29 Outubro 2025
"Esse processo continua, portanto, mantendo o diálogo entre os movimentos e a Igreja, buscando acima de tudo fortalecer as relações com as igrejas locais: dos movimentos da Europa, chega a proposta às Conferências Episcopais para dar seguimento às palavras do Papa Prevost ('Estou convosco!', disse ele na audiência de quinta-feira) e indicar um bispo para acompanhar as relações com os movimentos", escreve Luca Kocci, jornalista, em artigo publicado por Il Manifesto, 25-10-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
"Organizar a esperança" construindo uma aliança global "contra a exclusão". Esse é o título da declaração final e do programa de trabalho definido na conclusão do V Encontro Mundial dos Movimentos Populares (EMMP).
A iniciativa terminou no sábado no Spin Time, em Roma, um prédio ocupado que abriga 400 pessoas de 25 nacionalidades, uma "comunidade de luta, esperança e fraternidade", como descreveu o Padre Mattia Ferrari, coordenador do comitê político do EMMP. Durante quatro dias, o Spin Tome, juntamente com a Sala Paulo VI do Vaticano, onde o Papa Leão XIV recebeu os movimentos na quinta-feira, foi a ágora onde 180 delegados e delgadas de 26 países do mundo elaboraram práticas e estratégias de luta por um mundo mais justo e equitativo, guiados pelos 3Ts indicados pelo Papa Francisco nos encontros anteriores, a partir do primeiro em 2014: terra, teto, trabalho.
Esse processo continua, portanto, mantendo o diálogo entre os movimentos e a Igreja, buscando acima de tudo fortalecer as relações com as igrejas locais: dos movimentos da Europa, chega a proposta às Conferências Episcopais para dar seguimento às palavras do Papa Prevost ("Estou convosco!", disse ele na audiência de quinta-feira) e indicar um bispo para acompanhar as relações com os movimentos. O missionário comboniano Alex Zanotelli pede que o delegado seja regional ou diocesano, em vez de nacional, para promover relações mais eficazes nos territórios. Mas o objetivo de construir alianças é compartilhado em todos os níveis, para evitar a doença do "individualismo comunitário": é necessário, como afirma a declaração final, "consolidar nossos movimentos, organizações populares e sindicatos", mas também "criar redes de organizações, comunidades de comunidades, redes de redes".
Uma aliança global necessária, porque os problemas são globais, "em um mundo fragmentado, ferido pela violência, pela injustiça e pelo desprezo pela dignidade humana". Começando pela guerra: "mais de 50 conflitos armados ativos". Além disso, "desigualdades econômicas" cada vez mais macroscópicas. A erosão dos direitos trabalhistas mais básicos, devido ao aumento progressivo de trabalhadores "informais" (60% no mundo, 80% em alguns países do Sul), "desprovidos de direitos e proteção social". Políticas criminosas dos Estados contra os migrantes: no ano passado, "mais de 2.500 migrantes morreram ou desapareceram na tentativa de atravessar o Mediterrâneo, fugindo de guerra, fome e desespero". E também "milhões de sem-teto", a devastação do meio ambiente que afeta especialmente os mais pobres, "a exploração extrativista de minerais necessários para as novas tecnologias e os armamentos", "a violência machista contra as mulheres", "o direito universal à saúde" sistematicamente negado.
Uma análise rigorosa que indica aos movimentos a necessidade de "se engajar em ações estruturais, econômicas e políticas que nos unam". A declaração final destaca algumas áreas gerais de intervenção: mobilizações contra "guerras e genocídio", cancelamento da dívida externa, campanhas para "acabar com a violência contra as mulheres", "defesa da democracia das elites econômicas e dos plutocratas", direitos dos migrantes e refugiados, crise ecológica, "redução da jornada de trabalho e salário mínimo universal", direito à educação. Esses temas serão aprofundados no documento final do Encontro Mundial dos Movimentos, em fase elaboração com base no que foi produzido nesses dias pelas mesas temáticas sobre os 3Ts e pelos grupos nos cinco continentes.
E que, acima de tudo, serão traduzidos em estratégias e ações "que partam das exigências, das histórias e das realidades locais e depois deem origem a campanhas regionais e nacionais capazes de influenciar as estruturas e os sistemas desumanos". Após o encontro, o começa no domingo o Jubileu dos Movimentos Populares, com uma visita ao túmulo do Papa Francisco em Santa Maria Maggiore e, em seguida, a passagem pela Porta Santa. No domingo, a missa na Basílica de São Pedro será presidida pelo Papa Prevost, juntamente com as equipes sinodais e os organismos participativos da Igreja Católica.
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