23 Julho 2020
O secretário-geral do Comitê Superior da Fraternidade Humana (HCHF) e consultor especial do Conselho Muçulmano de Anciãos, o juiz Mohamad Abdel Salam, apoiou, formalmente, o pedido do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) para que o governo turco reveja a decisão unilateral de converter Hagia Sophia numa mesquita.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Hagia Sophia foi construída há 1500 anos como uma catedral ortodoxa. Após a conquista otomana em 1453, ela foi convertida numa mesquita, mas tornou-se, em 1934, um museu, declarado patrimônio do Unesco.
“O HCHF pede a todos que evitem qualquer passo que possa prejudicar o diálogo inter-religioso e a comunicação intercultural, e que possa criar tensões e ódio entre os seguidores de diferentes religiões, confirmando a necessidade da humanidade priorizar os valores da coexistência”, declarou Abdel Salam ao secretário-geral do CMI, reverendo prof. Ioan Sauca.
Em 11 de julho passado, Sauca dirigiu-se ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, manifestando “tristeza e consternação” pela transformação do museu em mesquita. Argumentou que Hagia Sophia tem sido um lugar de abertura, encontro e inspiração para pessoas de todas as nações e religiões”.
Também o diretor da Fundação Muçulmana do Oriente Médio em Genebra, membro fundador e vice-presidente do Apelo Espiritual na cidade suíça, Hafid Ouardiri, expressou “total apoio” à carta de Sauca ao presidente turco. “Como muçulmano, como muitos outros ao redor do mundo, oramos para que Hagia Sophia, que amamos de todo o coração, continue sendo o que ela sempre foi desde 1934, ou seja, uma encruzilhada de conhecimento, de luz, sabedoria e paz para toda a humanidade”, afirmou.
Sauca, segundo o serviço de imprensa do CMI, ficou surpreso e agradecido pelas reações generalizadas de solidariedade e apoio à sua manifestação, tanto de parte de muçulmanos como da mídia. “Muçulmanos e cristãos viveram lado a lado ao longo da história no Oriente Médio e, com base na afirmação comum do amor de Deus e do próximo, encontraram formas de convivência, cooperação e apoio mútuo”, disse o líder cristão.
Ele lembrou que o diálogo inter-religioso entre cristãos e muçulmanos soma quase 50 anos e que, nesses tempos, ele é muito necessário e precisa ser aprofundado. “Estou orgulhoso e encorajado por ver os sinais de apoio e solidariedade expressos por nossos parceiros e amigos muçulmanos”, o que prova, continuou, “que nosso diálogo é profundo e genuíno. Juntos poderíamos realizar o sonho de construir um mundo pacífico no qual as pessoas e as religiões se respeitem e se apoiem”.
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Líderes muçulmanos apoiam pedido do CMI enviado ao presidente turco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU