tento não especificar para não ofender e prefiro condenar em geral, mesmo que seja bem conhecido quem estou condenando: não é necessário que eu diga nome e sobrenome", "não é necessário que mencione Putin, já se sabe".

O atual empenho diplomático da Santa Sé – além daquele humanitário, com vários comboios enviados à Ucrânia com o esmoleiro, cardeal Krajewksj – se desempenha na frente dos prisioneiros.

"Trabalho recebendo listas de prisioneiros civis e militares, que envio ao governo russo, e a resposta sempre foi positiva", explicou Bergoglio, que também relançou a hipótese de uma viagem, mas com uma condição: "se eu viajar, vou para Moscou e Kiev, para ambas, não apenas uma”.

Isso quer dizer que a paz se faz a dois. Ao final da entrevista na revista America, Francisco, que critica o capitalismo, recebe uma pergunta que já ouviu em outras ocasiões: o papa é comunista? “Procuro seguir o Evangelho”, a resposta, esta também conhecida. Mas então Bergoglio acrescenta um elemento a mais. “O problema é a redução da mensagem evangélica a um fato sócio-político. Se eu considero o Evangelho apenas de maneira sociológica, então sim, é verdade, sou comunista e Jesus também é”.

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