31 Março 2022
Nestes dias, muitos dos políticos entrevistados sobre as posições expressas pelo Papa em relação ao novo programa de rearmamento, respondem com um mantra que diz: "O papa tem que dizer essas coisas, é quase o seu trabalho, mas depois cabe a nós fazer as escolhas concretas". A outra versão ouvida é: "Com o coração estamos com o Papa, mas com o cérebro...". A réplica óbvia é que o órgão realmente danificado seja o fígado. O roteiro prevê que, em alguns casos, o entrevistado assuma um ar de sofrimento e tristeza porque tem que ceder ao realismo de um mundo em que as armas são necessárias.
O comentário é de Tonio Dell'Olio, presidente da Pro Civitate Christiana, publicado por Mosaico di Pace, 29-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Não faltam à chamada filósofos e teólogos que, com finas argumentações históricas, doutrinárias, antropológicas e morais, justificam a legitimidade de investir bilhões de euros por ano para fortalecer a defesa armada e dizem que seria um "pecado" não o fazer. Respira-se um ar de rendição resignada e incapaz de se rebelar contra um destino que é apresentado como inelutável.
A política - por outro lado - quando não é vítima dos lobbies e interesses econômicos, deve ter a coragem de se erguer para melhor esquadrinhar o horizonte da história e se colocar a serviço de projetos de paz. E se julgamos este tempo de guerra como uma dolorosa derrota, com que coragem estamos indo fortalecer as condições para continuar no mesmo caminho da guerra e da sua preparação? Em suma, se o Papa está certo, tenha-se a coragem de tirar as consequências e pensar políticas coerentes para uma nova ordem mundial. Está longe de ser uma utopia.
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