O Papa entrega ao enviado dos Estados Unidos uma mensagem para Biden

Imagem: John Kerry, Enviado Presidencial Especial para o Clima dos Estados Unidos | Foto: Foto: U.S. Department of State

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17 Mai 2021

 

A sobrevivência de todos está em risco, se não intervirmos imediatamente sobre o clima. John Kerry, enviado especial do presidente dos Estados Unidos Joe Biden para o clima, falou ontem à tarde no Vaticano na Casina Pio IV no encontro Dreaming of a better restart (Sonhando com um reinício melhor) organizado pela Pontifícia Academia de Ciências e, segundo o que o Repubblica apurou, lançou um alarme há muito compartilhado pelo Vaticano: depois de mais de um ano da eclosão da pandemia, as consequências da ação do homem sobre a natureza são visíveis a todos.

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por Repubblica, 16-05-2021. A tradução de Luisa Rabolini.

Sobre isso, como com toda probabilidade também sobre a situação no Oriente Médio, Kerry falará novamente hoje - das 10h às 10h30 - com o Papa Francisco durante uma audiência que Bergoglio valoriza e que sempre acontece no Vaticano. O Papa considera significativo que Biden tenha voltado ao Acordo de Paris após a decisão de seu antecessor Donald Trump de sair. O acordo, não por acaso, também foi defendido por ele na Laudato si', a encíclica dedicada ao cuidado da criação e mencionada várias vezes ontem na Casina Pio IV.

Há um mês, Francisco ouviu com interesse o discurso de Biden na "Cúpula dos Líderes sobre o Clima", realizada em Nova York de forma virtual no "Dia da Terra", o dia mundial da Terra. E apreciou a meta de reduzir pela metade as emissões de gases de efeito estufa em relação aos níveis de 2005 até 2030. Para a Santa Sé, uma inversão de rota é mais do que nunca necessária: "É hora de agir, estamos no limite", disse Francisco. em uma mensagem de vídeo enviada para a ocasião. A pandemia Covid-19 “ensinou-nos esta interdependência, este compartilhamento do planeta.

E as duas catástrofes globais, Covid e clima, mostram que não temos tempo para esperar mais”. E ainda: “Deus sempre perdoa, nós homens perdoamos de vez em quando, a natureza não perdoa mais.” Na entrevista poderia também ser tratada a situação de Jerusalém, que Kerry conhece bem por ter sido secretário de Estado na administração de Barack Obama.

A Santa Sé está muito preocupada. Os contatos da diplomacia pontifícia com o patriarca latino de Jerusalém, Pierbattista Pizzaballa, são constantes. "Estamos à beira de uma guerra civil", disse Pizzaballa ontem, expressando uma preocupação compartilhada com o Vaticano e denunciando a "política do desprezo caracterizada por uma linguagem de ódio usada vezes demais por líderes políticos e religiosos locais." “Agora - concluiu - temos de acalmar a situação.

Estamos prontos para colaborar”. No pano de fundo do encontro com Kerry está também o tema das relações entre o Vaticano e Washington, que se tornaram mais distendidas após a eleição de Biden. Francisco as gerencia em parte diretamente. E a própria decisão de receber Kerry é uma mensagem de abertura ao presidente dos Estados Unidos. Há uma semana fez muito barulho uma carta que o cardeal Luis Ladaria, prefeito do ex-Santo Ofício, escreveu aos bispos estadunidense que queriam intervir para garantir que a Biden fosse negada a comunhão por ter se declarado pró-escolha sobre a questão do aborto, ou seja, a favor de uma livre decisão das mulheres. Ladaria escreveu que não existe apenas o problema do aborto e que, portanto, é preciso diálogo, construção e não fechamentos. Trata-se de uma intervenção importante, inusual e, portanto, mais significativa e que testemunha a vontade papal de ir ao encontro do presidente sobre um tema delicado para os católicos.

 

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