Carta Fé na Democracia

Mais Lidos

  • A hierarquia se opõe à abertura aos fiéis LGBT, mas o Espírito sopra onde quer

    LER MAIS
  • O que é e como opera o negacionismo? Entrevista com Donatella Di Cesare

    LER MAIS
  • Racismo anti-indígena e a nova faceta do agrogolpe: o pacto narcísico da branquitude ‘aliada’

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

17 Outubro 2022

 

A Carta Fé na Democracia, que tem como signatários diversas entidades e pessoas, é liderada pelo Centro de Estudos Budistas Bodisatva, fundado e presidido pelo Lama Padma Samten, o ISERInstituto de Estudos da Religião, a Iniciativa Fé no Clima e o Instituto Caminho do Meio. A visão expressa na Carta acompanha a trajetória dessas entidades ao longo de sua existência e não se resume aos momentos eleitorais das nações.

 

A Carta Fé na Democracia congrega expressões religiosas, ambientais, direitos humanos, povos tradicionais, cientistas, ativistas sociais, que manifestam através desse documento valores que acreditam ser fundamentais para o momento crítico que vive o Brasil.

 

O Brasil está num momento muito grave, onde a democracia está sendo questionada sistematicamente, inclusive com graves ameaças ao equilíbrio entre os poderes e a Constituição, pilares de uma nação republicana. Isso resulta em descrédito e falta de confiança das pessoas e instituições.

 

Na economia, a alta de preços dos produtos necessários à sobrevivência oprime as famílias e leva ao endividamento, a falta de empregos tira a possibilidade e perspectiva de futuro para milhões de pessoas e a fome reaparece com potência e assola as periferias.

 

As florestas e biomas, fundamentais para a existência da biodiversidade e manutenção da vida no planeta, são constantemente ameaçados, destruídos e desprotegidos pelas autoridades, trazendo severas mudanças no clima e, com isso, toda a vida poderá ser sucumbida.

 

As comunidades tradicionais, em especial as indígenas, estão sendo impelidas a condição anterior à Constituição de 1988, deixando de ser reconhecidas nos seus direitos fundamentais, voltando a ser ameaçadas e retiradas de seus territórios por força das invasões de suas terras, queimadas, grilagem, garimpo e narcotráfico.

 

A educação pública brasileira está fora das prioridades, sofrendo a redução drástica de recursos, difamação do ensino e dos profissionais, e descaracterização das estruturas educacionais, em todos os níveis. Somado a isso a ausência total de diálogo e o autoritarismo governamental.

 

A Pandemia de Covid evidenciou o movimento de descaracterizar o SUS brasileiro, através da ausência de definições e coordenação no nível federal, somada às orientações equivocadas e sem comprovação científica na prescrição de tratamentos. A demora na aquisição de vacinas e os maus exemplos quanto a sua importância corroboram para o descrédito.

 

A violência é aquecida pela facilitação do comércio e aquisição de armas e por falas de ódio que colocam as pessoas em permanente estado de tensão e aflição, aumentando a insegurança, a discriminação racial, territorial, de gênero, sexual e de afetos.

 

Nesse sentido, propomos valores que consideramos fundamentais na definição do próximo presidente do Brasil e seus comandados, assim como as instâncias legislativas e judiciárias, com respeito à Constituição e às declarações e convenções internacionais dos valores e direitos fundamentais dos seres humanos e daelei.

 

Eis a carta.

 

Pelo direito à vida digna, sustentável e preciosa. Bem-estar físico, emocional e social. Redes humanas assentadas em compaixão, pacificação, valorização, respeito e lucidez.

 

Por uma cultura de paz, em todos os níveis e em todos os lugares. Nos opomos às visões autoritárias, sectárias, armamentistas e violentas nas disputas políticas e no convívio social. Uma paz que nos permite falar e ouvir com abertura e interesse.

 

Por uma justiça social e pela liberdade. Acesso amplo às condições básicas (físicas, emocionais e sociais) de apoio à vida: infraestrutura básica; alimentação de qualidade; saúde integrada e preventiva; segurança física e emocional; justiça ampla e restaurativa; educação que inclua o livre pensar, o respeito à diversidade, o mundo interno e as emoções; liberdade de movimento, pensamento e expressão.

 

Pela valorização das diferentes culturas e expressões que compõem nossa sociedade, incluindo os povos tradicionais, as expressões e modos de vida de matriz africana, as diferentes culturas e religiões, as mulheres, as diferentes expressões de gênero, sexualidade e afeto. Uma postura que vá além da tolerância: que inclua generosidade, respeito e um interesse genuíno por todos os humanos.

 

Por proteção, apreciação e reconexão com o meio ambiente, a partir da consciência da interdependência entre toda a vida na Terra e da compreensão dos impactos de nossos movimentos nos diferentes grupos humanos, nos animais e vegetais, na terra, nas águas e na atmosfera. A proteção dos ecossistemas e o fortalecimento de práticas agrícolas familiares, saudáveis, orgânicas, integradas ao meio ambiente e às culturas tradicionais.

 

A auto-organização e as redes de apoio, através do favorecimento da formação de redes baseadas em solidariedade, apoio mútuo e visões não sectárias de coletividade. Construção de espaços múltiplos de diálogo, de associações comunitárias, de fomento de projeto e de ações construídas coletivamente de forma horizontal e descentralizada.

 

Garantia da democracia e respeito à Constituição, com participação ampla da sociedade em conselhos municipais, estaduais e federais. Comunicação pública ampla e transparente entre governos e sociedade civil. Mais espaços de abertura para que a sabedoria das diferentes redes possa se traduzir em políticas públicas responsáveis e efetivas.

 

Com isso acreditamos que os postulantes ao mais alto posto da nação possam se colocar numa posição elevada, de interesse real pelo país, cuidando das pessoas e da natureza, de forma pacífica, gerando esperança, confiança e alegria num futuro respeitoso, honrado e altivo.

 

Outubro de 2022.

 

Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB)

Instituto Caminho do Meio (ICM)

Instituto de Estudos da Religião (ISER)

Iniciativa Fé no Clima

 

Leia mais

 

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Carta Fé na Democracia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU