Bênçãos das uniões homoafetivas: um pequeno livro. Artigo de Andrea Grillo

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08 Julho 2021

 

 

"Em um pequeno livro, os autores tentam refletir como teólogos católicos sobre a questão das 'bênçãos das uniões homoafetivas'".

O texto do livro é de Andrea Grillo, teólogo italiano e professor do Pontifício Ateneu Santo Anselmo, e Cosimo Scordatopublicado por Come Se Non, 07-07-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

Eis o texto. 


Em um pequeno livro, os autores tentam refletir como teólogos católicos sobre a questão das "bênçãos das uniões homoafetivas". Segue a introdução do texto, que apresenta resumidamente o design do pequeno volume.

 

Introdução

"Cum igitur in sexu femineo
non possit significari aliqua eminentia gradus,
quia mulier statum subiectionis habet,
ideo non potest ordinis sacramentum suscipere."

Santo Tomás de Aquino

 

Reprodução da capa do livro

Não parece estranho que iniciemos por um responsum que Tomás de Aquino forneceu à pergunta se uma mulher pode ter acesso à ordem sagrada. Como previsível, a resposta de Tomás foi negativa, mas a argumentação é interessante (cf. Summa Theologiae: I, 92,1; S. Th. Suppl. 39,1). Por um lado, ele chama em causa Aristóteles e seu tratado sobre a Reprodução dos animais, segundo o qual a mulher no processo de geração teria um papel meramente passivo em relação ao homem; isso de acordo com um conhecimento 'científico' difundido na época, que pouco sabia sobre a ovulação, a menstruações e assim por diante. Por outro lado, Tomás argumenta que, uma vez que a ordem sagrada requer a potentia activa no que diz respeito à responsabilidade eclesial, em analogia à citada aquisição naturalística, a ordem sagrada é reservada apenas para o sexo masculino (possivelmente não homossexuais, de acordo com recentes orientações confirmadas pela Santa Sé). O que significa que se hoje se tivesse que demonstrar que a mulher não só tem um papel ativo na geração, mas inclusive preponderante sobre o masculino, a pergunta deveria ser reformulada: "pode um homem ter acesso à ordem sagrada"? Qual seria o responsum?

Estamos introduzindo um tema aparentemente peregrino para evidenciar a interdependência entre a teologia e outros âmbitos e instrumentos do conhecimento. Disso deriva a delicada tarefa de um processo contínuo de repensamento de cada aquisição presumida correta; tanto mais se algumas afirmações comprometeram radicalmente a existência das pessoas com sofrimentos tanto a nível pessoal (físico, psíquico ...) como social (estigma e marginalização). A partir da condição da mulher, abordamos a condição dos homossexuais, que, considerados contra a natureza, sofreram as maiores injustiças na história da Igreja. A reflexão, que também tem a tarefa de esclarecimento e argumentação rigorosos, aponta ainda mais para um processo de libertação de preconceitos e práxis discriminatórias. A comunidade cristã é chamada a dar a sua contribuição, convertendo-se das responsabilidades do passado e abrindo-se à perene novidade do Espírito de amor do Ressuscitado. Embora com a consciência da parcialidade e provisoriedade, com a nossa tentativa pretendemos "reduzir os danos" às pessoas na profundidade de seu mistério, dando espaço à especificidade da sua contribuição na edificação da vida eclesial.

Portanto, diante de uma "resposta" inadequada, o que fazer? É preciso pensar mais profundamente. Uma boa reação às dificuldades que a Igreja experimenta face à realidade consiste em oferecer, como teólogos, uma palavra de compreensão e de maior amplitude, para ser entendida como “serviço à tradição”, a uma tradição que não se torna uma “pedra para ser descartada”, mas uma palavra a ser compreendida e traduzida, para uma nova língua e cultura. Nosso pequeno livro é, portanto, composto de duas partes. Na primeira - de Andrea Grillo – há uma reação crítica ao "responsum" que a Congregação para a Doutrina da Fé publicou no último 15 de março de 2021 e pede-se que a teologia continue a ser mestra de distinções. Na segunda - de Cosimo Scordato - é elaborada uma reflexão sistemática para fornecer um quadro teórico e eclesial que possa justificar, teológica e pastoralmente, a possibilidade de abençoar todos os casais, inclusive aqueles homoafetivos.

Savona - Palermo, 25 de março de 2021 - Andrea Grillo e Cosimo Scordato.

 

 

Nota do Instituto Humanitas Unisinos – IHU

 

No dia 21 de julho de 2021, às 10h, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU realiza a conferência A Inclusão eclesial de casais do mesmo sexo. Reflexões em diálogo com experiências contemporâneas, a ser ministrada pelo MS Francis DeBernardo, da New Ways Ministry – EUA. A atividade integra o evento A Igreja e a união de pessoas do mesmo sexo. O Responsum em debate.

 

A Inclusão eclesial de casais do mesmo sexo. Reflexões em diálogo com experiências contemporâneas

 

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