“O Brasil é uma sociedade onde sentimos muito amor ao Cristo. Mas como continuar juntos, em uma sociedade com muitos contrastes? Como fazer com que seja possível viver algo de modo mais igual?”, questiona o prior de Taizé em primeira visita ao Brasil
“Será que é possível seguir Jesus com todo o ‘sim’ no mundo de hoje?” Esta foi a pergunta que irmão Matthew, prior de Taizé, fez a si próprio quando conheceu a comunidade cristã ecumênica na juventude. A inquietação que o fez abandonar o curso de medicina e ingressar na comunidade de Taizé foi transformada pela oração de Jesus, narrada em João 17: “para que sejam um como nós”. “Vendo e encontrando pessoas que viviam isso, me dei conta de que, sim, era possível arriscar. Eu estava estudando para ser médico, mas não terminei a faculdade porque entendi que esse chamado, na minha vida, era muito mais importante”, conta, na entrevista a seguir, concedida via Teams ao Instituto Humanitas Unisinos – IHU, um dia após a eleição do Papa Leão XIV.
Irmão Matthew vem de uma parte do mundo, a Europa francesa, onde o cristianismo é tido por muitos como obsoleto. A Borgonha, conhecida culturalmente pelos vinhos famosos, no entanto, também destaca-se pela presença espiritual de Taizé, que anualmente recebe milhares de jovens do mundo inteiro. Para o prior da comunidade, o fenômeno explica-se por uma sede espiritual. “Em Taizé, nós somos atentos às belezas simples dos espaços de oração. O ponto central não é uma pessoa que dirige a oração, um pregador, mas o altar, as velas. Nós não nos olhamos uns aos outros, mas estamos todos olhando numa mesma direção. Isso nos ajuda a entrar na presença do Outro; a suavidade do canto também ajuda nesse processo”, relata.
O prior de Taizé também acompanha de perto o drama das guerras e como a situação política conflituosa entre as nações repercute na vida dos jovens que vão à Taizé. Nesse contexto, pontua, a Igreja tem uma missão profética de auxiliar na reconciliação dos povos. “Diria que é, sobretudo, através da criação de espaços seguros onde pode haver um diálogo. Vimos como, no velório do Papa Francisco, Trump e Zelensky estavam colocados. Era a primeira vez que estavam sozinhos, um na frente do outro, sem câmeras. Alguma coisa saiu desse encontro e vamos ver no que isso vai dar, mas é um espaço muito profético na Igreja”.
Nesse processo, exemplifica, o gesto do profeta Jeremias pode ser inspirador para os cristãos. “Temos que cuidar para não desanimar quando enxergamos resultados negativos. Gosto muito do gesto do profeta Jeremias: quando ele estava na prisão e Jerusalém estava ameaçada de invasão, ele comprou um campo, uma terra, em Jerusalém, como um sinal de que ele acreditava na fidelidade de Deus. É como a terra que poderíamos ‘comprar hoje’. Essa foi a imagem que veio muito à minha cabeça quando enviei irmãos para irem à Ucrânia e ao Líbano. Gostaria de ‘comprar uma terra’ naqueles lugares. O profetismo vem quando entendemos alguma coisa do Evangelho e o vivemos. O profetismo não é denunciar as coisas, mas viver e abrir caminhos de esperança”, assegura.
Irmão Matthew (Foto: Divulgação)
Irmão Matthew é inglês, de tradição anglicana, e prior de Taizé desde dezembro de 2023, quando sucedeu irmão Alois. Ele esteve no Brasil recentemente, visitando a Comunidade Taizé de Alagoinhas, na Bahia.
IHU – Como conheceu Taizé? Em que contexto de vida estava naquele momento da juventude e por que decidiu permanecer na comunidade?
Irmão Matthew – Nasci e cresci em uma família cristã de tradição anglicana. Nós sempre participávamos da celebração dominical, mas meus pais não falavam muito sobre a fé. Ao contrário, eram pessoas que viviam a fé. Minha mãe se ocupava sobretudo com senhoras deprimidas que viviam na comunidade. Meu pai ajudava as pessoas mais pobres e dava-lhes a Eucaristia. A fé, para mim, sempre foi uma questão de vida.
Desde pequeno eu gostava de cantar no coral paroquial. Passei pela adolescência com todas as coisas que veem com ela. Depois, fui para a universidade, para viver uma vida selvagem. Mas uma coisa interessante aconteceu: a primeira pessoa que encontrei para estabelecer uma amizade foi uma pessoa cristã. Entendi que não tinha como escapar dessa dimensão.
Eu cursava medicina e meus amigos já conheciam Taizé. Eles organizavam momentos de oração na universidade, ao estilo do que era feito em Taizé. Então, durante as primeiras férias da faculdade, eles propuseram que fôssemos a Taizé, na França. Passamos duas semanas na comunidade. Para ser honesto, essa visita me tocou profundamente, embora não conseguisse expressar isso em palavras. Participávamos de um momento de oração onde ninguém a dirigia, mas estávamos presentes, junto com Deus e com outros. Era um canto que nunca terminava, como uma oração que entrava na vida.
Quando retornei para a faculdade, senti que um desejo tinha sido plantado em mim e passei a viver com outros amigos numa pequena comunidade. Tínhamos um momento de oração pela manhã, compartilhávamos as refeições, vivíamos com um fundo de dinheiro que cada um partilhava e acolhíamos os estudantes estrangeiros. Depois, quando concluí as provas universitárias, decidi passar um tempo como voluntário na comunidade de Taizé. Naquele momento, eu me dei conta que os irmãos da comunidade vinham de várias confissões cristãs e entendi as palavras de Jesus em João 17,11: “para que sejam um como nós”. Então, me fiz esta pergunta: será que é possível seguir Jesus com todo o “sim” no mundo de hoje? Vendo e encontrando pessoas que viviam isso, me dei conta de que, sim, era possível arriscar.
IHU – O senhor contou numa entrevista que quando jovem “sentia um desejo de dar tudo por Cristo, ao chamado de Jesus: ‘Vem e segue-me!’” Como foi essa experiência? Esse desejo continua vivo? Radicalizou-se com o passar do tempo? Como foi se transformando?
Irmão Matthew – Eu estava estudando para ser médico, mas não terminei a faculdade porque entendi que esse chamado, na minha vida, era muito mais importante. Geralmente, os irmãos são encorajados a concluírem os estudos e depois entrarem para a comunidade. Mas, para mim, a situação era tão clara, que os irmãos a confirmaram. Esse chamado de Jesus, “vem e segue-me”, vem todos os dias. Poderia dizer que esse chamado se transformou um pouco no sentido de que entendo um pouco mais o que o Espírito quer dizer hoje.
Quando Jesus nos chama e diz “vem e segue-me”, Ele quer que nós o sigamos no caminho, isto é, com todas as alegrias e todas as feridas, nos momentos de felicidade e de lutas. Temos que estar atentos ao que o Espírito quer dizer hoje. Será que estou pronto para arriscar dar a minha vida hoje? Fui tocado profundamente e, nos últimos tempos, estou me adentrando na questão das guerras. Nossa comunidade foi fundada durante a Segunda Guerra Mundial. Quando estive na Ucrânia e no Líbano, perguntei a meus irmãos se eles seriam capazes e estariam dispostos a ir morar naqueles lugares. Alguns vieram conversar comigo e um deles disse que sim, que estava pronto, e, que se pudesse, daria a vida por outro. Era isso que eu estava procurando. É claro que não queremos que ninguém morra, mas essa decisão de oferecer e doar a vida é algo que me toca.
IHU – Essa é a verdadeira radicalidade do Evangelho?
Irmão Matthew – Sim, não tem Evangelho sem esse radicalismo. Claro que cada um vive isso da sua própria maneira. E, às vezes, o que parece um passo enorme para alguém, para outro parece ser uma coisa muito simples e vice-versa.
IHU – O que mudou na sua vida depois de ingressar em Taizé? Como a espiritualidade de Taizé foi lhe transformando, inclusive na consciência de viver a radicalidade do Evangelho?
Irmão Matthew – Gostaria de dizer que agora tenho um pouco menos de medo do que antes (risos). Quando me tornei prior, o padre Arturo Sosa, Superior Geral dos jesuítas, me enviou uma bela carta dizendo que, sobretudo, não se pode perder o senso de humor. Ele disse coisas muito importantes, como, mesmo em situações muito sérias, não perder a seriedade, mas também não perder o humor consigo mesmo.
Se tem alguma espiritualidade de Taizé, não sei dizer, mas o jeito de rezar todos os dias, de se encontrar entre pessoas de várias culturas, têm uma influência. Cristo nos pede que nos tornemos quem somos no mais fundo do nosso coração. É um pouco isso. Momentos de crise são muito importantes porque nesses momentos perdemos aquela imagem de quem deveríamos ser para se tornar o que devemos ser.
IHU – O que significa ter uma vida de oração? O Papa Francisco costumava dizer que se a oração não muda o contexto à nossa volta, ela nos transforma. Como foi crescendo a sua vida de oração e como ela foi lhe transformando?
Irmão Matthew – Uma coisa única para mim, o que realmente conta, é a fidelidade. Ou seja, a regularidade de ficar na oração, mesmo que a nossa mente pareça estar em outro planeta. Permanecer na oração é uma resposta para a fidelidade de Deus para conosco. Na igreja, em Taizé, tem uma série de vitrais numa parede lateral que representa vários momentos da vida de Jesus. O último vitral que nós, irmãos, vemos antes de entrarmos na sacristia, é o vitral da transfiguração de Jesus. Então, há alguma coisa que me transfigura durante a oração. É verdade que, às vezes, entramos na oração com a cabeça cheia de perguntas e um turbilhão de coisas, mas a oração nos recentraliza no Cristo para que ele possa agir. O importante é que nós estejamos lá. Como dizia o irmão Roger, o nosso simples desejo de oração já se torna oração.
IHU – Vou fazer uma pergunta semelhante à que fizemos aos irmãos Christoph e Henrique, quando visitaram nossa universidade: estamos em uma universidade confessional, em que muitos jovens e profissionais não sabem o que é a vida cristã. O que diria, para quem não tem familiaridade com essa vida, o que ela é? Que conselho daria para aqueles que buscam Deus, desejam encontrá-lo, mas não sabem por onde iniciar?
Irmão Matthew – É só caminhar junto com Ele, mesmo, muitas vezes, sem dizer nada, mas oferecer a Ele a mão de amizade e, sobretudo, escutar. Talvez, com isso, surgirão perguntas. O que nos tocava profundamente na vida do Papa Francisco era o fato de ele ser coerente e íntegro com o que falava e vivia. Então, mesmo quando ele percebia que falava coisas difíceis de serem aceitas num determinado momento, ele as vivia na prática e conseguia ser íntegro com o que dizia. Penso que o mais importante não seriam as palavras, mas o viver.
Em Taizé, acolhemos muitas pessoas, inclusive aquelas que se dizem ateias, mas veem para a oração. Existe uma sede. Nesses momentos de oração, canto e silêncio, sacia-se essa sede. Diria que talvez o melhor seja não dizer nada, mas estar com essas pessoas e sentir para onde dirigi-las. Precisamos desse sentimento de estar juntos. Percebo que, às vezes, estando junto com as pessoas, elas me evangelizam porque, através das suas perguntas, me fazem refletir sobre as questões da vida e a expressar, de um jeito simples e compreensível, o que vivo. Mas nunca devemos dizer como eles deveriam viver. Nunca. Podemos fazer uma pergunta, mas temos que respeitar a liberdade.
IHU – Como tem sido a experiência de ser prior de Taizé? O que tem preocupado e inspirado seu coração nessa nova etapa junto à comunidade, especialmente no atual contexto global, de guerras em várias partes do mundo?
Irmão Matthew – Tento não pensar demais o que significa ser prior (risos). O importante é continuar como irmão. Tenho um grupo de quatro irmãos conselheiros e os conselhos deles são muito importantes. Não tomo decisões sozinho. Essa é uma influência do Sínodo sobre a Sinodalidade, de ter uma corresponsabilidade, vivendo uma escuta do outro e do Espírito. Mas claro que entendo que, às vezes, preciso assumir a responsabilidade.
Tenho momentos de preocupação com outros irmãos, por exemplo, quando um irmão passa por um momento difícil, no sentido de como caminhar junto com ele e estar presente nesse momento. Às vezes, tem questões de como acompanhar os jovens que nos visitam, ou outras situações impossíveis, onde não percebemos a solução. Nesses casos, entra a questão da paciência, porque a paciência deixa o Espírito de Deus agir. Essa é uma questão muito atual porque nós nos tornamos pessoas muito reativas. É mais uma questão de disciplina porque nos acostumamos a imediatamente dar uma resposta. Se enviamos uma mensagem de WhatsApp para alguém e em cinco minutos não temos resposta, ficamos angustiados. Então, na vida humana, na vida espiritual, o que precisamos é o tempo.
Nós falamos sobre a guerra e o que é muito importante para mim é estar próximo das pessoas que sofrem. A mesma coisa se aplica às questões de abuso. Tivemos isso na nossa comunidade e a questão é como escutar as vítimas. Mas também, ligado a tudo o que eu disse, a questão é como criar espaços de silêncio. No mundo onde estamos sempre estimulando as pessoas, é preciso momentos de recuo. Nesses momentos é Deus quem fala.
IHU – Como introduzir momentos e espaços de silêncio no cotidiano e despertar as pessoas para a importância dessa vivência?
Irmão Matthew – Em Taizé, nós somos atentos às belezas simples dos espaços de oração. O ponto central não é uma pessoa que dirige a oração, um pregador, mas o altar, as velas. Nós não nos olhamos uns aos outros, mas estamos todos olhando numa mesma direção. Isso nos ajuda a entrar na presença do Outro; a suavidade do canto também ajuda nesse processo.
Em Taizé, não temos esse problema de introduzir as pessoas no silêncio porque na comunidade em que vivemos, isso irradia para os que estão presentes. Mas, às vezes, quando realizamos encontros fora de Taizé, há pessoas que não conhecem esse jeito. Então, nós simplesmente falamos que a oração vai continuar com alguns momentos de silêncio. Se, nos nossos momentos de oração e celebração da Eucaristia, tivéssemos coragem de dizer essas palavras, talvez funcionária. Talvez pudéssemos fazer não só dois minutos, mas dez minutos de silêncio. Acredito que isso faz parte daquela sede.
Precisamos ficar em silêncio e nos abrir. Precisamos prestar atenção ao espaço. 18 meses atrás, fiz um longo retiro numa comunidade, na Suíça, perto de um lago. Acordei muito cedo para olhar o nascer do sol num dia. Pensei que estaria sozinho naquele lugar, mas tinham dezenas de pessoas lá. Juntos, todos em silêncio, contemplamos o nascer do sol. Lá, tivemos um momento de beleza. Acho que nem todos eram cristãos, mas se criou uma comunhão.
IHU – Como reflete sobre a necessidade de aprendermos a silenciar a nós próprios no meio do barulho que há em nós? Nem todos têm condições de se retirar da situação que estão vivendo. Como aprender a silenciar a si próprio? Como a vida espiritual pode ajudar nesse sentido?
Irmão Matthew – Tem duas coisas que vem à cabeça. Uma parte da nossa Regra diz que se nos damos conta de que durante a oração a nossa mente começou a “viajar”, nesse momento, quando percebemos isso, temos que nos viramos para o Cristo novamente, sem – e isso é importante – se lamentar que estávamos viajando em vários pensamentos. O perigo é perder a coragem nesse momento. Será que Cristo quer que fiquemos desanimados? Não (risos). Talvez, façamos isso umas 40 vezes durante dez minutos de silêncio. Mas, pouco a pouco, alguma coisa se pacifica.
Outra coisa que diria é que é uma escolha pessoal. Precisamos tirar os fones de ouvido. Precisamos escolher nos sentar sozinhos num parque ou numa igreja e provavelmente isso também ajuda na saúde mental e não só espiritualmente, porque essas dimensões estão ligadas. O mais importante é não se lamentar, mas fazer uma escolha.
Hoje, nós falamos muito em mindfulness. É um tipo de espiritualidade que vem da fé, mas não contém mais a fé. Talvez, o mindfulness poderia ser uma porta de entrada. Quem sabe.
IHU – Como se aproximar dessas linguagens sem perder a centralidade da fé?
Irmão Matthew – Precisamos olhar o Cristo que se retirou, que fez a escolha de se retirar e que, num certo momento, não queria fazer a vontade do Pai. Ele a fez num momento de luta, de voltar de novo à vontade do Pai.
Sempre lembro das palavras finais de Cristo no Evangelho de Mateus: “Não tenham medo, estarei com vocês até o fim do mundo”. Num diálogo autêntico, no processo de diálogo com o outro, recebemos sempre algo positivo. Num certo tempo, nós cristãos, pensávamos que tínhamos todas as respostas, mas precisamos humildade para escutar os outros porque o Cristo nunca vai nos abandonar, mesmo se, num momento, nós O abandonarmos. Ele sempre fica ao nosso lado.
Cristo, sabemos pelos Evangelhos, no encontro com a mulher fenícia, ao ser questionado por ela, naquele momento, alargou a visão da missão. Ou o encontro de Cornélio com Pedro. Tudo que ajuda a alargar a nossa visão para como somos chamados é positivo.
Durante a Segunda Guerra do Golfo, os amigos muçulmanos disseram para os irmãos de Taizé, que moravam em Bangladesh, que se eles tivessem problemas, os esconderiam no povoado onde viviam, porque os consideravam verdadeiros muçulmanos. Ou seja, rezavam, viviam e ajudavam os pobres. Os muçulmanos perceberam uma certa autenticidade na vida dos irmãos e isso criou uma comunidade, uma comunhão.
IHU – A comunidade de Taizé participou do Sínodo sobre a Sinodalidade. Como o Sínodo repercutiu em Taizé e como veem a proposta de sinodalidade do Papa Francisco?
Irmão Matthew – O irmão Alois participou de duas sessões do Sínodo. Ele preparou o momento de oração ecumênica, logo antes do começo da primeira sessão. Depois, antes da segunda sessão, ele preparou um momento. Quando teve uma sessão continental em Praga, ele participou de uma atividade.
Acolhemos o Sínodo com alegria. É como colocar o Concílio Vaticano II em prática. É como reafirmar a dignidade e o chamado de todos os batizados, ou seja, dizer que cada um e cada uma tem um papel a desempenhar na vida da Igreja. O que foi muito tocante é que o papa declarou o documento final como se fosse uma parte do magistério da Igreja e não como se fosse uma opção; é algo que faz parte da vida da Igreja. Temos percebido que esse caminho vai continuar através das primeiras palavras do Papa Leão XIV.
O Sínodo teve uma influência na comunidade de Taizé porque organizamos a nossa vida agora com a ajuda de grupos de trabalho, com irmãos que cuidam de assuntos particulares. Não é um irmão que decide algumas coisas e depois partilha isso com o prior, mas alguns irmãos que se escutam mutuamente e depois a proposta é levada para o prior. Isso significa que praticamente toda a comunidade está implicada na tomada de decisão. Tem grupos de trabalho que trabalham muito bem, outros, menos, mas há uma direção e uma influência direta do Sínodo nesse processo. Nos nossos encontramos, usamos o método de conversação espiritual. Quando nos encontramos, partilhamos muitas coisas e esse modo ajuda a fazermos um tipo de lista do que aconteceu nos encontros e convergir não no sentido de ficar com a própria ideia, mas aceitar as ideias dos outros irmãos. Esse processo não foi tão óbvio; demorou um ano para que aceitássemos trabalhar desse modo.
IHU – O Papa Francisco falou muito sobre a importância das relações pessoais e intergeracionais. Quais são os desafios de viver em comunidade, seja na comunidade religiosa, seja nas famílias, em vez de viver na comunidade isoladamente?
Irmão Matthew – Em Taizé, essa é uma coisa que vivemos continuamente. Temos dois tipos de grupos de partilha. Num grupo, os irmãos vivem mais ou menos de acordo com a idade, com a geração. Isso é importante porque, às vezes, as perguntas estão muito ligadas à idade de cada um. Mas também temos grupos de convivência onde nos encontramos uma vez por semana, com gerações diferentes. Esse grupo com pessoas de diferentes idades ajuda os irmãos que estão numa idade avançada. É importante perceber que a convivência com pessoas de mais ou menos a mesma idade é ajudada pela convivência de pessoas de diferentes gerações.
Nós acolhemos voluntários em Taizé, jovens entre 18 e 30 anos, mas nós os acolhemos nos momentos de refeição. Ficar com eles nesses momentos ajuda bastante. Na Europa, sobretudo, existem menos experiências e possibilidades em que podemos nos sentar juntos, como uma família. Cada um toma a refeição sozinho, separado. Uma ideia simples é, uma ou duas vezes por semana, toda a família se encontrar numa refeição.
IHU – São comuns as avaliações de que o cristianismo está em crise na Europa; tem sentido para alguns idosos, mas não para os jovens. De outro lado, Taizé recebe jovens do mundo todo. O senhor já disse que nem todos são cristãos, mas vão até lá. Como vê e entende o cristianismo a partir de Taizé?
Irmão Matthew – Não diria que o cristianismo está em crise na Europa. Uma certa forma de cristianismo, sim. Passamos de uma época constantiniana para uma época pós-constantiniana. Agora, não é o momento em que a Igreja concede tudo. Tem coisas que morrem, mas a vida cristã é a vida da morte e da ressurreição. Estamos num momento de kairós, num tempo de Deus. Será que vamos recuperar o poder que tínhamos antes? Ou será que vamos nos tornar missionários com as nossas vidas enraizadas no Evangelho e aceitar com alegria sermos fermento na massa? Nem percebemos o fermento de tão pequeno ele é, mas sem a presença do fermento, a massa não cresce, não levanta. Temos alguma coisa a oferecer através dos testemunhos.
O que percebemos em Taizé é uma sede de amor, sede de pertencer a alguma coisa, de descobrir no Evangelho uma mensagem autêntica para hoje. Tem tantas palavras de Jesus no Evangelho que nos reenviam para o que estamos vivendo hoje. Não é uma questão do que viria depois da morte, a vida eterna, mas uma questão de hoje. Muitos jovens expressam medo com questões relativas ao futuro, mas se eles encontrassem um apoio para viver o momento atual, talvez esses medos se pacificassem. Tem coisas que não precisamos explicar com oração; apenas participamos. A sede está lá. Nós somos privilegiados porque as pessoas nos escolhem. Nunca tentamos chamar pessoas para virem até nós em Taizé.
IHU – Como Taizé busca ser uma parábola de comunhão? Pode explicar essa ideia? Como testemunhar a fé entre os jovens em tempo de fundamentalismos e ideologias? Que papel os fundamentalismos e as ideologias têm ocupado na vida dos jovens e como a fé pode ser um contraponto?
Irmão Matthew – Sobretudo no encontro com o outro, no sentido de entender que faço parte de uma família muito maior. Essa volta aos fundamentalismos e ideologias identitárias é uma questão que vem de uma instabilidade. Isso sempre esteve presente, mas, através dos meios de comunicação e redes sociais, as ideologias fazem muito barulho e estão muito presentes. Será que estão mais presentes que antes? Não sei. O que vemos é uma certa fluidez mesmo na espiritualidade.
O jornal católico francês La Croix, do qual, às vezes, vocês publicam artigos no IHU, fala dos “tradismáticos”, ou seja, das experiências dos jovens que vão, primeiramente, nos encontros e celebrações muito tradicionalistas, mas, depois vão para encontros mais carismáticos. Muitos jovens procuram a experiência. Talvez isso não queira dizer que eles estejam fechados numa bolha, mas precisam fazer experiências diferentes. Mas talvez seja um perigo pastoral muito grande colocar tudo isso como uma “experiência”, porque é uma vida cotidiana que conta na nossa fé. Quando eu era jovem, também estava muito atraído pelos grupos evangélicos. Mas a minha ida a Taizé e na universidade, percebi uma diversidade tão grande, que isso abriu uma janela. Talvez, essa seja uma questão atual: como criar pontes com as pessoas diferentes? O problema é que diabolizamos as pessoas que são diferentes da nossa fé. Cada um, provavelmente, tem uma busca autêntica. Como se encontrar lá, sem julgar?
A parábola de comunhão é elaborada graças a nossa grande diversidade de culturas, de fé, de tradições. O desejo de irmão Roger, na criação da nossa comunidade, é que os jovens, quando vissem a Taizé, pudessem sentir comunhão, comunidade. Mas que o amor dessa comunidade não fosse alguma coisa fácil, que vem facilmente, mas uma escolha pessoal, uma conversão contínua. A parábola não é algo que tem um sentido de uma vez para sempre.
IHU – Uma das preocupações de Taizé é a paz. Como tem vivido, sentido e compreendido este momento na Europa, com a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, propostas de rearmamento, e a situação dos migrantes que chegam e deparam-se com o fechamento em vários países? Como a espiritualidade de Taizé pode contribuir para refletir e encontrar saídas para esse momento?
Irmão Matthew – Sempre volto ao exemplo do irmão Roger. Durante a Segunda Guerra Mundial, ele foi para a França, para viver perto das pessoas que sofriam. Acolhia aqueles que estavam em riscos por causa das opções políticas, assim como também acolhia os judeus. Mas logo depois que a guerra terminou, perto de Taizé, tinham campos de prisão onde estavam os prisioneiros de guerra e ele recebeu a permissão de celebrar o Natal junto com eles. Para mim, uma coisa muito clara é que precisamos estar perto das pessoas que sofrem e são agredidas, mas não podemos diabolizar toda uma nação. Entre 1992 até a pandemia, quase todos os anos, irmão Roger foi à Rússia; ele tinha muitos amigos lá. Precisamos sustentar essas pessoas e também estar próximo daqueles que sofrem na Ucrânia.
O que é muito bom e bonito nos momentos de orações que fizemos na Ucrânia é que participam pessoas de diferentes igrejas e origens. Não podemos dizer nada, mas oferecemos um momento de acolhimento, oração e escuta. Durante esses dias, eu disse a mim mesmo que seria importante enviar algumas pessoas para visitarem nossos amigos na Rússia. Entendemos que não é o nosso papel, o da comunidade, mostrar qual seria a solução, mas ficar com o coração aberto para todos. É uma coisa muito complexa. Por exemplo, durante a Páscoa, acolhemos, em Taizé, jovens que vieram da Ucrânia e também de Belém. Pedi para esses jovens carregarem a cruz na Sexta-feira Santa e o Círio Pascal no domingo de Páscoa. Os palestinos usavam a roupa tradicional deles e algumas pessoas na assembleia não estavam contentes com isso. Diziam que não falávamos nada sobre o sofrimento das pessoas de Israel, sobre os judeus. Claro que não é verdade porque naquele momento em que o Hamas invadiu Israel e prendeu reféns, rezávamos muito pelos judeus. Mas quando vem os jovens de Belém, é claro que os recebemos. A situação é muito complexa e não temos respostas, mas gostaríamos de estar próximos a todos.
Vejo nessa situação complexa a importância de estudarmos e prestarmos mais atenção à história, de entendermos as feridas deixadas pela história. Na Europa, isso é muito presente. Imagino que na América Latina isso é presente de outra forma, com a questão da libertação dos escravos. Na Europa, sobretudo naquele lugar onde é a Ucrânia atualmente, houve matança durante muitos séculos. Na terra onde é a Palestina, observamos uma forma de humilhação aos palestinos. O mais duro é quando o oprimido vira opressor. As pessoas sofreram tanto, que têm dentro de si essa visão do colonialismo, do qual, na verdade, nunca se falou. Como entender o nosso passado? Se não enfrentarmos o nosso passado, a paz será uma questão muito mais complicada.
IHU – A Igreja tem um papel profético no sentido de auxiliar na reconciliação entre os povos? Como pode auxiliar na consciência da reconciliação?
Irmão Matthew – Diria que é, sobretudo, através da criação de espaços seguros onde pode haver um diálogo. Vimos como, no velório do Papa Francisco, Trump e Zelensky estavam colocados. Era a primeira vez que estavam sozinhos, um na frente do outro, sem câmeras. Alguma coisa saiu desse encontro e vamos ver no que isso vai dar, mas é um espaço muito profético na Igreja.
Mas também temos que cuidar para não desanimar quando enxergamos resultados negativos. Gosto muito do gesto do profeta Jeremias: quando ele estava na prisão e Jerusalém estava ameaçada de invasão, ele comprou um campo, uma terra, em Jerusalém, como um sinal de que ele acreditava na fidelidade de Deus. É como a terra que poderíamos “comprar hoje”. Essa foi a imagem que veio muito à minha cabeça quando enviei irmãos para irem à Ucrânia e ao Líbano. Gostaria de “comprar uma terra” naqueles lugares. O profetismo vem quando entendemos alguma coisa do Evangelho e o vivemos. O profetismo não é denunciar as coisas, mas viver e abrir caminhos de esperança.
IHU – O que os irmãos de Taizé relataram sobre essa experiência na Ucrânia e no Líbano?
Irmão Matthew – Ficaram muito tocados. Essas são experiências que podem transformar: estar com as pessoas que ninguém visita. Era uma visita curta, muito provisória, mas estamos procurando formas para uma ação mais longa. Claro, é uma situação de perigo, mas como a população desses países vivem esse perigo, é um risco que estamos correndo. Percebemos isso também na presença de outras comunidades religiosas que vão para esses lugares. Elas se recusam a serem expulsas. Elas permanecem com as pessoas que sofrem.
IHU – O Papa João XXIII se referiu à comunidade Taizé como uma “primavera na Igreja”, aludindo à renovação e ao ecumenismo promovido pela comunidade. Quais os avanços ecumênicos 60 anos depois do Concílio Vaticano II?
Irmão Matthew – Depois do Concílio Vaticano II surgiu um grande elã, um grande desejo e abertura de seguir o caminho ecumênico. Mas parece que ele foi enterrado. Ou, talvez, essa energia tenha se transformado num diálogo teológico importante, mas não conseguiu visibilidade. O fogo está sempre lá, mesmo embaixo das cinzas. Para todos os papas pós-conciliares, o ecumenismo foi uma questão importante. Talvez, nas outras igrejas, algumas decisões transformaram isso numa coisa mais complexa.
O que nós vimos com o Papa Francisco foi um ecumenismo de fraternidade e isso provavelmente estava ligado ao fato de que ele não era europeu. Provavelmente, ele não teve os mesmos reflexos psicológicos quando se fala da divisão da Igreja. Ele tinha uma necessidade de anunciar conjuntamente o Evangelho de Cristo e estar próximo das pessoas que sofrem. É outra perspectiva. Como ele falava, é mais importante viver essa experiência e depois deixar os teólogos resolverem as questões teológicas. É outro sentido: não é que primeiro coloquemos as bases teológicas para viver, mas o contrário.
Quando realizamos o encontro ecumênico Together, antes da primeira sessão do Sínodo, uns vinte responsáveis de igrejas diferentes participaram, aceitando o convite do Papa. No fim, todos deram uma benção juntos, perto do Papa. Estiveram presentes o Patriarca Bartolomeu, o arcebispo de Cantuária e outros responsáveis das outras igrejas orientais e protestantes. Se, então, podemos dar uma benção com as mesmas palavras, significa que reconhecemos a benção do outro e quer dizer que entendemos e reconhecemos o ministério do outro. Agora, cabe aos teólogos entender o que significa essa benção conjunta. Ficamos muito agradecidos ao Papa Francisco por oportunizar esse gesto.
Quanto à fala de João XXIII sobre a primavera da Igreja, teve alguma coisa que realmente cresceu. Normalmente, na primavera também tem as tempestades (risos). Mas é a primavera que prepara os frutos.
IHU – Irmão Roger e dom Hélder Câmara desenvolveram uma forte amizade no Concílio Vaticano II. O que permanece da amizade entre eles na comunidade Taizé?
Irmão Matthew – A presença dos irmãos no Brasil é uma consequência direta disso. Para muitos irmãos de Taizé, dom Hélder era uma testemunha muito importante. Claro que tinham diferenças, mas ele abriu muitas portas para nós. Esse amor à América Latina veio através dele, mas também de outros. Quando ocorreu o encontro de Medellín, irmão Roger esteve no mesmo avião que Paulo VI. Foi um momento muito importante. Se os irmãos de Taizé estão no Brasil e em Cuba, é sobretudo graças a essas amizades. O Papa Francisco reabilitou a Teologia da Libertação sem nomeá-la. O Evangelho sempre nos guia para a libertação.
IHU – Também houve uma proximidade entre o irmão Roger e o padre Arrupe, Superior Geral dos jesuítas. Conta-se que eles se encontraram várias vezes e quando padre Arrupe esteve doente, irmão Roger o visitou e lhe disse: “Venha para Taizé. Será uma alegria para a nossa pequena comunidade. Tem a força para fazê-lo. Venha para nos mostrar o que é essencial, para nós que buscamos a reconciliação sem mais demora. Não seria um problema para mim ceder-lhe o lugar”. O que permanece daquela amizade e comunhão compartilhada por ambos na comunidade Taizé e na relação com os jesuítas? Aquela relação criou vínculos entre a Companhia e os irmãos de Taizé?
Irmão Matthew – Eu era um jovem irmão naquele tempo, mas lembro muito bem que cada vez que Roger ia para Roma, ele visitava o padre Arrupe. É verdade que ele o convidou para viver conosco. Mas era um pouco complicado porque também teve uma grande amizade entre Roger e o Papa João Paulo II. É um pouco o nosso jeito de ser amigos de todos. Essa amizade e proximidade profunda com os jesuítas é uma coisa muito bela.
Com a espiritualidade inaciana, temos, há mais de 60 anos, a presença das Irmãs de Santo André, que moram perto de Taizé e em algumas regiões do Brasil. Foi por meio delas que os exercícios espirituais entraram na nossa maneira. Em vários países há uma proximidade muito grande com o serviço de refugiados dos jesuítas. Ficamos muito agradecidos por essa proximidade e colaboração. Sempre que estou em Roma, visito o superior geral dos jesuítas.
IHU – Como foi a relação dos irmãos de Taizé com outros papas?
Irmão Matthew – O irmão Roger conheceu o Papa Pio XII em 1948. Quando João XXIII se tornou papa, a amizade entre ele e Roger floresceu. João XXIII acolhia irmão Roger como se este fosse da Igreja Católica. Ele sempre falava que a Igreja é como círculos concêntricos: cada vez maior. Ele entendeu que era acolhido como se fosse católico, mesmo Roger sendo de uma igreja reformada. A partir disso, o irmão Roger entendeu a importância do contato com o papa. Nós somos uma comunidade que não é uma comunidade católica, mas vivemos dentro da fé católica. Isso começou naquele tempo e todo ano tem uma audiência entre o prior de Taizé e o papa. Com João Paulo II teve uma amizade porque ele pediu que fôssemos para a Polônia também. Parece que o Papa Francisco leu os escritos de Roger e também conhecia Taizé através dos jovens de Buenos Aires que iam para lá.
IHU – Para o senhor, o que significou o pontificado do Papa Francisco?
Irmão Matthew – Fiquei muito tocado pela sua memória das pessoas. Ele lembrava das pessoas e do nome delas. Tinha um coração que acolhia; nunca julgava. Ele sempre falava em “todos, todos, todos”. Todos são acolhidos. Ele falava em todos, mas também em discernir. Isto é o importante: acolher e acompanhar. É isso que fica muito comigo, além da alegria dele. Parece que ele era alguém muito sério antes de ser papa. O irmão Alois perguntou a ele como aconteceu esse processo de ele ficar tão alegre, e ele respondeu: “Eu não sei como aconteceu, mas quando fui escolhido papa recebi uma graça de Deus”. Ele fazia muitas piadas, mesmo comigo, quando estive lá, ele fazia piadas – não vou dizer quais –, mas riamos muito.
IHU – Como recebeu a notícia da eleição do Papa Leão XIV? O que mais lhe chamou atenção na postura dele e no seu primeiro pronunciamento? O que se pode intuir deste pontificado a partir da saudação inicial?
Irmão Matthew – Só posso me alegrar das primeiras palavras que ele disse. Fiquei comovido. Parece muito com as primeiras palavras de Jesus em Nazaré, no Evangelho de São Lucas, capítulo 4, onde ele expôs todo o programa do seu ministério. Se ele conseguir viver o que disse, só teremos a agradecer. Eu não tenho muita expectativa, mas precisamos confiar no Espírito Santo, que o Espírito Santo irá guiá-lo. Que o Espírito consiga guiar a Igreja nos caminhos que são importantes para ela, mas também no mundo.
IHU – O senhor estava acompanhando o conclave nas redes sociais, aguardando a fumaça branca?
Irmão Matthew – Sim, sim. Nós estávamos em Salvador, no Colégio Antônio Vieira, para um momento de oração. Chegamos lá quase no momento do anúncio, quando o Papa Leão XIV apareceu.
IHU – O que Taizé está desenvolvendo ao longo desta década para a celebração dos dois mil anos da morte e ressurreição de Jesus, em 2033?
Irmão Matthew – Ainda está um pouco longe, mas algumas pessoas já nos convidaram para eventos dessa celebração; ainda não estamos tão avançados. Vou retomar as palavras do Papa Leão XIV: se formos celebrar os dois mil anos da ressurreição de Cristo, que lembremos das palavras de Jesus. Não tem nada de triunfalista na ressurreição. Mas o Cristo venceu a morte e talvez isso nos diga que o mal nunca terá a última palavra. No início, Cristo apareceu primeiro às mulheres, e foram elas que trouxeram a Boa Notícia aos outros. Se queremos falar alguma coisa sobre os dois mil anos desse jeito, estou de acordo.
IHU – Gostaria de acrescentar algo?
Irmão Matthew – Só dizer que essa minha primeira visita ao Brasil me tocou muito. Enquanto estive aqui, tive muitas perguntas e estou voltando para casa com muitas outras.
IHU – O que particularmente lhe tocou aqui?
Irmão Matthew – O Brasil é uma sociedade onde sentimos muito amor ao Cristo. Mas como continuar juntos, em uma sociedade com muitos contrastes? Como fazer com que seja possível viver algo de modo mais igual? A pergunta que deixei para os irmãos que moram aqui é: Qual é o chamado de vocês?