Papa Francisco, um dos maiores economistas alemães rejeita a encíclica: transborda de ideologias antieconômicas

Clemens Fuest, economista alemão. | Foto: Wikimedia Commons

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07 Outubro 2020

"A encíclica transborda de ideologias antieconômicas de mercado e de concepções errôneas sobre a globalização e o papel da propriedade privada”. A rejeição vem de um dos maiores economistas alemães, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas IFO de Munique, Clemens Fuest, que criticou e desmontou a orientação da encíclica social Fratelli Tutti.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada por Il Messaggero, 05-10-2020. A tradução é de Luisa Rabolini

Entrevistado pela agência católica KNA, Fuest disse que era substancialmente errado denunciar a economia de mercado e a globalização como o Papa Francisco fez. “A difusão mundial da economia de mercado e do comércio global tirou centenas de milhões de pessoas da pobreza e da miséria nas últimas décadas. Isso não significa que não haja necessidade de buscar reformas, mas que, no mínimo, é claro que devemos continuar neste caminho”.

“A abordagem que foi feita contra os mercados e o suposto neoliberalismo é o maior ponto fraco do documento papal”.

Fuest explicou que hoje quase ninguém acredita ainda que o mercado possa resolver todos os problemas: “Nenhum país do mundo tem uma economia de mercado não regulamentada sem a influência do Estado. Ao mesmo tempo, é claro que não há país onde floresçam a prosperidade, a proteção ambiental e a humanidade sem uma economia de mercado”.

Na Fratelli Tutti, o Papa Francisco destacou a globalização de maneira crítica, enfatizando que ela prejudicou principalmente os pobres. "Desta forma, formulam-se preconceitos e o desenvolvimento efetivo do mundo é ignorado." Segundo o economista alemão, essa leitura equivocada "tira a credibilidade de todo o texto".

No entanto, o economista concordou com o pontífice em pedir mais solidariedade e proteção para os fracos, embora a encíclica, diz ele, não tenha ideias de como isso possa ser alcançado. "Ao mesmo tempo, o texto transborda de ideologias antieconômicas de mercado e concepções errôneas sobre a globalização e sobre o papel da propriedade privada".

Uma sociedade baseada exclusivamente na caridade não funciona, acrescentou Fuest. “Ninguém quer depender da atenção desinteressada ou mesmo da misericórdia alheia. Mas isso não significa que não deveríamos tentar estar mais presentes para os outros e fazer mais por eles". Na verdade, todos deveriam se perguntar como tratamos os mais fracos e as pessoas em dificuldade e o que fazemos por eles.

 

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